Rememoração juvenil

E lá estava eu, naquela quarta-feira ensolarada, caminhando sobre a calçada, em direção à padaria, quando de repente me esbarro com um senhor de cabelos grisalhos e olhos negros. Após ter avistado aquele senhor e ter pedido milhares de desculpas, me recordei de meu avô, ah, lembranças! Meu avô era meu herói favorito entre todos os já existentes.

Foi em outubro de 2014, quando o vi saudável da última vez, ainda se lembrava de mim e sempre brincalhão. Sentamos para conversar sobre o futuro, como sempre, ele me deixou começar. Ele sempre prestava atenção em cada palavra que saía da minha boca, assim como eu sempre estava adepto a receber cada conselho que ele me dava.

Em tal dia, falamos sobre o que pretendo seguir como profissional: Arquiteto.

- Então vá, meu neto, se é isso que pretendes seguir! – disse meu avô.

Depois de dois meses e meio, meu avô já não estava bem, já não se lembrava de meu nome, nem mesmo das conversas de outrora. Aquilo me levava a uma imensa angústia, de não ter alguém para me aconselhar no caminho à vida adulta. O fato é que, a partir dali, teria de seguir meus próprios conselhos.

Depois de meu avô vir a óbito, tive que parar com a obsessão de que a vida adulta é um monstro de sete cabeças. Ali pude perceber que meu conselho estava errado. Sempre sigo a vida lembrando-me de meu avô, tentando construir um conselho que ele mesmo daria, para então continuar caminhando em paz e sem que nada me abale.