Uma nova era (recomeçar sempre)

Fiquei reclusa por algum tempo, para me restabelecer dos ferimentos que teimavam e não fechar, foram dias de tormento, acreditem, visões quase insuportaveis, mesmo para um ser como eu, criado das trevas, a fúria me invadia, o desejo de matar, era constante, por isso me mantive trancafiada, previsava encontrar novamente meu equilibrio, e nisso lembrei, o quanto mal o sangue de um demonio possuia, era assustador mesmo pra mim, temia pelo mal que podia causar a aqueles que me acompanhavam, afinal confiavam em mim, e fazia questão de manter a paz em minhas terras, já havia visto muita guerra em minha existencia, e estava cansada disso.

Me preocupava demais com o Anjo tambem, na floresta, mas sabia que estava seguro, pois havia entregue a ele Drako, o guardião da floresta, e parecia que tinham se entendido bem, pois Drako, jamais havia deixado outro ser montar e voar com ele, e esse pensamento me trazia uma certa paz, que muito não sentia, e isso de certa forma, me alimentava para meu equilibrio.

Resolvi sair de meus aposentos, já era noite, tudo estava calmo, o silêncio em minha mansão demonstrava isso, fui ate a sala principal, e todos estavam la, conversando, fiquei feliz por ver que tudo estava em paz, meu conselheiro se aproximou, e me informou de tudo que ocorreu nos ultimos dias e que todas as reuniões foram adiadas ate meu restabelecimento, mas não havia nada de urgencia para resolver, eram apenas prestaçoes de contas de minhas terras mesmo, cumprimentei a todos, com certa alegria, a paz ainda reinava em minhas terras.

Depois de algum tempo de conversas, me afastei, e fui respirar um pouco de ar fresco, fui para a floresta, onde encontrava minha paz, entre os seres mágicos que habitavam, Drako veio a meu encontro, como sempre, adorava a cia dele, era um lindo animal, e vi, que de certa forma ele estava diferente, parecia realmente mais ligado ao anjo, e gostei do que vi, sabia que ele tinha cuidado bem de nosso hospede especial, e que tudo estava bem na floresta.

Mas ainda me questionava sobre uma coisa, saberia o anjo, quem realmente eu era? Isso eu não sabia, pois pedi a todos que ocultassem a verdade dele, talvez fosse embora, se descobrisse que estava alojado nas terras de uma vampira, poderia achar que corria mais risco que o necessario, esse era meu medo, e na verdade não sei porque me preocupava tanto com isso, porque sabia que cedo ou tarde ele iria partir, encontraria seu equilibrio, estaria mais forte e recuperado, e não era um prisioneiro em minhas terras, e ele sabia disso.

Aliás, sentia a presença dele ainda na floresta, tudo parecia mais calmo, depois da presença dele, os animais estavam mais tranquilos, notava isso, apesar das sombras da noite, Drako alçou voo, ele não gostava de ficar parado e fiquei algum tempo a admirar aquela fera pelo ar, a sua liberdade era linda de se ver, e logo ele sumiu entre o horizonte e as arvores.

Me encaminhei para o lago então, onde calmamente unicornios, pastava e aproveitavam a agua, me sentei sobre a pedra, admirando cada detalhe disso, e agradeci por ainda estar viva e poder presenciar tudo isso, então pensei por quantas vezes desejei a morte, por todo mal que eu fiz, pelas dores que carrego em minha alma, pelo sangue de inocentes que tenho marcados em minha alma, me senti triste, pelas lembranças que me voltavam, o preço da imortalidade, da soberania, nem sempre era facil.

Me lembrei de momentos felizes tambem, embora fossem poucos, em tantos anos de existencia, amigos que nunca mais encontrei, só pedia para que estivessem bem nas terras que abandonei, e não pretendia mais voltar, não queria lembrar, uma coisa que fiz de tudo para esquecer, um mundo que não mais me pertencia e me trazia mais dor que felicidade.

Tentei me concentrar novamente em mim, no presente, sabia que apesar de ter me recuperado o veneno em meu corpo ainda existia, e precisava me vigiar sobre isso, para que pensamentos negativos não se apoderassem de mim.

Voltei a me concentrar naquele momento, nos animais que tinha dadiva de ver e sentir, ate os centaruos se aproximaram, me cumprimentaram, me encantava com eles, não eram animais, mas seres evoluidos, protetores da floresta tambem, me ajudavam nessa tarefa, de manter a segurança, fiquei feliz em ve-los, em paz, tranquilos, as horas passavam lentamente, e aproveitava cada segundo para reavivar a magia em mim, encontrar a paz era tudo que precisava agora, conversei algum tempo com eles, me informaram sobre as redondezas, que tudo estava em ordem, e que os seres malignos haviam se afastado da floresta, e que nenhum de nos corriamos riscos, e fiquei feliz em saber, pois essa floresta era abençoada pelos Deuses, berço das mais belas especies, e isso me deixava feliz.

Passei horas na companhia desses seres, mas logo precisaria ir, pois estava em minha forma mais rude, de vampira, minha verdadeira essencia, e não desejaria que o anjo me encontrasse assim, poderia se decepcionar, por saber que havia o enganado, o que na verdade não enganei, apenas omiti algo que achei necessario não saber, apenas pedi para que continuassem a proteger a floresta, pois ela pertencia a todos, e deveriamos cuidar dela, como nossa casa, nosso lar, e que a paz estivesse sempre presente.

E assim, alcei voo, para as montanhas mais altas, de onde fiquei a admirar, todo aquele mundo, ao qual pertencia, e não saberia mais viver longe dali.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 22/03/2017
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