Oceano

Não tenho medo da frustração

das tristezas falo bem

aprendi então contá-las

sem muito nhém-nhém-nhém

o que sofro ou o que passo

nenhum homem sabe e vem

com flores murchas sem perfumes

só espinhos que ele que tem!

Falar apenas coisas boas

tira da poesia a essência

dos sofrimentos que nasceram

da mais linda consciência

a solidez das poesias

de fragilidade permanência

do néctar a seiva que transforma

e que mudam a tenência.

Abraçar sem conhecer

beijar sem rosto existir

nas tristezas e alegrias

em tempo certo hão de vir

e quando tudo terminar

quando tudo então fluir

o bom homem que sabe ter

o melhor da vida, o existir,

não é passando o doce mel

nas mentiras que possuir

que faremos da poesia

o bom homem emergir

mas mandando um papo certo

que poderemos refletir

na mente dura amolecendo

nas tristezas do partir.

Ser frustrado ou mal amado

não condiz ser triste ao leu

tudo que passa pela alma

é pertinente como o fel

que sem ele não haveria

nem as estrelas lá no céu

seria tão mais coerente

enxergar além do véu.

Desaguando em poucos rios

mudamos um curso de lugar

não é apenas sob os gritos

que posso o amor sim declarar

se nos silêncios que me fazem

ouço os gritos parear

junto àqueles que sabem bem

que sofrer não é parar

e mandando alguns versos

recheados de amparar

posso buscar no mais profundo

dos abismos, o clarear!

E assim vamos vivendo

sem ninguém nada temer

não é levando minha cruz

que deixarei de perecer

quando pereço sei que lá

nas entrelinhas do viver

posso cantar a melhor música

sem ao menos ninguém ver!

Quando vemos na superfície

não sabemos "que lá do fundo"

o oceano é muito lindo

mas no abismo mora um mundo!

Daniel Cezário
Enviado por Daniel Cezário em 28/12/2016
Reeditado em 28/12/2016
Código do texto: T5865458
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