FAZENDA SANTA INÊS

O cair da tarde na fazenda Santa Inês era um dos espetáculos mais bonitos do interior. As suas colinas verdejantes reservavam todos os dias as cenas mais espetaculares do lugarejo. A pastagem verde começava no portão da entrada da fazenda e estendia-se até a margem do rio Barbalho. O capim crescia rápido devido ao grande volume das chuvas. A fazenda comportava a família Passos dos Reis e ao seu redor pequenos casebres de agregados e retirantes. O proprietário Boanerges dos Reis herdara aquelas terras do seu pai. O seu genitor era descendente dos primeiros tropeiros que se instalaram e tomaram posse daquela imensidão de terras. A fazenda produzia leite, carne bovina e uma pequena parcela de verduras e legumes. Toda a produção era comercializada na feira livre de Villa Santana. Boanerges estava satisfeito com os resultados dos lucros. Mas ao mesmo tempo triste por causa da falta de interesse de seu filho Alex nos negòcios da família. O moleque não queria trabalhar na fazenda. Ele, geralmente, acordava cedo, mas o seu objetivo era "espionar" as lavadeiras à beira do rio. As negras vestidas com saias enormes arregaçadas até a altura do joelho. Por trás dos arbustos, Alex observava as coxas roliças das lavadeiras. A cor escura excitava o magrelo. O colo semi descoberto "hipnotizava" os olhos do adolescente. O seu pai, até então, nada sabia sobre essas "espionagens" de seu filho. Boanerges estava muito ocupado com as duas mil reses de sua fazenda. Após ser flagrado espionando as negras, Alex fora obrigado pelo pai a vistoriar a fazenda todos os dias. Aquilo foi um "castigo" muito grande para o herdeiro da fazenda. Mas em uma dessas visitas, Alex conheceu uma mulata faceira que morava após a margem do rio. Jacira conquistou o adolescente e os dois encontravam-se no celeiro todas as manhãs. Boanerges sentia-se orgulhoso agora. O seu filho fazia questão de visitar os limites da fazenda. Aquilo tornou-se uma rotina que durou meses. Porém os dois amantes foram flagrados pelo vaqueiro Marinaldo. Ele ameaçou matar o seu oponente. O marido traído foi até o celeiro e com a espingarda mirou nos dois amantes. Mas em uma atitude inesperada perdoou Jacira e ainda disse para o amante: - Senhor Alex, me desculpe pelo engano. Pensei que Jacira estava fazendo uma coisa, mas vejo que o senhor não tem malícia. Após o susto, o vaqueiro e o Alex sairam abraçados daquele lugar. Tempos depois descobriram que o funcionário da fazenda recebeu com um "brinde" uma grande faixa de terras pelo perdão da infidelidade da querida Jacira. Assim manteve-se a paz naquele "paraíso".

Levi Oliveira
Enviado por Levi Oliveira em 17/04/2017
Reeditado em 17/04/2017
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