Imagem Chanine J Clarke - Google
MULHER DE BRANCO
Eusébio era um rapaz tímido, 22 anos, classe média, estudante de arquitetura, morava no interior de São Paulo,
estava de férias da faculdade e do trabalho.
Esta estória se passou-se nos idos de 1975.
Decidira usufruir de um sonho que carregava consigo a anos, conhecer algumas cidades de Minas Gerais.
Fez as malas rumo à Tiradentes, uma pequena cidade mineira com um conjunto de belas construções histórias, de muitos monumentos tombados e igrejas maravilhosas.
Chegando lá não perdeu tempo, instalou-se numa pousada aconchegante que oferecia bons preços,comida mineira deliciosa, enfim muito confortável.
E já cedo, mochila pronta começou a esplorar os belos recantos da cidade.
Ficou muito impressionado com a Igreja Matriz de Santo Antonio, o Chafariz Santo André, Estação Ferroviária, praças,casarões, museus,ladeiras etc...
O povo muito hospitaleiro permitiu que Eusébio fizesse algumas amizades, entre eles José Antonio, um carioca que também alugara há muito um quarto na pousada e trabalhava no museu da cidade.
José Antonio acompanhou Eusébio por muitas ladeiras e ruelas mostrando-lhe as belezas do lugar.
Ficaram grandes amigos em poucos dias, saiam nos finais de semana para os famosos bailes na periferia (as opções de lazer na época eram poucas mas agradáveis).
Numa sexta-feira 13 resolveram, mesmo a contra gosto da dona da pensão que lhes dissera :"hoje os cristãos nao devem frequentar bailes nem sair de casa a noite pois os demônios andam a solta, o universo neste dia fica sem a proteção do Senhor, Belzebu toma conta do dia juntamente com seus asseclas."
Os jovens ouviram atentamente os conselhos da idosa mas mesmo assim saíram em direção a um salão de baile da periferia(o único que promovia bailes nesta dia).
Estas pessoas antigas ainda creem em certas lendas balbuciou José Antonio.
Eusébio sorriu e concordou com o amigo.
Chegaram.
Eram quase 22,30 horas (os bailes iniciam cedo e terminavam sempre perto das 24,00 horas - dormia-se cedo nas cidades do interior)
Escolheram uma mesa num canto do salão e pediram dois sambas (bebida na base de coca-cola, cachaça e limão com gelo).
Olharam em torno, o salão estava quase lotado, a balbúrdia e a música iniciavam.
- Vamos procurar uma moçoila para bailar sugeriu José Antonio.
- OK concordou Eusébio, já me deparei com uma loirinha bela e sorridente lá do outro lado do salão, aquela do vestido branco.
Levantaram-se e foram convidar as moças para dançar.
Ela é linda, jamais vi uma mulher tão encantadora pensava, a alvura do vestido combina com a palidez de su belo rosto.
Eusébio dançava feliz com Renata, este o nome da moça: Renata Ferreira de Assis, 19 anos.
Os rapazes convidaram-nas a fazer-lhes companhia na mesa o que foi aceito.
Dançaram por algumas horas mais e José Antonio pedindo desculpes alegou que deveria se retirar pois tinha um compromisso sério no museu no dia seguinte.
A parceira de baile acompanhou-o ao centro da cidade.
Eusébio propôs a Renata um passeio na noite, pelas ruelas tortuosas e ladeiras que tanto o encantavam, também precisavam ir para as suas moradias, eram quase meia-noite!
- OK concordou Renata, quero que conheças minha pensão, moro num quarto sozinha, estudo e trabalho , sou nascida aqui, fiquei órfã muito cedo e meus tios me amparam ajudando nos estudos e no aluguel.
A pensão era um casarão antigo de corredores longos, lustres negros e empoeirados, cortinas avermelhadas e escuras mas os quartos eram aconchegantes.
Chegando ao quarto ouviram o badalar dos sinos da catedral - 24 horas.
Renata ofereceu um café forte e amargo ao amigo que o sorveu numgole só.
Após alguns minutos Eusébio esclamou: Renata, foi um prazer conhecê-la, voltaremos a nos encontrar por aí, OK?
- Por favor Eusébio, dêm um abraço e um beijo de despedida.
- Mas de despedida? Quero vê-la novamente.
- Irás disse-lhe Renata num tom melancólico.
Abraçaram-se e beijaram-se...Eusébio sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo.
A moça de branco, proporcionou-lhe um encontro com uma personagem maravilhosa.
Quando Eusébio acordou na manhã seguinte estava deitado sobre uma lápide fria e acinzentada.
Atento olhou em torno, a cerração tomava conta do cemitério.
Na lápide as inscrições:
Aqui jaz RENATA FERREIRA DE ASSIS - SAUDADES -
13/06/1924 
31/08/1949