Invasão da Terra - 2

O médico era atencioso e parecia realmente preocupado comigo. Primeiro perguntou se eu tinha alguma dor - menti que não - depois do que eu me lembrava antes de desmaiar. Ele ouvia atentamente minhas respostas, enquanto me observava, e fiquei em dúvida se devia mentir, dizer que não lembrava o que tinha acontecido. Mas Pablo estava comigo quando desmaiei e certamente já tinha contado tudo, então não tinha porque eu esconder.

- Eu e Pablo estávamos brincando no clube, quando vimos uma coisa caindo do céu - eu hesitei. A sensação era estranha, de estar contando uma memória que se dividia em duas. Eu estava brincando com meu amigo, e ao mesmo tempo tentando controlar minha descida pela atmosfera. E cada parte de mim antes da fusão parecia tão incompleta.

- Caiu no meio das árvores. A gente chegou perto para ver o que era, mas eu acho que tropecei e caí com a cabeça no chão - essa parte era completamente mentira, e eu pus a mão na cabeça, como se tivesse um machucado, e fingi uma careta - acho que bati a cabeça em uma pedra.

- Não foi isso não - o Pablo disse. Que vontade de dar um chute na canela dele para ele ficar quieto, mas não tinha como, ele estava muito longe - ela não caiu. Quer dizer, ela não caiu antes de desmaiar. Ela primeiro se agachou e encostou no meteorito. Eu disse para ela não fazer. Tem aquele filme que sai uma bolha de uma coisa parecida com aquilo, e gruda na mão da pessoa, e todo mundo sabe que a gente não encosta nestas coisas.

O médico colocou a mão no queixo, parecendo pensar. Depois continuou me examinando. Perguntou onde que eu achava que tinha batido na pedra, e encostou de leve com a mão. Eu dei um ai, como se encostar doesse, mas não sei se convenci. Ele perguntou de novo se eu ainda sentia alguma dor, e eu fiquei em dúvida do que responder, com medo de me enrolar cada vez mais. Disse que só doía quando encostava no machucado na cabeça.

- E então, doutor? - papai perguntou de forma calma, mas eu sei que ele estava ansioso.

- Não acho que haja motivo para se preocuparem, mas vou querer que ela fique pelo menos esta noite aqui, em observação. Só para ter certeza que está tudo bem. E vamos fazer alguns exames.

Ficar mais um dia ali? Eu não tinha tempo a perder. Por outro lado, dizer para minha família ou para qualquer um que tinha alienígenas chegando para destruir a Terra não me parecia uma boa ideia. Uma visão de mim mesma em uma camisa de força enquanto me davam eletrochoques me deu calafrios.

Definitivamente eu precisava de um plano.

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Ashur
Enviado por Ashur em 27/12/2016
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