NA TESTA

Crescera superficial, pregando tudo de bonito na testa.

Estavam eles admirando o que de belo lhes mostravam, quando o menino decidiu que aquilo servia para si. Pegou, pregou, sentiu; não era sangue o que escorria dos ferimentos.

Vai, menino. Andando, a ver o que eles lhe mostravam: viu peles, máscaras de expressões congeladas, com vários adornos, e gemidos que vinham de baixo do piso de concreto.

Curioso esse menino, com todos aqueles adornos pendurados na testa; a dor nem mais sentia, mas o falso-sangue ainda pingava pelo cinza daquela rua.

Abaixou-se para escutar mais de perto aquele som abafado; ouviu; levantou-se depressa e continuou andando pelo asfalto ríspido. Não queria parecer diferente. Não seria bonito.

Cresceu superficial, pregando tudo de bonito na testa.

Domero
Enviado por Domero em 17/03/2017
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