NA TESTA
Crescera superficial, pregando tudo de bonito na testa.
Estavam eles admirando o que de belo lhes mostravam, quando o menino decidiu que aquilo servia para si. Pegou, pregou, sentiu; não era sangue o que escorria dos ferimentos.
Vai, menino. Andando, a ver o que eles lhe mostravam: viu peles, máscaras de expressões congeladas, com vários adornos, e gemidos que vinham de baixo do piso de concreto.
Curioso esse menino, com todos aqueles adornos pendurados na testa; a dor nem mais sentia, mas o falso-sangue ainda pingava pelo cinza daquela rua.
Abaixou-se para escutar mais de perto aquele som abafado; ouviu; levantou-se depressa e continuou andando pelo asfalto ríspido. Não queria parecer diferente. Não seria bonito.
Cresceu superficial, pregando tudo de bonito na testa.