Notas do cotidiano #5

Estávamos todos na casa de Sandy.

Era um pequeno apartamento no terceiro andar de um prédio na periferia da cidade.

Marty e Nancy eram um casal de amigos de Sandy.

Eles estavam juntos a um bom tempo, não suportavam-se, porém permaneciam juntos.

A situação nãos lhes era agradável, porém, cômoda.

Eu bebericava minha cerveja em silêncio.

Haviam outros dois amigos de Sandy. Um era seu colega de trabalho, o outro morava no mesmo prédio.

Não lhes perguntei seus nomes. Também não disseram. Melhor assim.

- Sorria, diga-nos algo Harry, esta uma noite ótima - Disse Sandy

Na verdade não estava. Era uma noite fria, ventava bastante.

Levantei-lhe a garrafa em cumprimento, não respondi nada.

Um maldito cachorro corria entre nossas pernas, tentando chamar a atenção, será que nenhum dos animais na sala percebia isso.

Mozart tocava ao fundo, achei que era Mozart. Não fazia diferença nenhuma.

A conversa fluía, produzindo um zumbido dissonante.

Sobre a estante um gato nos observava através de duas fendas.

Ele parecia saber algo que ninguém pudesse entender.

Talvez soubesse, talvez só aparentasse. Mas como vivemos em um mundo de aparências, ele estava um passo à frente.

Eu continuava bebendo. Já era outra garrafa.

Sandy e seu colega conversavam sobre algo.

Marty tentava se intrometer entre uma fala e outra.

Nancy e o cara do mesmo prédio de Sandy conversavam. Ela parecia gostar, lhe sorria de forma provocadora.

Eu continuava alheio a todos.

O colega de trabalho de Sandy se levantou se despediu e saiu.

Marty percebeu que a conversa fluía e arrastou nancy consigo porta a fora.

Eu ainda bebericava minha cerveja. A mesma garrafa.

O cara do mesmo prédio se pôs de pé e também se foi.

Por fim estávamos eu e Sandy bebendo. Logo estaria de volta ao meu apartamento. Sozinho.

Talvez o homem não tenha sido mesmo feito para viver em sociedade.

Pelo menos eu achava que não.