Seguro de Morte

É madrugada na maior cidade do Brasil, uma forte chuva cai acompanhada de raios e trovões. Numa casa em um bairro na zona norte de São Paulo, uma mulher dorme profundamente em seu quarto, quando entra com passos leves e silenciosos um ser desconhecido.

-Não faça isto pelo amor de Deus! Ah! não. Por favor não. Socorro! Socorro!

Jesus Carlos Rocha Apresenta:

Seguro de Morte

Na manhã seguinte, Julia, a filha de Sandra a encontra ja sem vida.

-Mãe! meu Deus! Socorro!!!!!!!!!!!!

Em poucos instantes a casa fica cheia de vizinhos e curiosos, e Julia é levada para dar depoimento a policia sobre o terrível assassinato que sofrera sua mãe.

-Então Srta. Onde estava nesta madrugada?

Perguntou o delegado a jovem assustada

-Em casa, dormindo eu meu quarto.

-E não ouviu, nem viu nada de estranho?

-Não Senhor. Eu tenho o sono muito pesado.

-É possível isto? Sua mãe foi assassinada com golpes de arma branca no quarto ao lado do seu e a Srta. Não ouviu nada? Nem um grito, gemido ou algo parecido.

-Não senhor. eu juro que não.

Respondeu Julia bastante emocionada

-Diga-me Srta. Julia, quem mais morava com você e sua mãe na casa?

-Só nós duas, minha mãe estava separada do meu pai havia duas semanas, ele é muito ciumento, os dois brigavam muito e ele a agredia constantemente, ela não aguentou mais e mandou ele sair de casa.

-E ele saiu tranquilo?

-Sim, mais...

-Mais o que? Continue, devo lembra-la que não pode esconder nenhuma informação para policia, ou pode sair prejudicada por atrapalhar a investigação.

-Na noite em que saiu de casa, meu pai estava furioso, ameaçou a minha mãe varias vezes, dizendo que iria mata-la e que se ela não vivesse com ele, não iria viver com mais ninguém.

-E sua mãe não registrou Boletim de Ocorrência contra ele?

-Sim, na delegacia da mulher.

-E depois disso ele voltou a procura-la?

-Não senhor. Não que eu tenha visto.

-E a Srta; acredita que seu pai foi quem a assassinou?

Sem ter a resposta, o delegado insistiu:

-Responda-me Srta. Julia, acredita que seu mai matou sua mãe?

-Eu não sei, eu não sei, me deixa em paz, eu já disse tudo que sabia, por favor me deixa em paz.

Com o desespero de Julia, o delegado Alvaro, decidiu então encerrar o depoimento e liberar a garota. e no mesmo dia foi instaurado um inquérito contra seu pai Afonso, que com o depoimento da filha passou a ser o principal suspeito pelo assassinato de Sandra e a esta altura já estava foragido.

No dia seguinte, já havia sido concluído os procedimentos com relação ao corpo de Sandra: conclusões periciais, velório e sepultamento. Julia estava assistindo um jornal local quando viu uma notícia que dizia:

-Na madrugada da ultima terça feira, um homem invadiu a casa de sua ex mulher na zona norte de São Paulo a enfermeira Sandra Maria Alves de 47 anos e a matou com vários golpes de faca, a vítima não teve chance de defesa. A policia acredita em crime passional, já que a filha do casal contou a policia que o pai é um homem violento e que já teria agredido e ameaçado sua mãe de morte por várias vezes.

Vendo tal noticia, Julia ficou muito perturbada, pois a mesma sugeria que seu pai havia matado sua mãe e que já não mais restavam dúvidas a esta versão.

-Meu Deus! não pode ser, meu pai matou minha mãe, que horror!!!

A campanhia toca, e ao atender Julia se surpreende com a visita de Tania, uma amiga de Sandra que já não havia a vários meses.

-Querida! Eu sinto muito por sua mãe, eu gostava muito dela, éramos amigas, mais a distancia impediu que continuasse nos vendo, eu queria muito ter tido mais contato com ela, mais como eu fui transferida de cidade, acabou ficando difícil.

-Tudo bem! Eu entendo, minha mãe também gostava muito de você e sempre lamentava sua transferência, ela dizia que era sua melhor amiga no hospital.

Depois de um tempo conversando Tania despediu-se de Julia dizendo:

-Eu tenho que ir querida, mais se precisar de alguma coisa pode contar comigo, aqui esta meu numero do celular.

-Obrigada pelo carinho.

Minutos depois Chegou Priscila, melhor amiga de Julia.

-Oi amiga! Como está se sentindo hoje?

-Pior que que ontem e melhor do que a amanhã!

Respondeu Julia, chorando muito e abraçando a amiga.

Dias depois, Afonso foi preso, e a policia comunicou Julia imediatamente, que sem demora foi visitar o pai. E na prisão:

-Pai, por que você fez isto?

-Filha, eu não matei sua mãe, eu Juro por Deus filha.

-Na televisão disseram que você é o assassino, a policia não tem dúvidas pai.

-Tão dizendo isso porque eu e sua mãe brigávamos demais e eu tinha muito ciúme dela, mais não fui eu minha filha, acredita em mim.

-Eu não sei mais nada, parece que eu estou num pesadelo, eu não sei mais nada.

-Julia volta, me escuta, não fui eu, não fui eu.

O que ele não sabia é que o depoimento da filha foi decisivo para a sua prisão.

Os meses se passaram e Julia nunca mais visitou Afonso no presídio, passou a viver uma vida de luxo, com festas e namorados, nem quis mais saber de Thiago um rapaz trabalhador e responsável que sempre mostrou interesse em namora-la, até que um dia:

-Oi amiga!

-Oi Pri, quais as novidades?

-Nenhuma e você, tem alguma?

-A só que vai rolar uma parada na casa do Lucas

-Que parada Julia?

-A mesma de sempre Pri

-Você tem que parar com estas coisas Ju, você vai acabar se dando mau, estas pessoas com quem você esta se relacionando, não são legais.

-Ah falou a sabe tudo!

-Ju eu sei que você esta a sim por causa da sua mãe e tudo mais...só que...

-Ah nem começa Pri, cai fora.

-Ah para Julia o que é isso?

Julia expulsou Priscila de sua casa sem querer ouvir os conselhos da amiga.

Mais alguns dias depois, fora marcado a data do julgamento de Afonso, Julia estava dormindo em sua casa quando ouviu a campanhia.

-Marcelo, o que você esta fazendo aqui? E quem é esta desbotada?

-Esta é minha namorada Daiane e como assim, o que estou fazendo aqui? Esta é a casa dos nossos pais não é?

-Era dos nossos pais, agora é minha.

-Nossa minha irmã, nossa.

-O que é em Marcelo? Você se mandou para Espanha, nunca mais deu notícias, saiu brigado com a mãe, nem veio se despedir dela, agora chega reclamando seus direitos?

-Você sabe muito bem que eu não tinha condições financeiras para vir, e além do mais não daria tempo, só agora pode vir. Eu sai do emprego e voltei para o Brasil. E voltei pra ficar.

-Tá bom! Fazer o que? a casa também é sua né? Mais e essa ai?

-A Daiane vai ficar aqui comigo ela não tem família em São Paulo.

-Que seja, mais vocês trouxeram dinheiro as coisas não estão fáceis por aqui.

-Se liga Julia, eu sei que a mãe fez um seguro de vida pra nós e você já esta torrando toda a grana.

-Nossa! esta bem informado irmãozinho, sim a mãe fez um seguro, mais ainda não foi liberado.

-Com certeza, estou muito bem informado, o Advogado me ligou avisando da liberação do dinheiro, e disse também que só foram transferido 10% para sua conta, para você ir se mantendo até eu chegar.

-Pois é, aquele advogado miserável, tem que dar um jeito de liberar a grana toda.

-Vamos marcar uma reunião com ele pra resolvermos isto.

E assim o fizeram, procuraram o advogado e resolveram tal questão, passando a viver confortavelmente. Mais tudo estava muito estranho, obscuro, sombrio. Afonso jurava inocência, Julia afirmava que seu pai havia ameaçado Sandra de morte dias antes do crime, mais será que a menina antes delicada, estudiosa, escondia alguma coisa? afinal ela havia se transformado, interrompeu sua sincera amizade com Priscila, excluiu Thiago de sua vida e agora se tornará muito diferente, fútil, soberba, e já não mais ligava para os estudos.

“O julgamento de Afonso”

No julgamento de Afonso, Julia havia sido arrolada como testemunha, visto que seu depoimento foi incisivo e determinante para a prisão do pai como sendo o principal suspeito, contudo, a justiça de São Paulo havia designado um investigador para esclarecer melhor os fatos e dissipar as dúvidas que surgiram no correr do inquérito.

- Srta. Julia o que fazia na madrugada do dia 05 de Janeiro de 2016, momento este em que sua mãe a Sra. Sandra Maria Alves foi assassinada?

Perguntou o promotor designado para o caso.

-Estava dormindo em meu quarto.

-E a Srta. Não ouviu nem viu nada de estranho vindo do quarto de sua mãe?

-Sim, ouvi

-O que ouviu?

-Minha mãe gritando e pedindo socorro.

-E o que fez quando ouviu os gritos de sua mãe?

-Eu levantei-me e abri um pouco a porta do meu quarto?

-Explique este abri um pouco.

-Abri mais ou menos uns 5cm, o suficiente para enxergar o lado de fora

-E o que aconteceu em seguida?

-Mais ou menos uns 5 minutos depois dos gritos da minha mãe, eu vi meu pai sair do quarto ensanguentado e com uma faca na mão.

-Protesto meritíssimo!

Disse o advogado de defesa

- A testemunha esta contradizendo seu depoimento na data do crime.

-Protesto aceito:

Respondeu o Juiz

Neste momento houve uma grande agitação no auditório, que foi controlado logo em seguida.

-Filha, porque esta mentira?

Indagou Afonso.

-Não é mentira, o senhor sabe que não é.

Então levantou-se as dúvidas advindas em função do depoimento de Julia no dia do crime, em que ela negou ter visto e ouvido algo, mais ela se justificou dizendo que em seu primeiro depoimento estava muito confusa e não lembrava de nada do que havia acontecido. No entanto o advogado de defesa pediu a palavra e perguntou:

-E porque a Srta. não procurou a polícia para relatar novamente os fatos após lembrar-se subitamente do que havia acontecido?

-Porque eu tive medo de ser presa.

-Senhores jurados, está claro que a testemunha esta mentindo.

-Não estou mentindo. Eu juro que não.

Disse Julia Chorando. Após todos os depoimentos e argumentos, o Juiz ditou a sentença desfavorável a Afonso e o Julgamento foi encerrado.

-Julia

Ouviu Julia quando deixava o fórum aliviada pela condenação do pai.

-Sim, o que deseja?

-Sou Aurélio Duarte, investigador responsável pelo caso do seu Pai.

-Em que posso ajuda-lo?

-Quero me por a sua disposição caso decida dizer algo que não tenha dito no tribunal.

-Eu agradeço, mais eu não tenho nada a dizer. Tudo o que eu tinha pra falar eu falei.

-De qualquer forma fique com o meu cartão, se lembrar de algo por favor me procure!

-Tudo bem, mais acho que não vou lembrar de nada não.

Disse Julia com um sorriso debochado e se afastando do fórum, deixando o investigador muito intrigado.

No dia seguinte Marcelo estava em casa quando recebeu a visita de Inês.

-Bom dia! Você é o Marcelo filho da Sandra?

-Sim sou. E a senhora quem é?

-Inês amiga de sua mãe, trabalhávamos juntas no hospital regional.

-E em que posso ajuda-la?

-Olha Marcelo o que eu vim te dizer é muito delicado, mais acho que preciso dizer, a propósito sua irmã não esta em casa?

-Não. Ela saiu, foi fazer compras.

-Pois bem vou dizer a você, sua mãe e eu éramos confidentes, nos aproximamos mais depois que a Tania foi transferida.

-Sim, eu conheço a Tania.

-Pois então, o fato é que a Sandra se envolveu com o companheiro da Tania, e por causa disso vinha sendo ameaçada por ela.

-Não acredito, minha mãe amava meu pai!

-Acredite filho, é verdade, a Sandra estava muito decepcionada com as atitudes do Afonso, tanto que queria se divorciar dele, você sabe disso.

-Sim eu sei, mais isso não significa que ela tenha se envolvido com outro homem.

-Bem, você tem direito de não acreditar, mais saiba que a Sandra estava com muito medo da Tania, e também preocupada com o que ela podia fazer com a sua irmã, com relação a você ela estava tranquila, pois estava na Espanha.

-Mais a minha mãe contou do que exatamente a Tania a ameaçou?

-Sim, de morte. disse que iria mata-la se não se afastasse do Paulo, além disso a agrediu no Hospital, mais com certeza a Sandra escondeu isto da família.

-Coitada da minha mãe!

-Bem, preciso ir, eu estou aliviada por ter te contado, achei que vocês precisavam saber.

-Obrigado dona Inês!

-Passar bem Marcelo, fique com Deus!

Marcelo ficou bastante decepcionado com o que acabará de saber sobre sua mãe, pois até então, culpava somente o pai pelo triste fim do relacionamento dos dois, no entanto mais novidades estariam por vir, pois no mesmo dia os irmãos Marcelo e Julia receberam a visita de Aurélio, o investigador.

-O senhor aqui! E agora o que foi?

-Boa tarde! Srta. Julia

-Boa só se for pro senhor.

-Podemos conversar um pouco?

Neste momento aparece Marcelo que rapidamente tratou logo de saber o motivo da visita de Aurélio.

-Boa tarde Senhor Aurélio.

-Boa tarde Senhor Marcelo, eu vim porque tenho algumas perguntas

-Bem acho que esse papo é só entre vocês não é mesmo? Sendo assim já estou de saída.

Disse Julia.

-Não, não Srta. Julia, por favor fique, preciso conversar com os dois

Julia então sentou-se entediada.

-Então Senhor Investigador o que quer saber?

Perguntou Marcelo.

-Senhor Marcelo, pode me dizer porque não estava presente no velório e funeral da sua mãe?

-Pelo óbvio, eu estava morando na Espanha, não daria tempo de eu chegar, além do mais não tinha dinheiro para vir com urgência.

-Entendo, mais diga-me, porque o Senhor decidiu ir embora para outro pais, aconteceu algo que possa ter o motivado a esta decisão?

-Fui para trabalhar, um amigo me convidou para ir com ele, ja estava com tudo arranjado por lá, era um trabalho bom e bem remunerado.

-Um, só me responda uma ultima pergunta, porque o Senhor foi embora do Brasil brigado com a sua mãe?

-Como o Senhor sabe essa informação?

-Seu pai relatou isto em seu depoimento.

-Bem, não foi nada demais, apenas porque eu insistia muito pra ela separar do meu pai, ela sempre o defendia, então discutíamos muito, mais acho que esta informação não é relevante.

-Isso não sabemos, e a Srta. Julia, pode me esclarecer outras duvidas?

-Se não tenho outra opção, pode falar.

-A Srta faz uso de algum medicamento controlado?

-Porque esta me perguntando isto?

-Se não quiser, não precisa responder.

-Sim eu tomo um remédio diariamente.

-E pode me dizer pra que toma tal remédio.

-Pra...pra depressão.

-E o que a fez ter depressão?

-Sou obrigada a responder esta pergunta?

-Repito que não precisa responder se não achar que deve.

-Pois prefiro não responder, agora se não tem mais nada que queira saber investigador, peço sua licença para que eu possa sair.

-Sim fique a vontade, também já estou de saída, passar bem Srta. Julia, passar bem Senhor Marcelo.

Julia saiu logo depois que o investigador deixou sua casa, Daiane que estava ouvindo tudo escondida logo perguntou ao namorado:

-Será que esse investigador esta desconfiado de alguma coisa Marcelo?

-Cala a boca sua idiota, ninguém tá desconfiando de nada.

-Mais é que ele parecia muito seguro de saber algo , por um momento achei que iria mandar me chamar pra me interrogar também.

-Escuta aqui Daiane, ninguém pode saber que nós nos conhecemos pela internet e que só nos encontramos aqui em São Paulo tá entendendo? Todos precisam continuar pensando que nos conhecemos na Espanha

-Tá bom! Tá bom!

...E o mistério continua

Que segredos essa família esconde? Porque Marcelo e Daiane omitem o fato de terem se conhecido no Brasil e não na Espanha como fazem pensar, qual o real motivo da briga com sua mãe? e Julia porque teve depressão a ponto de ter que fazer uso de medicamentos fortes e de ter mudado tão radicalmente seu comportamento a ponto de se afastar de sua melhor amiga Priscila e de Thiago, o rapaz que demonstrava estar apaixonado por ela.

E Tania? será que ela não cumpriu a ameaça e matou Sandra por causa de seu envolvimento com Paulo? Ou terá sido Julia ou Marcelo? ambos teriam interesse em apressar o recebimento do dinheiro do seguro deixado pela mãe, ou Daiane afinal ela também se beneficiaria sendo namorada de um dos herdeiros, não podemos nos esquecer de Priscila, talvez ela soubesse do seguro e acreditasse na generosidade da amiga, o que as vezes parece pouco provável, pode se tornar assustadoramente real, sem falar em Thiago, pode ser que seu interesse por Julia não fosse paixão e sim dinheiro, sim pois se conseguisse conquistar Julia, teria uma namorada rica. Por fim, Inês, será que era realmente amiga de Sandra, ou amante de Afonso e quis tirar a rival do caminho.

(Não sejamos hipócritas, sabemos que no mundo existem pessoas capazes de tudo, absolutamente tudo por dinheiro)

O fato é que Afonso foi acusado, julgado e condenado pela morte da esposa.

Enfim a vida esta cheia de casos assim, estranhos, confusos e mau esclarecidos.

A já estava esquecendo. De sua opinião sobre quem seria, além de Afonso, o assassino nessa história.

JESUS CARLOS ROCHA
Enviado por JESUS CARLOS ROCHA em 06/04/2017
Código do texto: T5963583
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