Os crimes de Hércules. Décimo crime.

    Décimo crime.

   Medo e terror; essas eram as palavras que estavam estampadas na primeira página do principal jornal da cidade de Mor. A manchete dizia o seguinte: " MEDO E TERROR, ESTARÁ ARIEL MESMO PRESO? "  O artigo colocava em dúvida as circunstâncias da prisão de Hércules, no artigo, dizia que Apolo se utilizava da loucura de Ariel para limpar a cidade da Elite podre e corrupta que governava Mor.

   A cidade tentava seguir com sua normalidade, os vereadores empossaram provisoriamente o Vereador Hernanes como o prefeito interino, até que novas eleições fossem feitas, a justiça eleitoral determinou que deveria ter novas eleições para prefeitos e vereadores, diante aos últimos fatos ocorridos. A notícia caiu como uma bomba na câmara de vereadores, que não aceitaram a decisão. Nesse ínterim, uma verdadeira corrida frenética deu-se início o âmbito político de Mor, as campanhas eleitorais iniciavam com candidatos novos, pessoas da comunidade, mas que segundo diziam, eram fantoches dos verdadeiros mandatários do poder político de Mor. A cidade estava dividida, metade da população tinha o assassino como um justiceiro, aplaudiam-no por ele ter se revelado ainda mais audacioso e perspicaz. A outra metade da população estava temerosa, embora as vítimas fossem apenas pessoas ligadas a atos de corrupção, a população temia que o assassino não parasse somente aí, por se tratar de um psicopata, tudo seria possível.

   A equipe de criminalística da capital, solicitada pelo detetive Roberto semanas atrás, não poderiam vir devido ao grande número e acúmulo de trabalhos em andamento na capital. Agora tudo ficaria aos cuidados de Apolo e Roberto, eles teriam que solucionar o mistério todo sozinhos.

   Ariel continuava na carceragem de isolamento, ele não ficava com os demais presos, sua cela era separada, foi preparada para que o psiquiatra Neuzarã pudesse analisá-lo, e fazer um relatório da sanidade mental dele ante do julgamento. O psiquiatra havia marcado outra sessão com Ariel, dessa vez ela seria assistida por Apolo e Roberto, sem que Ariel os vissem.

   Segundo as análises do legista e do laboratório de Mor, a verdadeira causa morte das vítimas deu-se devido ao envenenamento, a mesma toxina encontrada nas primeiras vítimas eram as que foram detectadas nas três últimas mortes. Segundo o legista, a toxina, tem um efeito de paralisia completa do sistema nervoso antes da vítima entrar em óbito. Sendo assim, a maioria das vítimas viram seu algoz cometer suas atrocidades antes de morrer. No parecer do médico legista, o assassino se utiliza de métodos bizarros apenas como mera distração, uma disfunção de sua possível bipolaridade. Diante dos novos fatos, Apolo simplesmente calou-se, dizia não estar mais entendendo nada. Roberto tentava encontrar uma lógica em tudo o que já havia acontecido, havia muitos políticos envolvidos com propinas e esquemas de corrupção, se de fato o assassino for cumprir com o cronograma de sua macabra lógica de matar os corruptos, restam apenas mais três vítimas, todavia isso o impossibilitava de limpar a cidade dos corruptos como ele queria, haja vista, serem muitos os envolvidos com propinas. Alguma coisa ainda não se encaixava em tudo aquilo. Apolo e Roberto estavam na delegacia, em uma cela especial, acompanhavam o depoimento de Ariel.

   - Podemos começar Ariel? Você está sentindo-se bem hoje para falar? Perguntou o doutor.

   Ariel continuou de cabeça baixa, e assim permaneceu, demorou alguns segundos para responder.

   - Eu estou sempre pronto doutor, afinal, sou o semideus filho de Zeus.

   - Noto algo diferente em você Ariel, seu tom de voz, está diferente do da ultimas vez, o que houve? Porquê a mudança? Parece estar com raiva.

   - A festa está prestes a terminar doutor, os espectadores estão apostos, a platéia anseia o último espetáculo da noite, mas lembre-se doutor, a ordem dos fatores, jamais alterará o produto, jamais.

   Ariel começou a rir convulsivamente, e a cantar, o psiquiatra cancelou o resto da cessão imediatamente, era impossível continuar. Apolo e Roberto ficaram ainda mais confusos.

   - O que você está achando de tudo isso delegado, de repente nada mais faz sentido.

   - Isso tudo é um maldito pesadelo detetive, um maldito pesadelo, esse canalha deveria de morrer, isso sim.

   - Que ele é louco isso não resta dúvidas. E a história do irmão gêmeo dele, no que deu? Perguntou o detetive.

  - O cara tá limpo, é operário na capital, nem sabe das atrocidades do irmão.

   - Ou temos um novo assassino, ou, um discípulo muito aplicado como ele mesmo disse.

   - Melhor irmos embora meu caro, já é tarde detetive, estou cansado.

   - Também acho, vamos então, vou de carona com o senhor, se não se importar.

   - Por mim tudo bem.

   O dois saíram juntos, mas antes de entrarem no carro no estacionamento da delegacia, um dos policiais veio correndo, aos berros, pediu que os dois parecem. Apolo assustou-se, saiu do carro, já imaginando o que seria.

   - O que foi agora homem, desembucha logo.

   Disse o delegado irritado.

   - Outro corpo delegado, outro corpo, acabaram de ligar.

   - Como assim policial? Onde? Quem? Como?

   - Calma Apolo, tenha calma. Disse Roberto.

   - Por favor policial, explique-nos o que houve.

   - Ligaram ainda a pouco, disseram ouvir barulho de gritos vindos do nosso canil, geralmente não fica ninguém lá a noite, um dos policiais que fazia ronda foi ver o que era, os três pit bull, que estávamos treinando, soltaram-se, e adivinhe, o vereador Hernanes estava dentro do canil, os cães o estraçalhou delegado, cousa horrível de se ver.

  - Meu Deus, quando isso vai parar.

   - Outra noite em claro delegado, outra noite, melhor irmos até lá, onde fica o canil.

   - Próximo a casa da vítima, uns cinquenta metros, que a propósito, não fica muito longe daqui. O que você tem a me dizer sobre isso detetive. É outro trabalho, tem alguma relação com a sequência dos doze trabalhos de Hércules.

 - Sim, para dizer a verdade sim. Esse crime está relacionado ao 10º trabalho- A morte de Cérbero

(Elevação da personalidade) Hércules foi incumbido de trazer do inferno, o cão Cérbero, que guardava a entrada do mundo das profundezas. Hades, senhor do mundo inferior, autorizou Hércules a levar o cão, desde que o dominasse sem usar nenhuma arma, o que foi feito e, após mostrá-lo a Euristeus, devolveu-o às profundezas. O cão do inferno na mitologia grega tinha três cabeças. Por isso os três cães. O

trabalho está relacionado ao signo de capricórnio. O ser em consonância com o seu EU.

   O detetive e o delegado e o policial foram direto para cena do crime, enquanto outros policiais faziam buscas nas redondezas a fim de tentarem encontrar alguma pista.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 20/06/2017
Código do texto: T6032258
Classificação de conteúdo: seguro