Os Segredos da Rua Baker 3: 4- Uniões

Ao sair do prédio Irene corre até o beco mais próximo para vomitar. Segundos depois, ela escuta uma voz gritando por seu nome, Irene olha ao redor e vê Lilian do outro lado da rua, vestida com jaleco branco.

-IRENE... Minha filha...

Ela franze o cenho sem entender o motivo dos gritos e da roupa. Estaria ajudando Diana em algo?

Caminhou em direção à mãe, atravessando a rua sem olhar para os lados, na verdade a voz de Lilian era tudo que conseguia ouvir. Quando se deu conta havia um carro a toda velocidade em sua direção, ela não conseguia se mexer, tudo que conseguiu foi colocar os braços desesperadamente na frente do rosto, então em um pulo sentou na cama. Ela estava em seu quarto na 221B. Ofegante, suada e confusa.

-Como eu cheguei aqui?

Era seis da manhã do dia seguinte. O que ela fez depois da conversa com o Mycroft? O que ela fez depois de vomitar e vê Lilian? Isso ela não sabia dizer.

***

Na casa do Mycroft estava acontecendo uma reunião de família, com quase todos os membros. Diana foi quem insistiu por esse encontro, junto com ela também estava Alex; depois de muita relutância Sherlock decidiu aparecer.

A discussão estava acalorada sobre a Irene possivelmente estar caindo nas armadilhas do Sigerson.

-Por que não quer fazer nada a respeito, pai? – Perguntou Diana.

-Irene tem de enfrentar os próprios demônios. A escolha é dela.

-Ela não está enfrentando e sim se juntando a ele. Não foi isso que tentamos impedir por todos esses anos?

-Eu como último membro a entrar nessa família – começou Alex-, descobri juntamente com a Irene a verdade sobre esse Sigerson e o passado de vocês. Posso garantir que a Irene não é minha pessoa favorita, mas tenho de admitir sua grande capacidade intelectual. Ela não é alguém de agir impulsivamente, ainda mais para enfrentar um homem como o Sigerson. Acredito que a estão subestimando.

-Você a viu Alex! Minha irmã mal me olhava, ele está fazendo algo com a mente dela.

-Sim, ele a está ajudando a recuperar a memória.

-Como é? – Perguntou Sherlock.

-Pai, a Irene está à mercê desse homem. Nós temos de fazer algo. Sabe-se lá o que ele está injetando nela com a desculpa de ajudar a trazer essas memórias.

-Você realmente acha que sua irmã nos ouviria?

-Ela escuta o Mycroft.

-No passado sim, sobrinha querida, mas não depois de tudo.

-Gente, vocês fizeram o necessário quando ela era uma criança, Irene é adulta agora.

-Eu já sei o que fazer. – Disse Mycroft.

-O que? – Perguntou Diana. Mycroft saiu sem dá qualquer explicação ou pista sobre seu plano de afastar Irene do Sigerson. Quase no mesmo instante uma mensagem chega ao celular da Alex que se despediu deixando o local rapidamente. – Não vai mesmo fazer nada, pai?

-Não tem nada a ser feito.

-Vá visita-la e veja com seus próprios olhos. Só lembre-se, Sherlock, você é o pai dela e depois de tantos anos longe deveria começar a agir como tal.

Diana voltou para o laboratório, ela se sentia extremamente cansada de tudo isso e dessa família. Se não fosse o problema do Sean, chamaria o marido para fazer uma longa viagem.

Oh, a quem estou tentando enganar? Nunca deixaria minha irmã sozinha em uma hora dessas. Ela precisa de mim mesmo não admitindo. Pensou.

Em alguma esquina de Londres um carro preto parou baixando o vidro logo em seguida.

-Desde quando você fuma? – Perguntou Alex apontando para o cigarro na mão da prima.

-Eu não fumo, – Irene puxou a manga da jaqueta, havia várias marcas de queimaduras. -, estou tentando ter certeza de que estou acordada.

-Isso não é um sonho, Irene. Entre, nós precisamos conversar.

-Não trouxe o que lhe pedi? – Perguntou quando já se encontrava dentro do veículo que começou a andar.

-Acabei de participar de uma reunião de família com o Mycroft, Diana e Sherlock.

-Sério?

-Eles estão preocupados Irene. E o Mycroft diz já ter um plano. Você deve ficar alerta.

-Não tenho condições de ficar alerta, Alex. Eu preciso do John.

-Sim, você me garantiu que ele já estaria ao seu lado por agora.

-Ele já deveria ter me ligado para algum caso. Vou ter de forçar o próximo encontro.

-Tem certeza que irá te ajudar?

-Sim. Você trouxe ou não?

-Lembre-se que eu não sou seu fornecedor. Aqui – ela entregou algumas ampolas -, tem de ter cuidado no manuseio, pois são bastante fortes.

-Assim vou pensar que se preocupa comigo, prima querida.

-Eu não estou brincando, Irene. Por que não fala com o Mycorft e a Diana? Eles podem ajudar. Esse homem tem condições de acabar te matando.

-Estou ciente disso, Alex. –Ela tenta controlar sua respiração, não se sente bem. -Essa doença do Mycroft o deixa vulnerável, não posso correr o risco de ele acabar falando mais do que deve. E não quero ouvir sobre a Diana. Pare aqui, eu faço o restante do caminho a pé.

-Você está bem?

-Isso importa? – Alex não responde. – Eu estou bem. Até mais, Alex.

Ao entrar em casa, Irene vê seu pai a sua espera. Sherlock estava sentado apreciando um chá quando a filha adentrou.

-Você está pálida e agitada. Há quanto tempo você não come?

-Eu não me lembro. – Ela ri com leve histeria. – Engraçado não é?

-O que?

-Lembranças... Estou recuperando antigas e esquecendo recentes. Esquecer é o fardo de lembrar.

-Irene, o Sigerson é perigoso. Ele pode estar te matando.

-Ele não está.

-Como sabe?

-Não sei, mas não está.

-Esse não era o nosso plano. - Sherlock coloca a xícara na mesinha.

-Esse não era o seu plano. – Irene sentou-se na frente dele, começou a esfregar o rosto com as mãos, impacientemente.

-O que ele te deu?

-Eu não sei. Nem quero. O que você está fazendo aqui? Sua presença pode destruir todo meu trabalho.

-Você tem de fingir para os outros, mas não para mim.

-Volte para a sua esposa!

-Irene, eu sou seu pai...

-Mesmo?

-Nem comece! Eu volto para minha casa se você me convencer de que a situação está sob controle.

Ela mostra um olhar firme e decidido.

-Você me contou tudo sobre o Sigerson, agora tem de confiar em mim. É tudo que tenho a dizer.

Irene foi para o quarto enquanto Sherlock pensava a respeito. Ele chegou a conclusão que seu serviço nessa história já estava feito e agora era a vez dela.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 02/10/2017
Código do texto: T6131314
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