MORTO VIVO (Cap. 6)

Luana foi direto para casa e, abalada, decidiu não sair mais de casa aquele dia. Micaela, ao contrário, resolveu passar o dia inteiro na praia, sentada numa duna, pouco se importando com o sol que batia forte sobre seu corpo. Algumas vezes sua imaginação lhe pregou peças e teve a impressão de ver Kauê surfar em meio às ondas. Nestas ocasiões chegou a ficar em pé, com o coração aos saltos, espreitando o mar, procurando–o. Será que já seria resultado da magia da bruxa? Porém, no segundo seguinte, a visão desaparecia deixando Micaela desolada. Por fim, quase ao entardecer, com fome e com a pele queimada do sol, ela voltou para casa rezando a todos os anjos que Kauê retornasse de uma vez.

A segunda–feira amanheceu com uma notícia bombástica. Micaela acordou com a mãe parada ao seu lado, pálida e retorcendo as mãos. Imediatamente a garota sentou na cama, assustada.

– Mãe, o que houve?

– Prefiro que você saiba por mim, minha filha – a mulher engoliu em seco e decidiu falar de uma vez. – O túmulo do Kauê foi violado.

Micaela olhou para a mãe e ficou imóvel. A notícia deu voltas e voltas na sua mente até que ela conseguisse assimilar aquilo tudo.

– O que você disse? – perguntou ela, lentamente, jogando o lençol para o lado e saindo da cama.

– Desculpe lhe acordar com uma notícia destas, Micaela. Seu pai soube agora cedo desta coisa horrível – ela pôs as mãos sobre a boca chocada demais. – Violaram o túmulo e…

– E o quê, mãe?

– Levaram o corpo do Kauê.

– Quem levou? – perguntou Micaela somente para disfarçar. Ela sabia muito bem que Kauê tinha saído de lá sozinho.

– Não sabemos, Micaela. A cidade inteira está em polvorosa. Até a polícia entrou no caso.

A mãe da garota esperava que Micaela entrasse em surto a qualquer momento. Porém, para seu espanto, ela continuava calma. Muito calma. Parecia, inclusive, estar esperando por aquela notícia espantosa.

– Que coisa... horrível.

– Você está bem, minha filha? – a mulher se aproximou e pôs as mãos no ombro dela. – Esta notícia terrível é para destruir com qualquer pessoa.

– Eu preciso ficar sozinha, mãe – pediu Micaela tentando disfarçar a euforia na sua voz. – Isto me deixou um pouco... abalada.

– Tudo bem. Me chame se você precisar – retrucou a mãe, olhando para a filha de um jeito estranho. Era quase certo que a pobrezinha entrasse em choque a qualquer momento.

– Pode deixar, mãe – Micaela conduziu a mãe até a porta. – Eu preciso assimilar o que está acontecendo.

Micaela praticamente empurrou a mãe para fora e fechou a porta à chave. Com as mãos no peito e com uma expressão de encantamento no rosto, a jovem sentou na cama. Era a primeira vez em dois dias que sentia o peito mais leve. A sensação de felicidade que já nem lembrava mais como era, voltou a tomar conta de si. A feitiçaria da bruxa dera certo. Agora era só uma questão de tempo para Kauê aparecer e ficarem juntos para sempre.

*

Luana foi informada por uma amiga sobre o desaparecimento do corpo de Kauê antes das sete horas da manhã. Mal teve tempo de trocar a camisola. Com Alice nos seus calcanhares, Luana correu, desesperada e sem poder acreditar, até o cemitério. Lá encontrou o pai de Kauê e alguns policiais. Então era verdade mesmo. Alguém levara o corpo do namorado. Quem teria sido o louco? Quem se atrevera a profanar o túmulo de Kauê? Para que fins?

Quando o sogro viu Luana chegar de olhos arregalados e atormentada, afastou–se rapidamente do local para impedir que ela chegasse perto da sepultura.

– Volte para casa, Lu. Não há nada a se fazer aqui.

– Diga que é mentira! Não podem ter levado o corpo dele!

O homem estava pálido e tenso.

– A polícia está à frente do caso, Luana. Logo vão encontrá–lo e…

– Quem faria isto? Não acredito! É muita loucura!

Alice interviu:

– Você ouviu o que seu sogro está dizendo, Luana. Sua presença aqui somente irá gerar mais confusão. A polícia não precisa de uma namorada desesperada chorando no cemitério. Vamos voltar para casa.

Mas Luana se soltou das mãos da mãe, revoltada.

– Não, eu quero ficar aqui! Quero estar presente quando encontrarem o sem vergonha que teve coragem de fazer isto!

– Luana, se eu puder estrangular o desgraçado que fez isto, tenha certeza que eu farei. Mas, por favor, volte para casa e aguarde as novidades lá. A polícia está cuidando de tudo.

Luana suspirou. Fazia dois dias que sua vida estava virada em um pesadelo negro e Luana não fazia ideia de quando iria conseguir respirar em paz. Olhou para o túmulo violado prevendo que tempos piores ainda viriam pela frente. Por fim, sentiu–se cansada demais. Realmente não havia condições de ficar ali. Com um leve aceno, Luana deu meia volta e saiu do cemitério amparada pela mãe. Quando chegou em casa, jogou–se no sofá, abalada, e cobriu o rosto com as mãos.

– Quem teria coragem de fazer isso com ele, mãe? Qual motivo de levarem o corpo dele? Será que... – Luana olhou para mãe, aterrorizada, – querem fazer alguma magia negra com ele?

– Pare com isto, Luana! Não acredito que seja uma coisa destas! – Alice suspirou. Não sabia como tranquilizar a filha. A hipótese de Kauê ter sido levado por alguma seita demoníaca também passou pela sua mente. – Hoje você não vai ao trabalho, né? Não há condições para isto. Eu ligo para sua chefe e aviso que você está em choque. Ela irá compreender.

– Obrigada, mãe – Luana levantou e foi para o quarto. E ficou por lá o dia inteiro.

Luana foi direto para casa e, abalada, decidiu não sair mais de casa aquele dia. Micaela, ao contrário, resolveu passar o dia inteiro na praia, sentada numa duna, pouco se importando com o sol que batia forte sobre seu corpo. Algumas vezes sua imaginação lhe pregou peças e teve a impressão de ver Kauê surfar em meio às ondas. Nestas ocasiões chegou a ficar em pé, com o coração aos saltos, espreitando o mar, procurando–o. Será que já seria resultado da magia da bruxa? Porém, no segundo seguinte, a visão desaparecia deixando Micaela desolada. Por fim, quase ao entardecer, com fome e com a pele queimada do sol, ela voltou para casa rezando a todos os anjos que Kauê retornasse de uma vez.

A segunda–feira amanheceu com uma notícia bombástica. Micaela acordou com a mãe parada ao seu lado, pálida e retorcendo as mãos. Imediatamente a garota sentou na cama, assustada.

– Mãe, o que houve?

– Prefiro que você saiba por mim, minha filha – a mulher engoliu em seco e decidiu falar de uma vez. – O túmulo do Kauê foi violado.

Micaela olhou para a mãe e ficou imóvel. A notícia deu voltas e voltas na sua mente até que ela conseguisse assimilar aquilo tudo.

– O que você disse? – perguntou ela, lentamente, jogando o lençol para o lado e saindo da cama.

– Desculpe lhe acordar com uma notícia destas, Micaela. Seu pai soube agora cedo desta coisa horrível – ela pôs as mãos sobre a boca chocada demais. – Violaram o túmulo e…

– E o quê, mãe?

– Levaram o corpo do Kauê.

– Quem levou? – perguntou Micaela somente para disfarçar. Ela sabia muito bem que Kauê tinha saído de lá sozinho.

– Não sabemos, Micaela. A cidade inteira está em polvorosa. Até a polícia entrou no caso.

A mãe da garota esperava que Micaela entrasse em surto a qualquer momento. Porém, para seu espanto, ela continuava calma. Muito calma. Parecia, inclusive, estar esperando por aquela notícia espantosa.

– Que coisa... horrível.

– Você está bem, minha filha? – a mulher se aproximou e pôs as mãos no ombro dela. – Esta notícia terrível é para destruir com qualquer pessoa.

– Eu preciso ficar sozinha, mãe – pediu Micaela tentando disfarçar a euforia na sua voz. – Isto me deixou um pouco... abalada.

– Tudo bem. Me chame se você precisar – retrucou a mãe, olhando para a filha de um jeito estranho. Era quase certo que a pobrezinha entrasse em choque a qualquer momento.

– Pode deixar, mãe – Micaela conduziu a mãe até a porta. – Eu preciso assimilar o que está acontecendo.

Micaela praticamente empurrou a mãe para fora e fechou a porta à chave. Com as mãos no peito e com uma expressão de encantamento no rosto, a jovem sentou na cama. Era a primeira vez em dois dias que sentia o peito mais leve. A sensação de felicidade que já nem lembrava mais como era, voltou a tomar conta de si. A feitiçaria da bruxa dera certo. Agora era só uma questão de tempo para Kauê aparecer e ficarem juntos para sempre.

*

Luana foi informada por uma amiga sobre o desaparecimento do corpo de Kauê antes das sete horas da manhã. Mal teve tempo de trocar a camisola. Com Alice nos seus calcanhares, Luana correu, desesperada e sem poder acreditar, até o cemitério. Lá encontrou o pai de Kauê e alguns policiais. Então era verdade mesmo. Alguém levara o corpo do namorado. Quem teria sido o louco? Quem se atrevera a profanar o túmulo de Kauê? Para que fins?

Quando o sogro viu Luana chegar de olhos arregalados e atormentada, afastou–se rapidamente do local para impedir que ela chegasse perto da sepultura.

– Volte para casa, Lu. Não há nada a se fazer aqui.

– Diga que é mentira! Não podem ter levado o corpo dele!

O homem estava pálido e tenso.

– A polícia está à frente do caso, Luana. Logo vão encontrá–lo e…

– Quem faria isto? Não acredito! É muita loucura!

Alice interviu:

– Você ouviu o que seu sogro está dizendo, Luana. Sua presença aqui somente irá gerar mais confusão. A polícia não precisa de uma namorada desesperada chorando no cemitério. Vamos voltar para casa.

Mas Luana se soltou das mãos da mãe, revoltada.

– Não, eu quero ficar aqui! Quero estar presente quando encontrarem o sem vergonha que teve coragem de fazer isto!

– Luana, se eu puder estrangular o desgraçado que fez isto, tenha certeza que eu farei. Mas, por favor, volte para casa e aguarde as novidades lá. A polícia está cuidando de tudo.

Luana suspirou. Fazia dois dias que sua vida estava virada em um pesadelo negro e Luana não fazia ideia de quando iria conseguir respirar em paz. Olhou para o túmulo violado prevendo que tempos piores ainda viriam pela frente. Por fim, sentiu–se cansada demais. Realmente não havia condições de ficar ali. Com um leve aceno, Luana deu meia volta e saiu do cemitério amparada pela mãe. Quando chegou em casa, jogou–se no sofá, abalada, e cobriu o rosto com as mãos.

– Quem teria coragem de fazer isso com ele, mãe? Qual motivo de levarem o corpo dele? Será que... – Luana olhou para mãe, aterrorizada, – querem fazer alguma magia negra com ele?

– Pare com isto, Luana! Não acredito que seja uma coisa destas! – Alice suspirou. Não sabia como tranquilizar a filha. A hipótese de Kauê ter sido levado por alguma seita demoníaca também passou pela sua mente. – Hoje você não vai ao trabalho, né? Não há condições para isto. Eu ligo para sua chefe e aviso que você está em choque. Ela irá compreender.

– Obrigada, mãe – Luana levantou e foi para o quarto. E ficou por lá o dia inteiro.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 17/10/2017
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