EU

EU

I

Tem origem, meu destino,

lá pras bandas do Nordeste,

bem na tromba, no Alto-Oeste

do sertão potiguarino.

Eu nasci e fui menino

lá em solo pau-ferrense;

cresci feito um natalense.

E, ao chegar à meia idade,

vim tentar afinidade

com o chão brasiliense.

II

Fim da década de quarenta,

por meus pais, eu fui gerado.

Todo amor por eles dado

minha vida, ainda, alenta.

Já passando dos cinquenta,

estou bem alicerçado.

Pelos atos do passado,

eu construo o meu presente:

do bem, eu faço a semente;

e do mal, joio queimado.

III

Tenho Deus por Pai fraterno

e Jesus, por refeição.

Tenho a fé por corrimão,

o meu lar é sempiterno;

e com ele tenho eterno

compromisso, dando amor.

Também podem me compor

o trabalho, a oração,

amizade e diversão,

qualquer obra de valor.

IV

Quando eu sempre me procuro

só em mim é que eu me acho.

Não sou bicha nem sou macho,

sou um homem que me aturo.

Não sou santo nem sou puro,

sou um pecador contido;

minha vida tem sentido

neste ser, no qual me achei,

sendo um ser que tem por lei,

como gente, ser mantido.

V

Meu espelho não me assusta

nem deforma minha imagem;

o que eu vejo é a dublagem

de um ser que vive e se ajusta;

pois, me vendo, isso me custa

um exame consciente;

então, rego o meu presente

com o bem do meu passado;

assim, fico concentrado

num futuro mais decente.

/tjfl

Tarcísio Fernandes Pauferrense
Enviado por Tarcísio Fernandes Pauferrense em 24/01/2017
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