A Traição de Leila

A casa estava deserta. Os empregados já haviam ido embora e naquele horário Gaspar também deveria estar mergulhado nos lenções de sua cama sentido o calor dos braços de sua esposa. Mas aquele dia tinha transcorrido repleto de imprevistos. Sua empresa precisava fechar um acordo importante com uma grande multinacional. Acordo este, que poderia resultar num contrato multimilionário favorecendo ambas as partes. Então não foi má ideia telefonar para casa avisando que chegaria tarde. Era o que pensava o executivo ao abrir a porta da cozinha e ver se restava algo no forno ainda quente. Lembrou-se das intermináveis horas de debate no escritório da presidência e de como o tempo daquela reunião de negócios se estendeu além do previsto. Felizmente estava em casa e agora tentaria dormir um pouco, caso Leila não estivesse acordada. Tinha um casamento feliz. Afinal se casara com uma linda e inteligente mulher, mas precisava reconhecer que devido ao trabalho, não estava sendo um marido presente. Foi então que estranhos ruídos ecoaram pela casa.

Sons de gemidos roucos e abafados. Traição, pensou Gaspar. Leila devia estar com outro homem. Foi no escritório na ponta dos pés. Abriu a gaveta do meio com cuidado e retirou uma pequena chave de fenda. Rapidamente desparafusou um antigo quadro atrás da mesa do escritório revelando um cofre fechado. Girou um botão três vezes para a direita, duas para a esquerda, uma para a direita e mais quatro para a esquerda, puxou uma maçaneta para baixo e a porta se abriu. Dentro do cofre reluzia uma Magnum 45 carregada. Pegou a arma com cuidado e se dirigiu para o quarto localizado no primeiro andar da casa. Lembrou-se que seu avô matara o amante de sua esposa no próprio quarto, mas não desejava fazer o mesmo, apenas iria dar um susto no infeliz para ele nunca mais voltar. Os gemidos foram ficando mais fortes, e mais rápidos. Imaginou que Leila deveria estar no clímax da relação com o tal estranho. Imperdoável, dizia a si mesmo. Com um chute arrombou a porta do quarto e para surpresa de todos, não havia homem nenhum com sua esposa, mas outra mulher. Após gritos de susto e um minuto de silêncio uma voz se ouviu:

— Oi amor! — disse Leila ainda trêmula olhando o cano da arma apontado em sua direção. — Desculpe não ter falado antes da minha bissexualidade. Vem aqui que eu quero te apresentar a Carlinha, uma amiga da faculdade.

Olhando a nudez daquelas duas lindas mulheres Oscar se deixou conduzir pela esposa e pela outra, mas de tão nervoso e surpreso que estava deixou cair a arma no chão que disparou instantaneamente. A bala atravessou a porta do guarda-roupa como se fosse uma folha de papel fazendo tombar no quarto o cadáver de um homem loiro completamente nu. De repente sai de baixo da cama um negro pelado gritando com as mãos pra cima.

— Não me mate! Não me mate!

Gilberlandio Francisco
Enviado por Gilberlandio Francisco em 20/05/2017
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