PRINCESA BURAQUEIRA

PRINCESA BURAQUEIRA

O sol brilhava forte nas manhãs ensolaradas de verão.

Um vento rasteiro, próprio de alto de montanha, soprava o capim baixo da invernada.

No topo das grandes pedras cinzentas, gaviões atentos vigiavam seus ninhos, pois filhotes são filhotes, nem um tem juízo.

No toco velho de jatobá, havia um olhar atento.

Uma cabeça balançando num gingado concatenado.

À medida que o sol ia subindo, aquelas penas meio que douradas, rajadas de amarelo e marrom, brilhavam nos raios de luz que do astro rei chegavam sem piedade.

De cima do toco, com o olho vigilante e com a cabeça arredondada, ela mais parecia uma gata siamesa espreitando a presa do alto da comunheira do paiol.

E olha que sempre diziam que esse animal enxerga bem à noite. E que de dia prefere passar dormindo. Mas essa eu tinha certeza, sofria de insônia ou fazia plantão de doze por trinta e seis.

Desde manhã até ao cair da tarde, aquela princesa buraqueira vigiava aquele toco com muita presteza e cuidado. Só descansava quando o companheiro aparecia e, por determinado tempo, ocupava o posto até então por ela vigiado.

No pé do toco havia um buraco, muito bem liso e com bastante profundidade. Ao lado do buraco tinha asas de besouros e de tantos outros insetos que com certeza já tinham sido devorados.

O topo do toco era todo pontiagudo de tanto a princesa buraqueira ficar beliscando com suas unhas afiadas, enquanto vigiava a tudo e a todos que estavam ao alcance de suas vistas.

Eu, menino peralta, passava horas por dia observando o ritmo de vida das corujas buraqueiras nas manhãs e tardes quentes de verão.

Hoje percebo como era bom aquele tempo!

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 24/03/2017
Código do texto: T5950804
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