Reencarnação Reversa ou a morte dentro da Morte

Capítulo 6 - O início da Reencarnação Reversa

Havia então nascido entre hordas de Neandertais. Sua primeira reencarnação no ciclo infernal a lhe preparar para a mais abominável e repugante das missões já realizadas sobre a terra: a corrupção dos Santos dos últimos dias.

Seu grupo havia cercado outro de homo sapiens. Pareciam isolados de algum grupo maior, perdidos. Seus irmãos de sangue não perderam oportunidade para cercar e matar todos eles. E assim foi feito, pois naquele período não menos sombrio que os de hoje, estes homens disputavam territórios e espaços.

Mas o gosto da morte, tal como saboreada por aquele demônio encarnado, não era o da sobrevivência e nem se ligava aos desígnios de nossa espécia.

Seu olhar naquele rosto primitivo, não era o olhar do guerreiro ou do selvagem ignorante. Ele experimentava cada dor, a cada segundo a cada sangue derramado. Crianças, mulheres e idosos, penetrava em cada alma para lhe sentir o desespero, a desolação e a impotência diante do mal.

Os homens maus poderiam sentir prazer com aquilo tudo. Ele não. O prazer para uma criatura daquela era algo ainda bom demais para se sentir. O que ele via, aprendia e refinava era como os homens poderiam agir como verdadeiros demônios quando sua sobrevivência tivesse em jogo.

Eles eram o verdadeiro terror deles mesmos, capazes de manipular o medo e usá-lo para torturar suas vítimas. Viu que nem mesmo a natureza era capaz de produzir tanto terror. Por que o homem experimentava no outro aquilo que em si lhe traria o pior dos pavores.

Não pode conter o sorriso ao olhar para o céu. Dizia a si mesmo se eram estas criaturas que haveriam de originar os santos dos santos. As viam como tolas, manipuláveis e de pouco valor.

Isolou-se do seu bando por alguns minutos, pensando em que missão estúpida estava envolvida. Não acreditava que tantos poderes tivessem em luta por seres tão pequenos.

A maldade dos homens não o impressionava. O seu grupo havia sido cercado pelos homo sapiens que haviam deixado seu grupo para trás. Mataram todos eles e vieram atrás do mesmo. Olhou firmemente para aquele que o havia trespassado com uma lançada afiada de pedra. Olhou para o seus olhos e achou entediante suas vinganças e raivas diante do inevitável.

Enquanto morria sentiu o vazio como nunca antes havia sentido.

Cap. 7 Mergulho no Vazio do Nada

Sentia a morte como uma aranha caindo num abismo, suas teias se despedaçando sem se prender a nada. Sem ponto seguros onde se agarrar, a mercê da queda a espera do solo.

Sua alma parecia se multiplicar, como se fossem vários, replicados e mal replicados a falarem entre si. Cada réplica as milhares a se espalharem pelo vazio se auto aniquilavam quando se percebiam incompreensíveis para qualquer uma delas.

Elas buscavam desesperadamente quem entendesse seu particular e louco idioma. Ninguém havia que entendesse e elas terminavam por verem sem sentido algum, comunicação ou significado no que diziam. E um grito de dor agonizante dissolvia estas almas.

Ao terminar sua queda, nada havia daquelas diversas replicas. O que havia dele era uma pequena esfera, escura, maciça como uma pedra onde se concentrava todo aquele vazio.

Esta pedra, conhecida pelos ignorantes como a pedra da Morte, possui aqueles que vibrassem na mesma energia que ela. E haveria de morrer para que o espirito que portava aquela pedra usufruísse de seu corpo e de sua alma.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 18/03/2017
Código do texto: T5945207
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