Robert    nem quis continuar, porque é o óbvio. Quem não sabe que a Terra cheia de gás venenoso, gira! Placas tectônicas  se movimentam, unem continentes ou os separa. Quanto ao mar se agita e o vulcão vomita lavas incandescentes, isso é natural.
— Natural. Nem tanto escatológico, quanto parece?
— Isso não lhe diz nada? ‘Arrastada pela correnteza a formiga mortal grita indefesa. E se afoga aflita no dilúvio.’
— O mundo não será mais destruído por dilúvio. É promessa de Deus.
— Será dilúvio de fumaça. Esta será a última praga do Egito. A primeira praga vai ser a invasão de fungos e parasitas que invadirão tanto no reino vegetal, quanto no animal. Comerão celulose, célula e tudo que for fonte de alimento para eles.
— Fumaça? Então o mundo será destruído pelo fogo da bomba atômica?
— Provavelmente, não. Tudo que foi, um dia será de novo. As sete pragas do Egito se repetirão, mais forte, poderosas e mais aterradoras que nos tempos messiânicos. Seremos destruídos pela poeira cósmica, como no tempo dos dinossauros. E todo ser racional pedirá que as montanhas desabem sobre suas cabeças. Acontecerá que uma nuvem de negras asas fará sombra em toda a terra. ‘Onde estiver um cadáver, aí se reunirão os abutres.’
— Abutre também não subsistirá ao desastre . Talvez só as baratas.
— Isso tornará a humanidade futura, descendente de baratas? Eca!
— Tocamos um rebanho desgovernado de letras. Estamos  saindo do foco narrativo. O foco deve gravitar em torno do  personagem central. Tribulações  teremos. Não sejamos profetas da  parusia. Ademais, para este problema que levantamos, a intervenção do homem é ineficaz.
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Adalberto Lima, trecho de Estrada sem fim...