A segunda

Mesmo tendo namorado, a Bia não estava lá muito feliz. Sentia certa necessidade de algo novo. Entretanto, nada de diferente lhe acontecia. Ela tampouco procurava, acreditando que as coisas melhorariam. Até que o passado lhe bateu à porta e sem pestanejar, ela atendeu. Era um passado cheio de chantilly e com uma cereja em cima. Seus olhos brilharam maliciosamente, enquanto analisava a beleza daquela criatura que a rejeitara há alguns anos por alegar estar apaixonada por outra pessoa. O Beto parecia ainda mais interessante aos seus olhos cobertos por uma grande camada de carência. Além disso, ele parecia bem mais simpático e vulnerável, o que fez com que ela voltasse a se aproximar daqueles 1,80 de altura que antes vinha acompanhado de bastante adiposidade, mas que agora traziam um corpo bem mais delgado e atraente. Como tudo isso era visto? Pela mesma porta que os havia unido antes. Só que diferentemente da antiga união, a nova tinha um ingrediente a mais: a amizade. Através de muitas conversas, a Bia e o Beto se tornaram amigos e nenhum dos dois julgava o outro. O papo era descontraído e divertido e por várias vezes eles vararam a madrugada, contando um para o outro sobre seus planos, sonhos e desejos mais secretos. Alguns meses se passaram e aquilo continuou, seguido pelos autos e baixos do namoro dela e dele também, afinal, como todo bom nativo de lua em libra, ele não era homem de ficar sozinho. E quanto mais o tempo passava, mais próximos eles se tornavam, a ponto de marcarem um novo encontro. Não, a intenção dela não era de ir às vias de fato no que se refere a sexo, ainda que a atração fosse mútua. Ela queria simplesmente vê-lo de novo; agora com um sentimento cativado com paciência e persistência. Na primeira tentativa de se verem novamente ela ainda estava de férias do trabalho. Eles iriam se encontrar numa lanchonete perto de onde se conheceram, porém, no dia seguinte seria aniversário dele, então ele adiou o encontro, deixando a data em aberto. Ela se sentiu um tanto desapontada, pois criara alguma expectativa. A segunda vez foi ainda mais frustrante. Sem data certa, os dois ainda cogitavam a hipótese de marcar algo, mas quis o destino que ele, já separado da antiga namorada, conhecesse outra, com quem começou a namorar. Já sabendo o que aconteceria depois, a segunda opção resolveu não mais procurá-lo, à medida que seu relacionamento voltava ao normal. Então eles não se falaram mais.

Tom Cafeh
Enviado por Tom Cafeh em 20/09/2017
Reeditado em 10/05/2019
Código do texto: T6119901
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