UMA CONVERSA COM ANIMAIS

 
Eu tenho uma mania de fazer um parâmetro, ou mesmo uma mistura dos serem animais com o os seres “humanos” – na realidade eu acho que são todos iguais do ponto de vista como espécie da natureza, pois foram criados na mesma época, por uma evolução defendida por Darwin. Acho que toda a forma de vida veio do mesmo lugar. E que também vão para o mesmo lugar.
Um dia, fiquei pensando com o meu pensamento. Se as vidas ao “MEU” ver devem ser todas iguais, perante a forma de quem a criaram - mas porque alguns querem dar mais valor à vida “humana” como regra geral, como se ela fosse especial, por causa da sua “inteligência” mal usada e mal aplicada, e na realidade, eu vejo um mundo “humano” tendo um bom percentual composto de um dos maiores predadores do mundo. E outra parte fica rezando para a melhoria dos injustos, mas não deu resultado. A parte má continua pregando as suas injustiças.
Só que os “humanos”, matam-se entre si, para sobreviver com as suas ganâncias, e muitos por banditismo – apesar de serem poucos os que praticam o canibalismo. Mas matam outros animais até criam para se servirem como forma de alimento, usando suas inteligências, munidos de astúcias e critérios próprios, não dando chances aos predados.

Mas nós humanos temos o lado bom, somos incluídos de muita gente de bom caráter, que só matam para comer, pois assim o nosso mundo foi feito, e eu sou um deles, apesar de terem os mais puros que só se alimentam de frutas e alimentos vindos dos vegetais, e eu queria ser um desses. É por essas pessoas que eu convivo e vejo as alegrias do mundo, pois estou cheios de grandes amigos que pensam assim como eu. Este é o lado bom da vida. É uma pena, mas pena mesmo, que o mundo fosse diferente e todos nós fossemos bons, o mundo seria muito melhor para se viver.
Quando chegou a noite e eu fui me deitar, estava pensando sobre o que escrevi acima, e após dar uma pequena lida no meu livro de cabeceira, caí num sono profundo, mas acordei-me durante a noite, não tenho bem certeza se estava acordando ou ainda continuava no meu sono profundo, aquele sono REM.
Mas acordei-me ou me transferi para o mundo dos animais, não era outro mundo, pois os animais vivem conosco, são os nossos companheiros ou amigos, mas vivem aqui no nosso mundo, então acho que se não for sonho entrei para outra dimensão, mas o importante é meu conto, sonhado, imaginado, quimérico, mas que tem uma história a ser pensada.
Eu estava ali nesta outra dimensão ouvindo o cantar dos pássaros revoando graciosamente e até eu conseguia entender nos seus cantos que encantam na sua linguagem – seria mais ou menos como se eu me tivesse transformado em algum tipo de animal, não me importa qual o animal que eu era, mas me sentia assim um animal, e queria saber como seria a vida deles, que antes da minha transferência da dimensão eu era um ser “humano”, que adorava e até invejava as suas vidas de bichos. E agora eu não poderia perder tempo antes de me acordar do meu sonho ou da minha ilusão utópica eu queria ter um diálogo com algum desses animais.
Tentei pegar uma borboleta, senti um som vindo dela. Eu até pensei que borboleta não emitia som, mas emite, sim e essa que eu tentava pegá-la falava com um linguajar como se fossem estalos, e naqueles estalos, era a sua comunicação verbal. Parecia que ela queria me dizer - fale com um bicho maior, senão eu vou ter que gritar muito contigo para me ouvir, não vê que eu sou pequenina e a minha vida é efêmera, e eu tenho que aproveitá-la, e continuou no seu voo errático, se misturando e contrastando-se com a natureza pela sua cor viva.
Bem: a borboleta me deu uma pista, eu deveria buscar um bicho maior, pois eu sou do tamanho de um ser humano. Ou era.
Como eu estava na beira de um lago, vi um grande e vermelho peixe dando um salto acrobático e novamente caiu na água mergulhando e desaparecendo nas profundezas do lago. Ele falou alguma coisa rápida naquele salto exibido, mas no meu entender naquela difícil língua animal foi só para me cumprimentar, e dizer-me, que para falar comigo - eu teria de emergir do lago, mas me disse que não poderia ficar emergido, por muito tempo, e eu já sabia disso, e não seria com ele que eu iria conversar sobre o mundo dos animais. Devo continuar na minha busca.
Perto de mim passou um bicho rastejante com uma cauda longa - era um lagarto, que conhecia todo o chão e tudo o que estava nele, pois tinha um andar rastejante, como fazem as cobras - nem falou comigo. Eu achei que ele não queria mesmo era conversa fiada, e continuou explorando o solo até se meter num cano de água da chuva, pois além dele não querer falar, tinha até preguiça de fazer a sua casa, e vivia explorando algum lugar que lhe dava abrigo, como um cano. Cuidado com a água da chuva entrando no cano foi o meu alerta - não sei se ele me entendeu.
Vieram muitos pássaros, e todos queriam falar comigo, mas quando um começava a falar os outros também ficavam dando palpites, e me confundiam tudo, pois era a primeira vez que eu estava vivendo naquele incrível mundo dos animais, e aquela algazarra, não me deixaria conversar e fazer as perguntas que eu tinha sobre a vida animal. Apesar de eu não me entender bem com as línguas dos humanos que em cada canto do mundo falam diferentes ainda bem que os bichos, pelo menos na minha quimera ilusão, todos falavam a mesma língua.
Então eu falei para eles: Pássaros curtam os lindos voos de vocês, pois eu acho melhor exibirem toda essa magnitude que vocês têm beneficiados com o dom de voar. E voando, batendo suas asas que vocês ficam dando um show que os que não podem fazer o mesmo, pelo menos ficam admirando, e até com um pouco de inveja.
Acho que eles entenderam e saíram voando, e fazendo as suas acrobacias aéreas, e me deixando ali em baixo olhando para cima, admirando, como eu fazia quando eu era um humano.
Assim, me apareceram vários outros bichos como: Gatos, tatus, tamanduás, guaraxaim e todos se prontificaram em dar entrevista comigo, mas com tanta bicharada e eu sozinho com todos querendo falar comigo ao mesmo tempo, já que a maioria e também eu - não saberíamos quando haveria outra oportunidade de um ser humano, que no momento estava transvertido em um animal e com o poder de se comunicar, iria nos dar igual oportunidade. Acho que iria dar muita confusão. Acabei por dispensá-los, mas eu queria mesmo era falar apenas com um animal, e que ele conseguisse de uma forma também animal responder pelos comportamentos dos demais.
Foi quando surgiu um bonito cão todo preto da raça lavrador. Que ótimo - um cão que é um dos maiores amigos do homem e ali estava, bem perto de mim, quem sabe estava próximo por alguma razão, ou até para facilitar um pouco a nossa entrevista, porque na vida real quando o cão está junto de nós, ele quase nos entende e nós quase o entendemos, ou seja, existe certa comunicação.
E eu que ainda não consigo falar fluentemente a língua dos animais, que apesar deles emitirem sons diferentes, mas era uma língua universal - não como as nossas centenas de línguas humanas que deve ter sido alguma falha de quem nos criaram e parece que não queria que nós nos comunicássemos, e quem sabe até tivessem alguma razão para isso.
Talvez as guerras ficassem menores e restritas ao que falassem a mesma língua e seria melhor para o entendimento humano. Mas sem guerrear, não poderíamos ficar, pois somos “humanos”.
Cheguei próximo aquele cão, grande preto e com uma musculatura arrojada, demonstrada pelos seus exercícios adquiridos ao andar pelo mundo talvez pequeno dentro da sua mente desprovido de inteligência. Olhei para ele que ao mesmo tempo também estava com os seus olhos me fixando, e acomodado na posição sentado nas patas traseiras, e com os pés frontais esticados.
E eu na sua frente e ele me olhando de baixo para cima, então eu tratei de me desvencilhar da minha posição bípede e também me sentei em sua frente, e ficamos cara a cara, e prontos para começarmos a nossa grande e inédita entrevista. Então comecei a falar inicialmente com letras vogais, pois como era a primeira vez que eu participava de uma entrevista tão incomum, comecei perguntando – oi – e ele respondeu oi.

Ali estava se iniciando um diálogo insólito e raro: Como é o teu nome? Aron. Tá. Mas Aron de que? Tu já sabes que cachorro, só tem um nome, e o ser humano é que tem outros nomes e sobrenomes, mesmo assim ainda com seguem ludibriar a lei. É foi o cachorro que falou e continuará falando, não pensem que eu estou imaginando o cachorro falar. Há obrigado por me entender.
Aron. Posso de chamar de TU? É que nós humanos temos muitos formas de nos tratar, como vossa senhoria, vossa excelência, sr., tu, alteza etc.
CÃO: Eu acho uma frescura essas distinções, que vocês usam – até parece que os que têm uma distinção mais elevada, vão ter uma vida bem maior. Nós somos todos iguais perante a natureza, não temos distinções por grandeza vivemos por viver, até a nossa morte e depois dela vem outros que irão nos substituir, mas são outros, parecidos conosco e quando nós morrermos colocamos um fim no nosso círculo de vida. E temos uma vantagem dos seres humanos. Não sabemos quando a nossa vida vai chegar à sua finitude, pois não somos providos de inteligência racional.
Agora vocês humanos, tem esta inteligência e cada usa da sua forma, e algumas espécies não querem morrer nunca e pensam, pois o pensamento é livre, e que depois de morto vão continuar. Bem como depois de morto, para nós é o fim, pois não queremos ser os donos do mundo, mas queremos que ele, o mundo dê continuidade da vida renovada, mas se existir outra vida, depois que eu morrer, posso voltar e contar tudo para vocês humanos.
As libélulas que tu estas vendo hoje, não serão as mesmas que você verá, no próximo mês. Serão novas vidas, que terão também um tempo de vida atribuída, se ela não for devorada para alimentar outro alguém do mundo animal o que encurtaria a sua existência, para o equilíbrio da vida.
EU: Vocês possuem algum tipo de religião ou algum dogma entre vocês animais?
CÃO: Não temos nenhuma crença, somos vida em evolução e em substituição - até teve um humano que nos pesquisou, acho que se chamava Darwin. Pode acreditar nele. Acho até que os serem humanos também deveriam ser assim, pois evitaria muitas guerras, conflitos, discordâncias, arrogâncias e viveriam bem melhor, mas estas crenças de vocês humanos, que inventaram templos suntuosos para orar, criaram deuses, só porque acham que são melhores do que nós bichos, pois se acham espertos, por terem esta tal de INTELIGÊNCIA. E eu acho que vocês, devem ter um mesmo fim que o nosso, pois são compostos de vida, e a vida terá um fim.
EU: Acho que tu tens um pouco de razão. Como vocês tratam as formas de alimentos entre os bichos?
CÃO: Nós como cachorros, comemos o que os nossos donos nos dão, e eles sabem o que nós gostamos. Agora os outros bichos, para manter o equilíbrio das espécies uns comem os outros, e alguns são somente vegetarianos. Mas os que matam, só o fazem para comer - até tem alguns que se alimentam da sua própria espécie como, peixes e cobras. Isso tudo faz parte de um equilíbrio natural. Não tem outra forma. E vocês humanos como vocês se alimentam?
EU: Bem eu vou contar a verdade, em lhe cofiar como nós humanos fazemos para nos alimentar. Mas por favor, não fale aos demais animais para que eles não se ofendam com as nossas atitudes. Nós comemos muito mais do que necessitamos, nós também, matamos mais animais, do que o necessário usando o poder do nosso raciocínio para criar bichos exclusivamente para o nosso consumo e para ganhar dinheiro. Menos mal que os animais não sabem dessas nossas maldades que fizemos. Achamos que somos superiores as raças dos animais. Achamos. E vou te contar mais um segredo, há “humanos” que comem até carne de cães, mas fica tranquilo, esses “humanos” não vivem aqui no Brasil. Também matamos, não para comermos, os nossos semelhantes, apesar de ter alguns que já comeram. Mas matamos para roubar-lhes, ou por ganância ao poder. Claro não são todos. Existem muitos humanos com caráter, mas que bom que fossem todos com desta maneira. Que bom.
CÃO: Que coisa horrível, não vou falar para os meus amigos. O bom é que eles continuem a pensar que todos vocês são bons.
EU: Como vocês animais aproveitam a vida?
CÃO: Nós não trabalhamos como vocês humanos fazem, e ainda pensam que são inteligentes, ou seja, estamos sempre nos divertindo, pois não necessitamos de dinheiro para nada, e a nossa missão é viver por viver e para nós a felicidade, e estarmos vivos e ver tudo o que passa a nossa frente e podermos olhar, isso é ser feliz, ou seja, não precisamos tanto para a nossa felicidade, vocês é que querem demais. E olha que tem alguns cães que vivem, com mais conforto do que alguns humanos. Não precisamos viajar, até nem sabemos que o mundo é bem maior do que aqui onde estamos, e que para nós já é grande o suficiente. Não precisamos mais.
Já vivemos por milhares de anos, e não necessitamos de inventar coisas, como carros, aviões e tecnologias, e não precisamos construir a nossas casas, pois vivemos na natureza, ou uma casinha, sem móveis que ganhamos do nosso dono. Isto é porque nós não pensamos, apenas vivemos, e se nós pensássemos como vocês humanos, também nós iríamos criar uma tecnologia parecida com a de vocês. E é claro com tecnologias também bélicas, que além de vocês “humanos” matarem-se mutuamente, ainda teriam motivos para disputar espaço e poder conosco. Que loucura. Mas vocês humanos como aproveitam a vida?
EU: É: nos já começamos com um problema. Todos têm que estudar muito, e depois que completar uma formação universitária, doutorado, mestrado etc. Temos que trabalhar, também muito, para ganhar conseguir dinheiro, mas, nunca é o suficiente, pois sempre temos que ganhar mais como se este ganho fosse de uma forma infinita. Pois os humanos que inventaram o dinheiro esqueceram-se de colocar os limites. Quando trabalhamos muito, ganhamos bastante, mas o corpo manda a saúde embora, e sobra apenas um pouco para aproveitarmos à vida. É realmente uma loucura se for comparado com os animais.
Mas se ganhamos pouco, sobra tempo, mas falta o dinheiro, já que tudo deve ser comprado. É uma vida sofrida, e já estou achando a vida dos nossos amigos animais bem melhor. Se eu pudesse escolher, seria um de vocês. Achei legal as explicações e o comportamento que vocês transmitem. Mas vou ter que encerrar a nossa entrevista, porque o meu tempo aqui é limitado, e não sei se ou quando um dia eu voltarei para trocarmos mais ideias, mas se acontecer, eu vou escolher outro bicho. Apesar do bom papo com você cão preto.
Agora eu vou me cuidar para não chamar algum ser humano de mau caráter, de animal, pois assim, eu o estaria elogiando, mas se vocês animais quiserem ofender alguém da sua espécie, o chamem de “humano mau”, para preservar os nossos bons e éticos humanos com os quais eu convivo, pois eles ainda estão existindo. Adeus Aron. O sonho está chegando ao fim e eu estou me acordando, e voltarei a ser um humano. O que sempre fui.
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 13/05/2017
Reeditado em 21/01/2021
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