A voz do trovador.

Uma voz entrecortada

Eu ouvi de um trovador

Ele não dizia nada

Mas perdera o seu amor

Com a voz amargurada

Ele expunha a sua dor.

Ao lembrar da sua amada

O seu coração doía

Uma dor descontrolada

Que de amor não entendia

E estando amordaçada

Por amor também sofria.

Em um grito de amor

Que ficou preso no peito

Reclamava o trovador

Se Deus fez está bem feito

Mas se me fez sofredor

Reclamar não é defeito.

Via o tempo passar

Sem olhar o movimento

A saudade a torturar

Sempre a todo momento

Sem coragem de gritar

Sufocava o pensamento.

Seu pensamento girava

Numa roda de saudade

Assim nunca descansava

E não via uma verdade

Que o chão onde pisava

Era o chão da mocidade.

No seu tempo de rapaz

Teve outra namorada

De amar não foi capaz

Nunca teve uma morada

Ao pensar no que apraz

Fez no tempo a sua estrada.

Viu o tempo à sua frente

Porém nunca o alcançou

Foi um pouco displicente

Naquilo que laborou

Nunca foi eficiente

Em mostrar que já amou.

Fez da sua companheira

Simplesmente uma mulher

Ela não foi a primeira

Para ele uma qualquer

Porém foi a derradeira

Porque outra não lhe quer.

Ai viver nessa amargura

Sente o peso do passado

A consciência o tortura

E o faz desesperado

Vê a sua casa escura

Sem passar pro outro lado.

Para que serve a voz?

Ele um dia perguntou

Via a sorte sempre atroz

Porém dela não cuidou

De si mesmo foi algoz

A si mesmo condenou.

Ao ouvir o seu lamento

Sua voz lhe recrimina

Não importa o sofrimento

A dor sempre nos ensina

Que o poder do pensamento

É a força que domina.

Então disse o trovador

Vou sair pra caminhar

Em qualquer lugar que eu for

Vou cantar para alegrar

Se houver alguma dor

Vou tentar amenizar.

Assim foi o trovador

Caminhando pela estrada

Ora era um viajor

Dando início à caminhada

Outra hora era o cantor

Pra cantar canção rimada.

Encontrou sua mulher

Na barranca de um rio

Perguntou se ela quer

Deixar o olhar vazio

Vai fazer o que puder

Pra não ter o lar sombrio.

A mulher disse que não

Sofreu o suficiente

E mostrou a sua mão

Com a pele diferente

E com marcas de sabão

Sangrando abundantemente.

Disse ela ao trovador

Sobre a resposta que dera

O que fiz foi por amor

Mesmo sendo uma quimera

Você foi meu grande amor

Mas a morte me espera.

E morreu nesse momento

Dando adeus ao trovador

Que falhou no juramento

De curar tão grande dor

Mas ganhou conhecimento

Sobre o verdadeiro amor.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 12/01/2017
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