A Viagem 

A idéia da existência do espaço sideral sempre fascinou Mark, e desde criança olhava sentado em alguma pedra da empresa de seu pai o espaço infinito.
Nos longos serões em que seu pai trabalhava, levava Mark, e em altas horas, na hora de ir para casa, sempre ouvia atento o que Mark dizia, observando as estrelas.
Passou a infância e no meio da adolescência, ainda Mark não perdera o fascínio pelas noites, e foi quando tudo começou a acontecer.
Era normal naquelas vigílias, Mark ver luzes vindas em direção a terra, e mapeara em que ponto descia, suas cores, suas velocidades e até ouvira algum barulho, em algumas oportunidades.
Era o início do verão de 1985, a noite era quente, abafada na verdade, como se houvesse prenuncio de chuva, mas sem nuvens no céu, apenas uma leve brisa... Logo depois da meia noite a brisa transformou-se em vento e uma nuvem de poeira cobriu o céu diante do olhar assustado de Mark, então aqueles tremores de terra sacudiram levemente a região, para meia hora após, tudo voltar ao silencio absoluto, nem vento mais e nem chuva, o ar perdera metade de sua temperatura e ate uma brisa fria pousava sobre o rosto de quem ao relento estivesse.
Mark e seu pai, foram para casa ouvindo as noticias no rádio do carro, e pela primeira vez Mark ouvia a expressão Falha Geológica do Equador,  e o mais impressionante para ele, estava exatamente a poucos kilometros da empresa de extração de pedra de seu pai.
Mark estava pronto, determinado ele calculou qual seria o dia para ir até o lugar desta falha geológica.
O sábado amanhecera com um exuberante sol, o dia era claro, a temperatura amena, ele esperou seu pai ir para a empresa e depois com sua mochila cheia de alimentos e água foi exercitar suas tendências para a aventura, iria encontrar o local da falha.
Ao largo da imensa indústria passou e a deixando para trás foi durante toda a manhã a caminho de sua descoberta.
Entre montanhas, planícies, volta e meia pegava o esboço de mapa e conferia as distancias e pontos de referencia.
A manhã passou, veio e foi a tarde, e ao lado de uma gruta Mark acampou, armando sua pequena barraca, tinha consciência de que seu pai não o procuraria, porque estava avisado de que dormiria na empresa se demorasse em sua exploração e anoitecesse no caminho.
Mark deixou uma pequena fresta aberta na entrada da barraca por onde olhava o infinito do espaço, e foi por onde ele avistou o objeto alaranjado, vir em sua direção e a poucas centenas de metro mudar a direção e ir com uma velocidade inacreditável contra o solo e desaparecer.
Aos primeiros raios de sol ele estava parado ao lado de uma imensa depressão no solo, e lá embaixo ao centro via-se um pequeno Cânion, rodeado de uma interminável planície, retirou o amassado mapa do bolso, esticou no chão e balbuciou olhando o cânion:
____É aqui... E sorriu.
O sol estava alto quando Mark por uma fenda no cânion desapareceu no interior da terra, ia em direção a falha geológica numa exploração sem  precedentes, apenas munido de uma velha bússola, uma lanterna para 10 horas de luz e de seu instinto aventureiro.
Em zig zag por entre rochas ele desceu, andou na diagonal, e até subiu as vezes, sem perder a noção do caminho de volta.
Na segunda hora de caminhada, olhou adiante e uma inexplicável claridade lhe chamou a atenção, mais 100 metros, escalou uma rocha e viu...
Era a coisa mais maravilhosa que ele tinha visto, uma imensa abóboda desprendia uma luz verde clara que iluminava um grande portal, e podia-se ver ao longo uma passagem num material assemelhado ao asfalto e ao fundo uma enorme catedral como de um mármore transparente.
Ao passar pela abóboda e começar a andar na passagem sentiu que flutuava e sem mudar o passo foi levado para o interior da imensa catedral.
Seus olhos embaçados viram nas pilastras que sustentavam um teto gelatinoso, inscrições incompreensíveis e no altar a frente uma luz de esfuziante beleza.
Mais acima já na parede a figura de um estranho ser e a seu lado, Mark via pelos seus olhos embaçados como se olhasse em um espelho a si próprio, como se fosse uma segunda figura para adoração.
E mais uma vez já com os sentidos com ínfimas percepções foi levado para outros lugares, sentiu a presença de outros seres, mas não compreendendo que disseram, o que queriam, e porque ele?
Depois uma luz forte envolveu seu corpo, sentiu algo quente ultrapassar sua boca, garganta e ir alojar-se em seu estomago, novamente a escuridão tomou conta de tudo, para logo depois estar diante da imensidão do universo, viajando por mundos estranhos, como em um vídeo game.
As maravilhosas infinidades de cores eram de inacreditáveis variedades, e seres, muitos seres de diversas formas e consistências.
Depois novamente algo lhe fez sorver o liquido estranho, e desta vez adormeceu.
A 200 metros do escritório de seu pai, que neste dia estava em casa, pois era tarde de domingo, o vigia acordou Mark, com sua mochila nas costas, e perguntou a ele o que acontecera.
____Estava passeando e acabei dormindo. Disse ele sem lembrar mais nada.
Quantos de nós não viajamos para mundos estranhos ao nosso, quando dormimos, quando sonhamos, ou quando sinceramente desejamos conhecer o infinito?
 
Malgaxe
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 21/03/2017
Código do texto: T5948251
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