O Vendedor de Balões

Mais um dia da semana. Ele se levanta num pulo, se arruma e vai pro trabalho. Seu nome é Lucio e ele trabalha como vendedor de balões no Parque do Ibirapuera.

Lucio chega ao parque logo cedo, perto das oito da manhã, lá ele monta sua banca onde tem os balões presos a uma placa de isopor. Todos flutuam ao ritmo do vento, inflados com gás. Em sua banca existem balões de todas as cores e formas. Alguns mais coloridos, geralmente cobiçados pelas crianças, outros em formato de coração, quase sempre comprados por casais apaixonados. Fato é que todos que passam observam os balões e a forma como Lucio os vende, com muita alegria e simpatia. Seu traje de palhaço ajuda a dar o ar de irreverência àquele ofício.

Lucio cumprimenta muitas das pessoas que passam por ele no parque, conhece a maioria pelo nome. Todos parecem o admirar, seja pelo seu empenho, por sua paixão pelo trabalho ou seu jeito simples de encarar a vida. Ele flutua sobre os nuances do cotidiano, sempre acompanhando o movimento do vento. É leve e inflado por sua bondade e compaixão.

Quando chegam as seis da tarde e o sol já não tem o mesmo brilho, Lucio se vê obrigado a voltar para casa. Seus passos são mais lentos e seu semblante caído. Ele não precisa mais sorrir nesse momento, pode finalmente deixar seus músculos faciais descansarem. No caminho ele passa por cima de uma ponte que por sua vez possui um pequeno riacho abaixo, ao qual ele enxerga sempre o mesmo reflexo: Aquilo que se pudesse estaria livre; Se pequenas cordas não amarrassem estaria flutuando e deixando que bons ventos o soprassem para melhores horizontes. Além disso via os balões, sempre coloridos e reluzentes. Os invejava.

Lucio então abre a porta de sua casa e dá uma boa olhada a sua volta. Tudo é quieto e em preto-e-branco. O vento ali já não bate e as cordas parecem cada vez mais apertadas. Elas o puxam para sua placa de isopor, também conhecida como cama. Lágrimas caem e sonhos se esfarelam. Lucio cumprira sua missão naquele dia. Resta saber como estará o céu amanhã. Tomara que repleto de balões coloridos, cheios de forma e voando ao curso do vento.

Marco de Souza
Enviado por Marco de Souza em 26/05/2017
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