O CHEIRO

_Corra Suzan, vamos logo, corra.

_Cadê o Daniel? Ele estava logo atrás de nós, cadê o Daniel? Diga-me Jordam, será que ele foi pego?

_Vamos achar um abrigo, quando amanhecer, poderemos sair e procura-lo, mas já te adianto Suzan, depois que ele foi mordido o corpo dele já não era o mesmo. Ele estava muito debilitado.

_Mas ele é meu irmão, não quero perde-lo.

_Pense agora em se proteger, se você morrer não vai poder ajuda-lo.

_Ta bom, mas assim que amanhecer, sairei para ajuda-lo.

_Fique quieta agora. Ali, ali na frente depois da árvore.

_Eu estou vendo, vamos!

_Calma Suzan, vamos ver se está limpo. Não sabemos com o que estamos lidando.

_Venha Jordan, está tudo limpo aqui, quem será que morava nesse lugar? Está tudo organizado.

_Na verdade moro aqui!

_Quem está falando? Quem está aí?

_Oi, o senhor pode nos ajudar, meu amigo e eu estávamos lá fora e fomos atacados por uma coisa estranha, que mordeu a perna do meu irmão e que deixamos para trás e…

_Calma minha jovem, agora está segura, não tem nada aqui.

_Mas é melhor fechar tudo para ficarmos mais seguros.

_Meus cães não deixam nada passar da linha do portão.

_Mas como conseguimos passar?

_Porque eu vi quando vocês chegaram e os segurei. Do contrário agora vocês seriam ração para cães.

_O senhor não viu nenhuma movimentação estranha?

_Primeiro deixe-me apresentar, sou o doutor Coelho. Pelo menos é assim que meus amigos me chamavam.

_Ta certo Doutor, somos Jordam e Suzan, mas o senhor é médico?

_Na verdade já cuidei muito dos animais…

_Ok, o senhor é veterinário então?

_Na verdade sou pesquisador.

_E o que senhor pesquisa?

_Novos remédios para curar os animais, e eu julgo que o que está correndo atrás de vocês é o Lobus.

_Como assim? O senhor conhece o agressor do meu irmão.

_Sim, sim, eu o inventei, na verdade, eu o salvei.

_então quer dizer que o senhor é o culpado da morte do Daniel.

_Como assim morte? Meu irmão ainda está vivo. Sinto isso.

_Ele pode estar vivo, mas se foi infectado pelo Lobus, ele já não é mais seu irmão.

_Não entendo o que o senhor está falando, vai querer que eu acredite em zumbi?

_Não tem nada a ver com zumbi, o Lobus está muito vivo, mas infelizmente muito mais esperto.

_Preciso sair e encontra-lo.

_Não aconselho a mocinha a sair, e ainda mais sozinha. Vocês só estão seguros aqui comigo, minhas criações só respeitam a mim.

_Mas isso que o senhor faz não é certo.

_Quem você pensa que é para dizer o que é certo ou não? Moro aqui com meus animais a 40 anos e nunca vieram aqui para questionar o que eu fazia, porque estão aqui agora.

_Meu irmão é jornalista, estava investigando uma série de mortes estranhas aqui nas redondezas e como sua equipe o abandonou resolvemos vir junto e ajuda-lo, mas as coisas saíram do controle e agora não sabemos onde ele está.

_Vocês não deveriam ter feito isso, o poder mais forte do Lobus é o olfato, agora ele não vai parar enquanto não conseguir mata-los.

_Mas isso é culpa sua.

_Culpa minha? A culpa é de vocês, nós não matamos ninguém, as pessoas é que buscam a morte. Todo nosso perímetro é isolado, ninguém sai daqui, mas esperamos que ninguém ultrapasse nossos portões. Vocês não leram os avisos?

_Lemos sim, eu avisei Suzan, não deveríamos ter vindo.

_Você nunca quer nada, tem medo de tudo.

_Medo? Eu só quero viver, olha em que o seu irmão nos meteu. Estamos na casa de um pseudo Frankstein, que acabou de dizer que seu irmão já era.

_Não fale assim, o Daniel está vivo.

_Desculpe Suzan, não chore, me entenda, eu estou nervoso.

_Todos estamos meu jovem, mas nem por isso gritamos com as mulheres.

_Cala essa boca velho estúpido, não interessa se ultrapassamos suas barreiras, o que importa agora é que quando sairmos daqui, iremos até a polícia e você nunca mais sairá de trás das grades.

_Vocês sabem porque a polícia nunca veio aqui? Eles são inteligentes e sabem ler placas.

_Placas, mas esse lugar ta cheio de placas, só li umas dez, mas todas estão com a mesma frase.

_Que frase, Jordan? Que Frase?

_Você não leu nenhuma Suzan?

_Eu perdi os meus óculos quando começamos a correr, fugindo daquela coisa.

_Dizia: se sentir seu cheiro, você estará morto.

_Isso só pode ser brincadeira, não pode ser verdade, isso é loucu... Jordan, você está bem.

_Foi só uma tontura, não estou mais acostumado a correr tanto, e estou com muita sede.

_Espera, vou pegar um refresco.

_Jordan, você está ardendo em febre.

_Ele também foi mordido? Aqui está seu suco, vou deixar aqui na mesa, beba devagar.

_Não!

_Sim!

_Não Jordan, você estava na frente.

_Foi na hora que você caiu entre os arbustos, eu me joguei para te puxar e senti uma forte fincada na minha perna, mas pensei que fossem espinhos... Por que o senhor colocou hortelã no suco? Eu sou alérgico.

_Como sabe que tem hortelã, você nem bebeu ainda?

_O faro apurado é o primeiro sintoma da infecção.

_Ele vai morrer doutor?

_Na melhor das Hipóteses sim.

_Como melhor hipótese? Não tem cura para parar essa coisa?

_Infelizmente, comecei as pesquisas agora, não tenho nada pronto.

_Não pode ser! Já perdi meu irmão, agora você!

_Vá embora daqui, Suzan, eu já estou morto mesmo.

_Não vou deixar você aqui, temos que procurar um médico.

_Ninguém vai sair daqui, não posso deixar que divulgue minhas pesquisas.

_Sai de perto dela, seu monstro.

_Calma meu cãozinho, você ainda vai me agradecer por estar tão forte. Eu não vou fazer nada com ela, você vai.

_É? Então o primeiro será você...

_Não faça isso Jordan, não mate ele.

_Será que ele morreu? Não acredito que fiz isso, agora vá, saia daqui, os outros vão sentir o cheiro de sangue do doutor e virão atrás de nós.

_Como você sabe de tudo isso?

_Não sei dizer, apenas sei. Já estou sentindo mudanças no meu corpo, vá agora, antes que eu faça alguma besteira.

_Mas, mas...

_Vá Agoraaaaa!

_E agora o que eu faço? Não enxergo nada, penso que é por ali, sim, sim, é por ali. O portão, está trancado. Ali tem uma abertura. Graças a Deus.

2 Anos depois...

_Alô Gabriel, não vou sair hoje.

_Mas Suzan, já está na hora de você voltar para vida, a polícia conseguiu eliminar aquelas coisas, esse trauma uma hora vai ter que passar.

_Duas daquelas coisas eram meu irmão e meu melhor amigo, e também estavam lá quando a polícia entrou. O pior de tudo que não pude nem ao menos enterrá-los.

_Mas Suzan, você sobreviveu e com seus relatos, evitou que tivessem mais vítimas e aquilo tudo foi destruído.

_Eu sei que você está certo, mas preciso de mais um tempo e... Só um minuto, tem alguém na porta, vou ver quem é.

_Está bom eu espero.

_Daniel! Você não morreu? Como sobreviveu? Como me achou? Você está bem? Que alegria, deixa eu te abraçar. Daniel, não aperta muito, está me machucando, está doendo... Não me morda... Não me Machu...

_Alô Suzan. Suzan, Quem chegou aí? Suzan, ta tudo bem?

_Alô, Aqui é o Daniel, a Suzan não vai sair hoje.

_Quem ta falando?

_Oi Gabriel, ela conhece seu cheiro?