A FOLHA DE COUVE

Tô me lembrando aqui de uma situação interessante que ocorreu há mais de cinco anos ali na fazenda do nosso amigo o doutor Geraldo Roberto Gonçalves.

É um terrenão e tanto, com uma Haras de primeira, gado leiteiro pra todo lado e uma pocilga de fazer inveja em qualquer um, além do pomar sempre carregado. Mas, o doutor muito observador, viu que faltava algo interessante que era uma hortinha mais pros fundos da casa principal.

Os dias foram passando e sempre pensando como ia fazer pra carpir e estercar aquele pedaço de terra. Pensou no que plantar e decidiu um pouquinho de quase tudo e sempre estava lá na fazenda aproveitando finais de semana.

Os canteiros ficaram prontos, com esterco de boi e só faltavam mesmo as sementes, ou mudas do que fosse plantar.

Então ocorreu que o doutor lembrou-se de uns orientais chineses que tinham arrendado uma fazenda, mais acima da sua, e lá cultivavam hortaliças e vendiam no mercado.

Um dos chineses que ali lidava com a plantação tava sempre por perto, mesmo que eles fossem muito reservados na prosa, mas o tal Tanakara Kenada recebeu a visita do doutor Geraldo e andou dando umas dicas de como plantar e ter aquelas melancias grandonas, aquelas cabeças de repolho exageradas, e o alface que parecia dois ou três pés em um... Mas, o doutor estava muito interessando na couve de onde se podia tirar umas mudas ao invés de plantar aquelas sementes híbridas.

O China, muito gentil pegou uma quantidade boa de mudas e deu ao doutor, recomendando mudar o esterco de gado pra um outro....

Com paciência, nosso plantador de horta muito empolgado com a didática oriental fez canteiros novos e passou a aproveitar do esterco e água da pocilga que tinha por ali... no inicio o odor nada agradável, mas imediatamente o resultado foi um espetáculo!

As mudas cresceram e aquilo foi despertando curiosidade na vizinhança que ia lá só pra ver a horta de couve...

A Fazenda mais parecia um centro de peregrinação. E a fama correu pra todo lado que ali tinha uma horta com algo nada comum...

Muito satisfeito com as visitas, o doutor recebia as pessoas e até dava uma folha de couve pra cada visitante, quando era possível colher. Só uma folha, pra não dizer que saiu dali sem ver e levar aquela maravilha.

Naquela época, na redondeza não teve quem não tivesse visto ou sabido da couve daquela fazenda...

Me lembro que numa das visitas, ganhei uma folha desta planta que levei pra casa, e chegando lá minha mãe não acreditando ser uma folha de couve, custou a aceitar fazer pro almoço... Cortou a folha como sempre fez, afogou com bom tempero e daquela folha nós almoçamos e jantamos três dias, tendo ainda sobrado um pouco....

Era uma folha enorme de mais ou menos uns três metros de largura por três de cumprimento...

Depois disso, e com a saída dos chineses ali daquelas paragens, nunca mais se viu nada igual nas Minas Gerais...

André Almeida
Enviado por André Almeida em 20/03/2017
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