PELOS PÉS

O tempo rugia nos ouvidos dela, pois os olhos nada enxergavam dessa fera na escuridão daquele buraco. Sentia a vida esvair-se a cada segundo, assim como a sanidade das que com ela estavam presas.

As conversas se resumiam a gritos de desespero que saiam de suas gargantas e batiam severamente nas paredes de concreto, ecoando ainda mais vorazes.

Criaturas da escuridão, amarradas umas as outras, pelos pés, sem ousarem se tocar. Foram vítimas da noite que pensavam dominar. Perdidas; agora em outra escuridão, condenadas a padecer livres de toques e de olhares, apenas ouvindo umas as outras, quase nunca percebidas pelos que estavam no chão de cima.

Domero
Enviado por Domero em 27/04/2017
Código do texto: T5983133
Classificação de conteúdo: seguro