O CRIME DO CASARÃO DOS BORGES:

Jonacy Lopes-

O CRIME DO CASARÃO DOS BORGES:

Laranjeira - Ipanema MG, mês de agosto do ano de 1947.

Aquele casarão era do seculo passado fora construído na época que Ipanema ainda vivia sobre os domínios de Caratinga

__Relaxa – afirmou Andre correia, escalando a muralha principal do casarão, se esforçando para pula-lo – isto aqui esta abandonado, posso afirmar que a anos ninguém vem aqui..

_ Sempre tive medo deste casarão, já ouvi muitas pessoas do vilarejo dizer que este casarão é assombrado.

_ Existem ate aqueles que dizem terem ouvido gritos sussurros e barulhos estranho ai dentro.

respondeu Duda Balbino.

_ Se for pra ficar dando uma de mocinha Duda, você pode ir embora viu, pois a noite não tarda chegar tenho pressa em entrar ai, você é daqueles que acredita em papai Noel, Lobisomem e outras invencionices do povo.

Duda Balbino estava realmente cismado, mais mesmo assim acompanhou Andre correia naquela aventura, pularam o portão velho e foram caminhando no enorme quintal do velho casarão dos Borges o sol estava se escondendo atrás da montanha e trazia uma entrada de noite bucólica, aquele casarão era uma enorme construção, tipica construção do seculo passado aquelas onde o patriarca juntava toda sua família, o que fora simbolo de poder do coronelismo local estava em ruínas, janelas se despencando os rebocos em muita parte já haviam se desprendidos plantas hospedeiras faziam um jardim sobre o telhado, aquele terreirão foi ponto de partida de muitos jagunços e pistoleiros empreiteiros de assassinatos, historias relatadas pelos antigos moradores, agora ali estava em total abandono, em um canto dois velhos carros de boi estava em um descanso de décadas, no centro do terreiro havia troncos de madeira já meio apodrecidos pelo tempo e o mato era quase uma floresta, ali naqueles troncos com certeza muitas vidas se foram açoitadas pelos chicotes impiedosos dos capatazes, nos fundo se via a senzala.

A noite agora estava presente :

_ Vamos embora amanhã voltamos é perigoso entrarmos ai.

Dizia Duda

_ Caramba Duda desencana pô! eu trouxe uma lanterna no embornal, agora que estamos aqui eu vou entrar.

Disse Andre

Andre empurrou com esforço a enorme porta do casarão eram de duas partes, a porta chegou ranger estava emperrada pelo tempo sem uso, por dentro havia muitas teias de aranha, morcegos se debatiam buscando as portas agora abertas, no centro da grande sala nascia uma escada toda de madeira via de acesso ao andar superior do casarão, nas paredes quadros empoeirados escondia a face dos retratados,.

Quando Andre direcionou a lanterna girando pelo ambiente, dava-se conta de moveis empoeirados muitos quebrados e ruídos por cupim, no canto uma cristaleira enorme muito cheia de poeira, mas era um móvel muito bem feito. os dois amigos foram explorando aquele enorme imóvel, depararam com uma segunda sala, no centro uma enorme mesa de 12 cadeiras logo deduziram ser uma sala de jantar, mas era estranho a mesa estava preparada parecia pelo arranjo que a família iria jantar ou almoçar, pratos e talheres, os copos organizados ate as garrafas de bebidas estavam postas como se alguém fosse se servir.

Baixelas de pratas tapadas com tampas bem ornamentadas, porem tudo estava coberto por uma camada de fuligem que o tempo por décadas encarregou de colocar ali, a tolha que cobria a mesa estava amarelada se via que era florida pelas nuances que ressaltava no bordado.

__Aqui deve que foi palco de grandes jantares?

Comentou Andre Correia

__Sim! Mas na verdade estou com muito medo Andre, as historias que ouço desde pequeno sobre este casarão são assustadoras..

Ressaltou Duda Balbino

Neste momento lá na sala fez um barulho, tipo vidros quebrando..

Duda deu um grito esganado.

__ Pssiuu! Calma Duda pode ser um bicho qualquer, um gato ou um gambá sei lá?

Andre direcionou a pequena lanterna novamente para a primeira sala e foi caminhando, Duda Balbino foi seguindo por trás, a claridade da luz da lanterna percorria por toda a sala, Andre focou a luz rumo a cristaleira agora duas portas da cristaleiras estavam abertas antes estavam fechadas, ali no chão havia uma garrafa de licor quebrada um liquido denso esparramado junto aos cacos de vidro, o cheiro era muito ruim pois aquele licor condensou e apodreceu dentro da garrafa, a anos estava ali.

Um quadro desprendeu da parede e fez um barulho forte com o impacto no assoalho de madeira, Andre rapidamente focou a luz rumo ao barulho ainda se via o pó do impacto fazendo nuvem em volta do velho quadro.

__ Com certeza estas paredes estão muito podre, claro que o quadro iria cair..

Comentou Andre Correia

Andre focou a claridade na escada que dava acesso ao andar superior, e foi caminhando rumo escada, agora ele queria subir para explorar o andar superior, na verdade ele Andre nascera em Laranjeira mais cresceu em Vitoria capital do Espirito Santo e todos os anos que vinha passear em Laranjeira queria explorar aquele casarão misterioso.

Duda percebendo a intenção de Andre recusou de subir:

__ Olha eu não vou subir ai nem morto, vou ficar aqui!

__ Que fique ai sozinho seu cagão, eu vou subir!

Respondeu o Andre já com os pés nos degraus da escada, quem disse que Duda ficaria ali sozinho, mesmo com tanto pavor de subi, ficar ali a sós era pior, e assim Duda seguiu os passos de Andre.

Agora o barulho forte se fazia alem da sala de de jantar onde supostamente seria a cozinha do casarão, parecia passos arrastados, Duda chegava a tremer, segurava a camisa de Andre com medo dele se distanciar.

__ Deveras é o bicho que quebrou a garrafa de licor!

Falou Andre.

Ate que os dois rapazes chegaram no plano do piso superior, era outra sala com acesso aos corredores dos quartos.

Tinha ali uns bancos revestidos e duas poltronas de balanço, as paredes ornamentadas com quadros que possivelmente deveria ser da família do Coronel Borges, ao canto um altar ele estava todo empoeirado, duas velas de tamanho generoso disposta no altar, os dois santos que ali estavam alem de empoeirados contavam com teia de aranhas que se ligavam nas tramas.

Andre Correia estava curioso, ele tirou um lenço do embornal e espanou a poeira de um daqueles quadros da parede, descobriu-se ali a imagem de uma família, a foto logico era iguais estas fotos antigas, muito sinistra, retratava a frente alguns jovens e crianças e posicionado mais atrás aqueles que deveriam ser o patriarca e a matriarca da família, o homem de expressão séria um chapéu na cabeça tipico dos coronéis a mulher meio gorda com um longo vestido deixava evidentes algumas joias, semblantes sisudos, dava para ver que aquele momento guardado na foto a família fez de fronte ao casarão se via ao fundo a grande porta de duas bandeira e um jardim bem cuidado dando voltas no rodapé da parede,bem conservado muito diferente do que agora se via lá fora, na atualidade tudo estava muito abandonado..

Andre se animou em olhar as fotos dos quadros e seguiu para um outro que estava na parede, pediu para o Duda segurar a lanterna enquanto espanava o novo quadro, agora eram jovens sobre imponentes cavalos, eram três jovens trajando roupas de ricos devia ser na época? Andre percebeu similidade daqueles jovens com as crianças do outro quadro " Deve ser estes três jovens aquelas crianças da frente do outro quadro" imaginou Andre".

Andre puxou o Duda Balbino pelo braço e retornou no primeiro quadro para fazer as comparações, surpresa, agora as posições se inverteram na foto.

" Não! Andre não havia bebido, aquela senhora estava a esquerda e não a direita igual se via agora, e casal estavam com expressões sérias, agora ali estão sorrindo e o patriarca ainda segurara o chapéu sobre o peito antes estava na cabeça"

__ Duda você percebeu algo nesta foto difrente da primeira vez que olhamos ela?

Indagou Andre

__ Olha Andre pra te dizer a verdade eu nem olhei naquela foto, você com suas loucuras é que ficou olhando!

Finalizou Duda

Andre nem adiantou o assunto pois sabia que Duda Balbino iria ficar assustado, mais que Andre ficou cismado ficou, ele tinha certeza que aquela foto mudou de um instante ao outro.

Andre apesar de Duda insistir em ir embora, agora queria explorar os quartos do velho casarão, caminhando poucos passos os dois rapazes se deparam com um quarto pequeno, um guarda roupas uma cama de solteiro estendido acima da cama um enorme rosário de madeira esticado em duas pontas estendia-se na parede, ao lado um tipo de criado mudo, quando Andre vasculhou os achados percebeu que aquele quarto seria de uma senhora " Poderia ser a avó, quem sabe? Sim era a avó pois descobriu ali um bilhete amarelado pelo fumo do tempo endereçado: "De Gilda para a minha querida vovó!

Eles sairão dali e entraram no quarto vizinho, agora era um quarto maior por Certo era de meninas pois tinha uma enorme boneca em cima de uma das três camas, e tudo ali dava um ar feminino, três guarda roupas e uma comoda tipo escrivaninha, Andre pediu para Duda clarear com a lanterna enquanto ele vasculhava as gavetas da comoda, tinha ali vários objetos tipo joias e tiaras, Andre descobriu ali um livro, parecia um livro, talvez um diário escrito a mão, Andre colocou o tal livro no embornal, e seguiram o corredor o próximo quarto tinha igualmente três camas mais o cenário mudou do feminino ao masculino, tinha chapéu masculino na parede, em cima das comodas três pequenos quadros, Andre bateu a poeira dos quadros e eram três rapazes os mesmos que ele viu nas fotos dos quadros da sala, possivelmente irmãos pois parecia muito um com o outro e cada quadro tinha o nome que certeiramente eram dos jovens- Julius Alcântara Neto Borges-Augustos Alcântara Borges-Norberto Alcântara Borges- .

Enfim chegaram no ultimo quarto com certeza era do patriarca da família Coronel Justino Alcântara Borges e sua esposa Doralice Calhau Alcântara Borges, um quarto amplo com uma janela enorme Andre seguiu ao guarda roupa estava escuro a luz da lanterna não clareava muito, Duda segurava a lanterna para ajudar, mas ali só tinha roupas velhas blusões de couro já puídos pelos anos, muitas peças de rupas dissolviam, quando a outra porta foi aberta um susto um esqueleto humano caiu em cima de Andre o cranio descolou e rolou por cima do pé de Duda Balbino que deu um enorme pulo, se não bastasse um segundo esqueleto veio em seguida ainda se via muitos cabelos colados na caveira do cranio, com certeza era uma caveira de uma mulher..

Agora Andre Correia pela primeira vez sentia uma sensação de medo, e Duda Balbino dizia: __ Eu falei Andre que este casarão tinha algo assombroso, insisti para não entrarmos aqui..

Duda estava certo, agora se ouvia barulhos no andar de baixo do velho casarão, os dois rapazas ficaram em silencio, parecia discussões "Como pode lá em baixo esta tudo escuro" imaginava Andre.

Eles ouviam pedidos de socorro no quarto que supostamente eram das jovens.

O corpo de Duda Balbino tremia, Andre que ate aquele momento se passava de corajoso estava muito assustado, pior ainda as portas dos outros quartos bateram forte se fechando, os dois rapazes sairão rápido para o corredor agora Andre queria sair dali o mais rápido possível, mas ao chegarem no corredor avistaram uma claridade la na sala, percebia-se que era luz de velas, ficaram paralisados o medo de ficar ali no corredor era enorme, mas encarar a sala também era temeroso, a porta do quarto onde estavam os esqueletos bateu forte e também se fechou, Duda deu um grito de medo, a unica chance de sair dali era encarar a sala e descer as escadas e assim foram os dois de mãos dadas, quando chegaram na sala as velas do altar estavam acesas e aquela enorme boneca de feições assustadoras que estava lá no quarto, misteriosamente estava colocada em uma das poltronas, os dois rapazes passaram correndo ao descerem os degraus da escada ouviam chorros ficando nos quartos, correram para a porta de saída, agoniante tentativa a porta estava trancada os dois rapazes tentavam de toda maneira abrir aquela porta mais era em vão, pararam por um instante e ouviram discussões na sala de jantar e gritos de socorro no andar de cima, e agora subir para andar superior não iriam se já haviam fugido de lá, encarar a sala de jantar que poderia ser uma rota de fuga pelos fundos, eles temiam as vozes que se esbravejam por lá.

De repente as vozes de socorro se intensificavam no andar superior, Andre e Duda estavam praticamente abraçados, e pra piorar a lanterna não mais acendia, quando escutaram um barulho na escada ao olharem de rabo de olhos, um susto, viram uma moça que tentava fugir de um homem e na penumbra da luz das velas viram o homem decepar o pescoço da moça e retornar com a cabeça pendurada na mão.

Duda Balbino reclamava com Andre era ele o culpado, nem mesmo os proprietários atuais entravam ali naquele casarão sabiam que ele era amaldiçoado, e Andre havia lhe convencido a esta insanidade.

Andre Correia pediu para Duda Balbino rezar Junto com ele, os dois ajoelharam com os rostos encostado na porta, e quanto mais rezavam, intensificavam os gritos de socorro no andar de cima, uma voz feminina dizia alto: "Assassino, assassino dos infernos"

E na cozinha as discussões se fazia em altas vozes.

Em um momento ouvia-se passos atrás deles, parecia que subiam as escadas rumo ao andar superior, os dois rapazes olharam de rabo de olho novamente e gelaram o corpo inteiro, subia as escadas um monte de caveiras só um não se fazia em caveira e era o jovem mais velho da fotografia do quarto aquele que na foto estava escrito o nome de Julius Neto Alcântara Borges.

Por um momento houve um silencio no casarão os gritos de socorro do piso superior calou-se, na sala de jantar já não se fazia as discussões, mesmo porque deveria ser aquelas assombrações que ali discutiam que subiram para o piso superior.

Andre correia e Duda Balbino aproveitaram esta calmaria e foram vagarosamente no rumo da sala de jantar, queria ir para os fundos quem sabe uma cozinha? uma abertura para fugiram daquele casarão.

Os dois rapazes ao chegarem na sala de jantar perceberam que o cenário havia mudado todas as baixelas estavam destampadas, os pratos da mesma feita estavam semeados junto aos copos tudo indicando um final de jantar familiar, mas o resto dos alimentos nas baixelas estavam podres um resto de peru assado em uma bandeja tinha ate bichos de varejeiras, eca!

Os dois rapazes passaram rápido por ali e chegaram em uma porta que dava acesso a cozinha agora o dia queria romper era uma penumbra de fim da madrugada, um susto, os dois rapazes ao passarem para a cozinha a porta bateu em suas costas agora a sala estava fechada, mas perto do enorme fogão de lenha estava em pé uma senhora negra, aquelas que lembram as antigas escravas cozinheiras e de certo era pois ali era a cozinha do casarão, os dois amigos estavam apavorados e foram afastando de ré ate se apoiarem na porta que acabara de se fechar, as pernas estavam bambas, a negra falou:

__ Voismecês num precisam se apereá não, num vô fazer mal algum há voismecês.

__ Voimecês agora são protetores de um segredo antigo, sinhazinha Gilda agora vai discançar em paz, finalmente o recado de sinhazinha chegou em boas mãos, tudo rabiscado e descrito em segredo.

Andre Correia que no inicio não mostrava medo agora apertava forte as mãos de Duda Balbino, ouvindo calado a voz da negra escrava.

Os rapazes não estavam entendendo, mais não tinham vozes para indagar, e a negra continuava a falar:

__ O rapais leva consigo todo o segredo, as maldades que o carcamano do sinhôzinho Julius feis com todo mundo aqui.

__ Agora voismecês pode ir cumprir com suas missão, voimecês vai livrar as almas que estão acorrentada neste casarão a muitas e muitas luas.

A escrava sumiu, em um piscar de olho a porta da cozinha se abriu sozinha, que alivio para os dois rapazes ate a claridade avia tomado o tempo.

Tudo foi esclarecido aquele livro que Andre havia colocado em seu embornal era um diário assinado pela jovem Gilda Alcântara Borges, onde ela narrava as maldades que seu irmão Julius Neto Alcântara Borges fez a toda a família, Julius em companhia de alguns capatazes jagunços prendeu todos os familiares nos quartos por meses, e foi assassinando a todos, primeiro foram os irmãos depois matou os próprios pais e colocou no guarda roupa, matou todos criados que eram próximos da família, matou duas irmãs em um só dia, ele relutou em dar cabo na vida de Gilda por ela ele tinha um afeto mas Gilda estava inconformada com a loucura e a ganancia do irmão Julius o qual matou todos da família pra ficar com todos os bens da família só pra ele, os escravos fazendas, tudo só pra ele e sem divisões, durante os dias que a vida Gilda foi polpada ela escreveu aquele diário, narrando tudo que acontecia naqueles dias macabros, ela descreveu no diário tudo passo a passo, quando Julius matou Gilda o diário ficou em sua comoda.

Julius dizia para as pessoas que os familiares haviam se contaminado com a temida gripe que a época matou muitas pessoas na região, sendo assim mandava um de seus serviçais enterrar os defuntos nos fundos do casarão, o que era a unica verdade os sepultamentos foram mesmo no fundo do quintal, no pomar eram enterrados todos os corpos, só os pais ficaram no quarto dentro do guarda roupas.

Julius logo em seguida se mudou do casarão, foi uma mudança brusca deixou tudo do jeitou que estava, Julius proibia qualquer pessoa de se aproximar do casarão, por muito tempo deixou ali guardas vigiando o casarão contra possíveis invasores, com o passar dos anos Julius já falecido não mais precisou vigias para o casarão pois ele era assombrado e o povo das cercanias cortavam voltas do temido casarão.

Termina aqui a historia do casarão da família Borges..