Mi chiamo Bond, Vaga Bond

E daí? Tem coisa melhor pra fazer não? Sai! Xô! Xô! Vá sentar praça em outra praça! Num tá vendo que aqui já tem gente não? Levanta você! Estou velho; não consigo levantar mais nada, nem bengala. Ai meus tempos de espião...

Já tive muitos carros, dinheiro, brinquedos e mulheres. Ai, as mulheres... Tão bonitas que dava dó não se aproveitar. Algumas foram mortas, outras se mataram e umas mais loucas ainda tentaram ME ma-tar! Diziam que no fundo eu não gostava de mulheres. Mas que maldade! Se elas vinham a mim, por que rejeitar? Que crime é esse afinal de contas que feministas dizem que cometi? Todas as mulheres que a mim vieram receberam o que procuravam: uma noite de ‘amor’, ou quando muito poucas horas -- Mais? Juro que não tinha para dar... -- Até que veio a Vespa, aquela miserável! Não falo dos mortos. Bem ou mal não convém deles falar. Cicatrizes no meu corpo a cada reencarnação há muitas. Já fui moreno. Hoje sou calvo louro ou loiro. Tanto faz! E pela idade que tenho duvidam muitos que eu seja mesmo capaz de fazer o que de mim ouvi falar. Até eu mesmo! De tanto Martini tornei-me alcoólico e agora me encontram pelas ruas a vagabundear. As mulheres, ao me verem, balançam os ombros, dão-me as costas e, rebolando vão-se embora. E eu, velho e triste, desejo ver minhas lembranças no requebrar daquelas ancas desaparecer. Null, Null, Sieben-Seven-Sete... No fim dos dias só o Null.

Da série Contos Malandrinhos

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Revisado em 18.09.2010