Copo de leite
Depois de um pouco de TV e risadas, foram para suas camas.
Deixaram a criança em seu quarto, deram-lhe boa noite e um beijo no rosto e foram para o quarto. Ao saírem, não perceberam que um vulto entrava.
Confortável colchão de molas, lençóis brancos e lâmpadas apagadas. Deram alguns beijos e abraçados ficaram.
Não muito depois, a porta abria lenta e silenciosamente.
Na escuridão uma mão fria tocou o braço do homem.
Instintivamente o puxou depressa e se desvencilhou da pegada.
-Papai.
Soltou o ar aliviado. -Oi querida, o que está fazendo aqui? - O coração ainda disparado. Ascendeu o abajur.
-Tem um demônio no meu quarto.
-Que é isso, meu amor! Não diga isso! - Abaixou o tom de voz e se levantou tomando o cuidado de não acordar a mulher.
-Vamos, eu te levo pra cama.
-Não, quero ficar aqui com você e a mamãe!
-Meu amor, nós já conversamos sobre isso. Vem, papai te leva pra cama.
Fez como quem procura algo. -Viu amor. Não tem nada aqui. - A cobriu, deu-lhe um beijo e disse: -Agora volte a dormir. - Apagou a luz e voltou para sua mulher, que dormia como um anjo, enquanto absorto em pensamentos, ele permanecia sonolento.
Um grito estridente o arrepiou até à espinha e o congelou por completo. Não sabia ao certo se pegara no sono ou se ouvira de fato. A mulher ao seu lado dormia sutilmente.
Resolveu ir até o quarto da filha. Aparentemente estava tudo bem, a não ser que ela estava deitada ao contrário. Com os pés para a cabeceira, a cabeça coberta e os pés à mostra.
Quando ele, trêmulo e apreensivo, começou a descobrir a garota, notou que ela tremia e roncava baixo e grave. Puxou a coberta de forma abrupta e viu saltar uma criança deformada que, imediatamente, se deslocou para dentro do guarda roupa numa velocidade sobrenatural, sem que precisasse abrir as portas!
-Papai! - Virou-se imediatamente. A voz vinha de debaixo da cama.
-Filha! Vamos sair daqui!
Ao saírem, não notaram que o vulto os seguia.