Eliminação

[História vinculada: "Operação Hochburg"]

E quando a Reichsraumschiff (RR) "Eroberer" estava ainda a 100 mil km de distância da Lua, o radar acusou um outro veículo, vindo em direção contrária. Entre a incredulidade e o terror, os tripulantes da espaçonave compreenderam que só havia uma explicação para aquilo - e no que isso implicava.

- Tem que ser um truque... - murmurou o major Kurt Wendlinger, comandante da missão do Großes Deutsches Reich, rosto pálido.

- Se não for, elas chegaram primeiro - retrucou secamente o engenheiro de voo, capitão Christoph Altermann.

- Tem que ser um truque... - repetiu Wendlinger. - A nossa tecnologia é superior à delas! Partimos antes!

- E mesmo assim, aqui estão elas, no caminho de volta - filosofou Altermann.

O piloto, tenente Wilfried Tischendorf, que até então apenas acompanhara o diálogo dos seus superiores, arriscou uma pergunta:

- O que fazemos agora, comandante?

Ao ouvir aquilo, Wendlinger pareceu recuperar a primitiva determinação que o conduzira até o comando da Operação Morgenstern:

- Vamos abordar a nave delas... e tomar o que é nosso por direito! - Declarou, punhos cerrados.

- Não somos um veículo de combate - ponderou Altermann. - E nossa capacidade de manobra é limitada.

- Se não pudermos abordá-las, vamos destruí-las! - Vociferou Wendlinger.

* * *

A bordo da "Krasnoye Nebo", rumando para a Terra, a piloto, tenente Stella Yevgenievna Yolkina foi a primeira a perceber a mudança de rota da RR "Eroberer" e alertar a comandante, coronel Lisenka Nikolayevna Burmakina.

- Comandante, os nazis estão alterando o curso.

Lisenka inclinou-se sobre a tela de radar e franziu o cenho.

- Estarão tentando nos interceptar?

- É o que parece, comandante.

A engenheira de voo, major Alla Afanasievna Yerzova, desviou os olhos das anotações que fazia em seu diário pessoal e comentou:

- Devíamos prever que iriam entrar em desespero...

- E previmos - retrucou Lisenka. - Para que acha que incluíram pistolas automáticas nos nossos kits de emergência?

- Teoricamente, - prosseguiu "Alya" Afanasievna - para nossa defesa caso caíssemos em alguma região hostil na Terra. Não para usar na Lua... ou, pior, no espaço.

- Mas as armas funcionam no vácuo - disse Lisenka. - Os cartuchos possuem um oxidante, portanto, não necessitam de atmosfera.

As três mulheres entreolharam-se apreensivas: se estivessem em situação contrária, tentariam um tudo ou nada para impedir o inimigo de completar a missão?

* * *

- Não estão tentando fugir - comentou Tischendorf após concluir a mudança de curso que os havia emparelhado com a "Krasnoye Nebo", mantendo cerca de dez metros de distância para o outro veículo.

- Devem estar com pouco combustível - ponderou Wendlinger, acabando de vestir o traje espacial. - Afinal, estão voltando da Lua. Nós, por outro lado, temos o bastante para essa manobra.

Afivelou a pistola Luger no cinturão de ferramentas e antes de encaixar o capacete do traje, repassou o plano:

- Eu vou sair e as ponho na mira; não irão arriscar-se a tomar um tiro nos tanques de combustível e ficar à deriva. Em seguida, Altermann fica no meu lugar, enquanto faço uma caminhada espacial até a nave delas. Com uma arma na mão, dificilmente tentarão reagir. Se nos derem a carga voluntariamente, ótimo. Caso contrário, explodimos a nave com tudo o que tiver dentro.

- E se nos derem a carga, sem luta? - Indagou Altermann.

- Atiramos assim mesmo - retrucou Wendlinger. - Nada de testemunhas!

Fechou o capacete e se dirigiu à câmara de descompressão. Aguardou até que a luz ficasse verde, e quando estava prestes a abrir a escotilha que dava acesso ao exterior da espaçonave, o rádio do capacete deu sinal de vida.

- Comandante, comandante... elas estão virando!

O sangue de Wendlinger gelou nas veias.

- Manobra evasiva! Manobra evasiva! - Gritou.

Tarde demais.

A "Krasnoye Nebo" havia girado sobre o próprio eixo, apontando seus propulsores para a "Eroberer". No instante seguinte, eles foram acionados.

[Continua em "Roleta russa"]

- [22-08-2017]