VAMP LOBI & FANTASMA - MINI CONTO EM HOMENAGEM AO 31/DTRL

Correntes se arrastavam e passos descompassados, invadiam a mente de Heron. No casarão maltratado pelo passar descuidado dos anos, o vazio de outras presenças provocava delírios acordados, naquele homem jovem e solitário. Acordava assustado até mesmo com ruído das cortinas ressecadas balançando ao vento e o crescer grudento, da hera pelos muros. Tudo que Heron não queria, era sentir de novo, aquela dor nos poros que há muitos anos o afastara do convívio das pessoas. Já se faziam distantes os anos em que a Lua cheia o influenciava,  brotando pelos dolorosamente em sua pele, fazendo com que ele sucumbisse ao forte desejo de carne viva e sangue.

Imagens translúcidas e cinzentas rondavam cada passo seu dentro da casa, gritos de dor lhe enchiam os ouvidos de sons que queria esquecer, mas, hoje estava difícil de resistir, o prateado do luar e a boca sedenta de corpo vivo, acelerava o crescimento de seus afiados caninos.

Heron, não se lembrava há quantos séculos tinha trinta anos, em quantos casarões já passara sua eterna vida, já perdera a conta de quantos corpos já dilacerara e de todo o sangue que em gozo saboreara. Sua sina começou num pesadelo, que ao acordar ainda menino, já não se reconhecia, se sentia diferente, com os sentidos muito alertas e o sangue frio, o tempo foi correndo a sua volta, as sombras e os fantasmas de suas vítimas eram suas constantes companhias. Só se incomodava com os gemidos e gritos de terror,  que não lhe saiam dos ouvidos.

Heron esperou a madrugada e como um animal correu de quatro pelos campos ladeados de rios, até encontrar algo para satisfazer sua fome e sede avassaladora, um camponês forte, fuma tranquilamente caminhando lentamente rumo ao trabalho, não percebe a aproximação de Heron, seu pescoço e o sangue sadio saciou primeiro a sede, os gritos de terror aumentaram  a fome de carne, com um uivo alucinado dilacera o ventre do camponês sentindo com prazer, o seu estertor final, então, alça voo de volta ao casarão com os  fantasmas arrastando suas correntes e gritando em seus ouvidos. Lá chegando, Heron deita de novo homem jovem e eterno, nú e saciado temporariamente...






* minhas vistas ainda duplicando , me mantêm ainda afastada, volto breve, tenho fé, obrigada marido querido, por mais uma vez, digitar minha inspiração. Obrigada a todos pelos comentários, apoio, orações e carinho.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 19/08/2017
Reeditado em 19/08/2017
Código do texto: T6088600
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