QUANDO OS MUNDOS ENTRAM EM COLISÃO

Mundos Paralelos ® – Origens.

Fim de século. – época atual.

INTERLÚDIO

Revista “LA SEMANA”, de Buenos Aires, quinta-feira 22 de abril de 1999.

MAIS UM DITADOR ARMADO.

Por Esther Raszap.

O bando de criminosos e terroristas que se autodenominam “Nação Antártica”; a nação pirata que usurpa e explora indevidamente os recursos minerais da Antártida, um território internacional, patrimônio ecológico da humanidade; testou com estardalhaço no espaço oito mísseis nucleares de cobalto na terça-feira 20 às 04:00, horário de Greenwich.

O teste foi realizado a meia distância entre a Terra e a Lua e foi registrado pelos astrônomos, que o consideraram muito significativo.

A comunidade internacional reagiu com furor, num raro consenso de que o bando deve ser punido pela ousadia.

Como fazer isso é outra história.

Exceto pelo Canadá, que cortou de imediato o comércio bilateral, é difícil um acordo sobre a resposta adequada. Ontem (quarta-feira 21), o Conselho de Segurança das Nações Unidas examinava uma resolução impondo sanções econômicas à Antártica.

Proposto pelos Estados Unidos, o texto é relativamente ameno (não sugere ações militares, por exemplo), mas a China e a Rússia ainda querem mais tempo para negociações diplomáticas.

O que se tem agora são dois problemas num só.

O primeiro, mais geral, diz respeito à proliferação de armas nucleares. Os entraves existentes simplesmente não estão funcionando. O segundo é a Antártica, propriamente dita, que teve a ousadia de levar seus perigosos arsenais nucleares à órbita da Terra.

Ninguém sabe a quê grau de insanidade os caciques da nação pirata estão dispostos para manter em pé seu modelo excêntrico de fascismo.

Não se deve confundir a aparência de “nerd” amalucado do ex-banqueiro chileno Miguel Blanes, o ditador antártico, com falta de determinação.

Ele é tratado como “Líder” pelos seus fiéis comparsas, a saber; o general de quatro estrelas Helmuth Preissler de Alemanha; o brigadeiro do ar Horácio Cardelino da Itália; o Vice Almirante Wagner Pires de Brasil, o gênio da informática Thorwold Igmar Stefansson da Noruega, criador do IS-TRES; o físico nuclear, professor de História e político Arthur Santos de Uruguai, casado com a conhecida cientista e pesquisadora médica; ganhadora do Premio Nobel de Biologia, Clara Drummond; e o gênio industrial, inventor e construtor de aviões e naves espaciais, Professor Doutor Alexei Gregorovitch Valerión da Russia, dono da poderosa INDEVAL Motores, (Industria Espacial Valerión).

Há quatro anos, o ditador era o banqueiro mais poderoso do Chile e usou seu banco para financiar o Partido da Terceira Posição do Cone Sul, que no ano passado passou a chamar-se Partido Terceirista Antártico.

A China é o único amigo do regime antártico e fez o que pôde para convencê-lo a moderar seu comportamento.

Há algumas explicações para que Blanes tenha decidido desafiar a comunidade internacional.

A primeira é a hostilidade do presidente americano Jorge Arbusto, que o identifica como um dos vértices do eixo do mal. É fácil imaginar o susto que o bombardeio atômico que destruiu o Iraque em junho do ano passado causou em Antártica.

Em janeiro deste ano, Blanes já tinha demonstrado seus maus modos com testes de mísseis capazes de atingir a Lua.

O que fazer?

Sanções econômicas não dão bons resultados contra regimes fora-da-lei. “Blanes não vai desistir de armar-se no espaço, porque acredita que a sobrevivência de seu regime depende de uma espalhafatosa demonstração de força”, disse a LA SEMANA o historiador e conferencista americano Jehudah Portman, autor do livro "O Enigma Antártico".

Uma ação militar é impensável.

Não há como os Estados Unidos localizarem e destruírem as instalações nucleares antárticas em terra e os silos nucleares orbitais, camuflados e protegidos por canhões lasers capazes de vaporizar instantaneamente qualquer cidade norte-americana.

Em caso de guerra, Washington e New York seriam facilmente arrasadas desde o espaço pela artilharia orbital antártica. No momento, o maior perigo é o mau exemplo. A experiência antártica e a reação internacional ao desafio estão sendo acompanhadas atentamente pelos aiatolás do Irã, outro regime fora-da-lei ansioso por possuir ogivas nucleares.

Entre todos os países que realizaram testes nucleares, apenas a África do Sul desistiu da bomba atômica. Em vão, Estados Unidos, China, Rússia, Inglaterra e França; os sócios originais do clube atômico e não por coincidência, também os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas; tentam impedir a proliferação do armamento nuclear.

Com a Antártica, sobe para dez o número de países com esse tipo de arsenal. Israel e Índia armaram-se nos anos 70, seguidos pelo Paquistão, que testou sua bomba o ano passado.

Foi o Paquistão, por sinal, que vendeu tecnologia nuclear à Coréia do Norte (que pretende testar sua primeira bomba em 2006) e ao Irã, que a repassou à Antártica, em troca de aviões e cientistas.

As maiores potências acabaram por aceitar o arsenal de Israel (o país, que se estima ter 200 ogivas, jamais admitiu ter armas nucleares), da Índia e do Paquistão. Em parte, isso se deve ao fato de esses países ter se armado contra inimigos bem definidos e possuírem governos respeitáveis.

Com a Antártica, a Coréia do Norte e o Irã, todos eles ditaduras imprevisíveis, a situação se torna muito mais perigosa. O temor causado pelos antárticos pode levar a Argentina, Chile e Brasil a procurarem armamento equivalente ou, cedendo à tentação, aliar-se de vez com Antártica.

No caso dos aiatolás atômicos, estes provocariam uma corrida armamentista na região do Oriente Médio. Turquia e Egito já anunciaram planos de construir reatores nucleares, teoricamente para fins pacíficos.

“A partir do momento em que uma nação sabe fazer o combustível nuclear, o custo para construir a bomba é de apenas algumas dezenas de milhões de dólares”, disse a LA SEMANA o americano Abraham Fishberg, diretor executivo do Centro para Educação em Política de Não-Proliferação, em Washington.

O maior incentivo para a popularização dos arsenais nucleares é justamente o fato de ser uma opção barata em comparação ao custo de montar e treinar um enorme exército com armas modernas.

Antártica tem um exército de terra, mar, ar e espaço estimado em meio milhão de homens e mulheres, o equivalente a 50% de sua população heterogênea de chilenos, argentinos, uruguaios, brasileiros, japoneses, paraguaios e diversos outros imigrantes da Comunidade Europeia, África do sul, Austrália e Ásia.

Com as bombas, os mísseis e os canhões espaciais, Miguel Blanes ganha poder de barganha contra a pressão internacional e pode ganhar aliados entre as nações da América do Sul, como Argentina, Chile, Brasil, Paraguai e Uruguai; dos quais compra alimentos e matéria prima.

Como pagará?

*******.

FIM DO INTERLÚDIO

Alguns anos antes...

Fim de século. – época atual.

No ano de 1992 deste Mundo Paralelo sobreveio a fome mundial, que provocou grandes distúrbios em todo o planeta.

Em 1995, uma tirania sufocou as rebeliões por meio de um golpe de estado mundial, perpetrado por um grupo de gângsters da Alta Finança, autodenominados "Grupo dos Treze", representado perante os países do Terceiro Mundo por um testa-de-ferro, o Grande Irmão, pontífice da "Unificação Mundial".

Os donos do mundo, sediados em Bruxelas, a nova Capital do Mundo, controlavam um enorme computador, com o qual a Humanidade era submetida.

Para tanto, cada habitante da Terra deveria ser marcado com uma tinta especial na mão direita ou, na falta desta, na testa, com um código de barras, sem o qual a pessoa não era reconhecida como tal pelos terminais do grande computador central, e portanto, não poderia comprar nem vender, sendo considerada um pária.

Quem não se submetesse, além de pária, seria considerado um inimigo do Estado, sujeito a ser caçado e preso, e eventualmente executado.

Alguns países do Hemisfério Sul rebelaram-se contra essa situação, permitindo a entrada de vários dissidentes do Hemisfério Norte, na maioria técnicos e cientistas, que iniciaram a construção de uma grande cidade-fortaleza no Continente Antártico, que passou a chamar-se Cidade Antártica.

Os homens livres da Nação Antártica conseguiram controlar o clima mundial desde o Polo gelado, e a "Unificação Mundial" não se atreveu a atacá-los com armas nucleares, pois poderiam provocar o derretimento do gelo, e com isso os mares elevar-se-iam excessivamente, provocando a destruição de muitas cidades costeiras, mas usava o sistema que vinha dando certo para submeter as nações que se consideravam livres: os bloqueios naval e aéreo além dos embargos comerciais.

Porque Antártica era uma nação poderosa, equipada com excelente força aérea e armas nucleares, o que a tornava uma nação indesejável, totalitária, aos olhos dos amos do mundo.

Apesar do impasse, a "Unificação" alimentava a esperança de submeter os habitantes de Antártida, cortando a raiz das rebeliões na América do Sul, Austrália e África do Sul, incentivadas por Antártida, o único lugar do mundo ainda livre de poluição.

Muitas lutas são travadas neste mundo em decadência, e esta é uma delas, onde um ultrassofisticado grupo de paladinos, conhecido como Esquadrão Shock, criado em Brasil pelo ex mercenário internacional Martin Juan Sarrazin, veterano de seis guerras em África e Asia; está atrás de um código que pode facilitar aos rebeldes o acesso às comunicações internas da ditadura e o acesso ao banco de dados do diabólico B–STATRON-999, o supercomputador dos donos do mundo.

Este mundo já não tem mais lei que a deles, e esta é uma lei injusta.

Este é um futuro provável, um futuro deprimente e impiedoso, um futuro de luta...

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Terra, ano 1998 - O Esquadrão Shock.

"Uma chuva mansa caía sobre a rua de paralelepípedos que refletiam as luzes da cidade sem alma..."

Continua em: CÓDIGO 666: A MARCA DA INFÂMIA (já publicado)

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O conto QUANDO OS MUNDOS ENTRAM EM COLISÃO - forma parte integrante do romance inédito MUNDOS PARALELOS ® – INTRODUÇÃO.

Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 07/01/2017
Reeditado em 26/03/2017
Código do texto: T5874907
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