A ACADEMIA DE CORDEL DO VALE DO PARAÍBA RUMO A EUROPA

Numa ousadia poética

A Academia irá

Numa turnê à Europa

Para em rima demonstrar

Pondo a poesia a prova

Cordelando suas trovas

Pra nossa arte mostrar.

Pela antiguidade clássica

Nós iremos passear

Rever a greco-romana

Forma de se literar

Com Homero em Odisseia

Cantar Ilíada à plateia

Neste belo aventurar.

Iremos desafiar

Dentre as tantas ações

Pra surpreender os tais

D’Os Lusíadas de Camões

Embeber as lusitanas

Versando nossas campanas

Com Euclides d’Os Sertões.

Também faremos menções

A Graciliano Ramos

Expressando as Vidas Secas

Da terra que nós amamos

Mostrar rimador com Fé

Patativa do Assaré

Cantando em galho e ramos.

Nesse plano inda traçamos

Mais um baião bem tocado

Luiz Gonzaga cantando

Açum Preto engaiolado

Que canta triste sem ver

Na prisão do soeu viver

Pelos seus olhos furados.

Levantar voo inspirados

Pelo voo da Asa Branca

Num vai e volta saudoso

Quando a seca se alavanca

Ou quando o céu se destranca

Num invernar glamoroso.

Vê William Shakespeare

Na lírica do amor mostrar

Que Romeu e Julieta

Ante a José de Alencar

Parelha a apaixonante

Iracema a delirante

Índia morrer de amar.

E nesse cheiro poético

Iremos dialogar

Leandro Gomes de Barros

Com seu cordel de encantar

Com o Príncipe dos poetas

Manoel Xudu que é profeta

Da poesia sem par.

Relembrar e remeter

Verso e rima a galopar

Ivanildo Vila Nova

Outro poeta a cantar

Como Otacílio Batista

Fazendo esteira na pista

Num galope a beira mar.

Pra outro herói enfrentar

Cantamos mais adiante

Dom Quixote de La Mancha

Que viu Miguel de Cervantes

Provar que Erico Veríssimo

Escreveu num grau altíssimo

O Tempo e o Vento avante.

Mostrar José Lins do Rego

Com sua grande bravura

Escrevendo Os Cangaceiros

Homens de coragem pura

Vendo onde o grego se apoia

Na sua Guerra de Tróia

No cavalo em grande altura.

Que um Menino de Engenho

Doidinho é conhecedor

Aprendeu de Itabaiana

À Pilar num Corredor

Nas margens do Paraíba

Sabendo de baixo a riba

Da vida seja o que for.

Que Machado de Assis

Em Dom Casmurro ensina

Guardar as Memórias Póstumas

De Brás Cubas e determina

Que o Brasil escreve forte

Literatura de porte

Elevando a auto estima.

Frente a Dante Alighieri

Numa Divina Comédia

Até Fernando Pessoa

Com Mensagens que acédia

Guimarães Rosas alameda

Com Grandes Sertões Veredas

Tomando a frente e as rédeas.

Se precisar bateremos

A chamar Mário de Andrade

Pra mostrar Macunaíma

Nos segredos da equidade

Manoel Bandeira é passagem

Pra soltar Libertinagem

Com força e severidade.

E sem mexer nas Memórias

De um Sargento de Milícia

Guardadas por Manuel

Antonio de Almeida em Lícia

Mostraremos na trincheira

Não somos de brincadeira

Pode fazer a perícia.

E lá no solo estrangeiro

Não chegaremos a sós

Porque quem passou n’O Quinze

Que viu Raquel de Queiroz

É povo forte e guerreiro

O poeta brasileiro

Voa como um albatroz.

Thiago Alves

A Arte de Thiago Alves
Enviado por A Arte de Thiago Alves em 05/01/2017
Código do texto: T5872367
Classificação de conteúdo: seguro