MORRER EM SILENCIO, NÃO!

MORRER EM SILENCIO, NÃO!

Perambulei por ruas, as quais não conhecia. Algo me dizia que eu estava perdido, mas não sabia para onde ir.
Na rua, em meio deserto, casas sem portas e janelas, apenas orelhas, ouvindo meus passos e tormentos.
Quanto mais eu caminhava, sem rumo, mais ruas se abriam. Não estava em um labirinto, pois nem mesmo, procurava uma saída. Tão pouco sabia como havia parado ali.
As casas em silencio obscuro observavam tudo e não expressavam nada.
Meus passos, ao passar do tempo, ecoavam mais intensos rebatidos as paredes das casas emudecidas.
Quando o coração ansiado clamava respostas, sentia em meu peito a vibração triste vinda do interior daquelas casas.
Neste momento dei-me conta de que não era eu quem estava sozinho, muito menos perdido, percebi que mesmo elas estando uma do lado da outra, orelha a orelha, estavam em estado de solidão, apenas ouvindo. E se apenas ouviam, nada escutavam, pois não conseguiam falar.
Perambulando, pelo desconhecido, nas ruas, as quais também não conhecia, sem saber se estava perdido ou não, se era eu uma casa ou um grão, rebatia aos ouvidos sensíveis daquele chão, vibração da vida pulsando em cada coração.
Continuei seguindo, sem rumo, apenas seguindo onde meu pensamento me levava. Nunca em silencio, descrevendo cada calçada, esquinas e praças.
Era tudo belo, porém sinistro, enfadonho caminhar sobre o tudo com sensação de nada. O que me movia era a busca incessante do conhecimento da alma e do homem. Era impulsionado pelo desejo encontrável de construir, casa a casa, suas janelas e portas, para que ao sentir o peso das tempestades ou conforto do nascer do sol, pudessem ecoar seus sentimentos e não morressem em silencio.
DuMoraes
Enviado por DuMoraes em 17/04/2017
Reeditado em 17/04/2017
Código do texto: T5973161
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