Sombra
 
Ato – X
 
Capítulo 1
 
Toda jornada, tem seu início
 
2002
 
   Você pode acabar perguntando-se como o mundo pode ser tão estranho. Mas garanto que não pensa nem por um segundo em como podem existir coisas tão estranhas entre todos nós.
   Costumava esconder-me do mundo, afinal, ser visto com uma aberração não é o desejo de qualquer um e aos meus vinte e dois anos não queria que meus poderes chamassem a atenção. Tudo aconteceu quando havia completado oito anos, de repente, podia ver coisas que nem meus piores pesadelos poderiam criar, criaturas sombrias que viviam ali, entre nós.
   Nasci em quatro de agosto de mil novecentos e oitenta, meus pais decidiram que meu nome seria Derek R. Kekarllin. Minha mãe, Neyla Kekarllin, criou-me como pode desde que meu pai, Henry, nos abandonou. Costumava ajuda-la nas tabelas de finanças de seu trabalho, ela se formou em Ciências Econômicas em Boston, aprendi muita coisa com ela durante todo aquele período.
   Vivíamos em Newton, Massachusetts, uma cidade teoricamente calma e tranquila. Mas, claro, quando a noite começou a mostrar todas aquelas criaturas estranhas, eu já não me sentia tão feliz. Minha mãe havia alugado um apartamento no centro da cidade.
   Foram dois anos até finalmente ter coragem de enfrentar meus medos, foi em uma noite de dezembro quando percebi que havia algo estranho em meu quarto, dois olhos vermelhos estavam presentes, escondidos pela sombra logo ao lado da janela, concentrei meus pensamentos o mais rápido que pude, desejando apenas uma forma de me proteger.
-O que é você? – Indaguei sussurrando de olhos fechados.
   O silêncio permaneceu, abri os olhos e ele não estava mais ali, mas sim, ao meu lado, de pé ao lado da cama. Antes que eu pudesse gritar, ouvi minha mãe me chamando, como se estivesse prestes a entrar no quarto. Foi naquela noite, depois de ver aquele espírito negro de olhos vermelhos consumindo minha mãe, que consegui finalmente desvendar o que realmente era. Um espírito.
   Meu grito o destroçou, meus olhos brilharam e todo o prédio tremeu em um clarão cintilante, minha mãe continuava ali, deitava com seus últimos suspiros. Claro que naquela época apenas pensava que todos aqueles seres fossem obra da minha própria imaginação, que nada pudesse ser tão real e aterrorizante. Liguei para o hospital, pedindo socorro imediato, dizendo que minha mãe havia caído no chão e não demonstrava mais sinais de vida.
-Derek. Preste atenção. – Minha mãe segurou meu braço. – Você é especial demais, você será grandioso, seu pai, procure-o, diga a ele o que houve aqui.
-Não! Eu irei ficar com você, sempre.
-Querido, ele está chegando. Saia logo daqui.
-Quem? – Perguntei e logo um estrondo explodiu todas as janelas.
-Morte.
   Virei-me para o lado e presenciei pela primeira vez sua aparição, coberto por uma capa negra acinzentada e uma lança com marcas e símbolos que brilhavam cada vez mais mediante a seus passos em nossa direção.
-Neyla, foi difícil encontrá-la. – Uma voz idosa, grave e um pouco rouca.
-Pois bem, você conseguiu, agora leve-me. Mas, deixe-o aqui.
-O pequeno Derek? É claro, não irei tocar no garoto.
   Enquanto ele apontava a foice em direção a minha mãe e sugava sua alma, tentei impedi-lo, pulando contra seu corpo, mas, o atravessei como se fosse um fantasma.
-Garoto, você tem poderes incríveis, mas primeiro irá precisar amadurecer. Talvez um dia encontre seu pai, torço por isso, eu e aquele desprezível temos assuntos a tratar.
 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 19/02/2017
Reeditado em 20/02/2017
Código do texto: T5917473
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