O PATINHO MALVADO

Mal o sol começava a se levantar para iluminar um novo dia. E lá iam eles, alegres gingando e seguindo suas mães com destino ao rio. Eram inúmeros e muito parecidos uns com os outros em sua maioria, mas, Quaquinho, embora amarelinho e peludinho como os outros, tinha algo diferente. Era um patinho malvado.

Quando todos flutuavam e se banhavam, tranquilamente. Ele mergulhava, levantava e derrubava os irmãos e amiguinhos de surpresa quase os afogando.

Entre todos os que ele perseguia, havia um marrequinho mais velho e solitário, Juninho, a quem ele odiava só por ser diferente, e era o que mais sofria com suas maldades,em quem já havia aplicado uma tremenda surra, somente porque ele tentara abrigar-se debaixo de sua mãe

À noite, quando seus irmãos aqueciam-se sob a mamãe pata, os expulsava empurrando-os com a cabeça e bicando seus rabinhos, isso sem contar que não os deixava se aproximar dos grãos de milho que eram servidos pelo tratador do parque.

- Quac, quac – imaginava ele qual brincadeira de mau gosto iria aprontar com os outros, divertia-se vendo-os sofrer, e sendo assim tão mau, claro, ninguém gostava dele e até o evitavam, de modo que não tinha amigos nem entre seus irmãos.

Àquela tarde de verão o céu se cobrira de negro, uma grande tempestade se anunciava, e Quaquinho querendo se passar por corajoso. Permanecia no rio mesmo depois que sua mãe e seus irmãos, avisados pela mãe natureza, já haviam buscado abrigo em um tronco oco de uma árvore. Ele, entretanto, seguia mergulhando e se mostrando, e de vez em quando, saía d’água aproximava-se do grupo, sacudia-se, molhava a todos e voltava quaquarlhando para o rio.

Então a chuva que começara a cair na cabeceira foi aumentando a força da correnteza de maneira tal que começou a arrastar tudo pelo caminho, e pelo caminho quem estava?... Quaquinho.

Quando ele se deu conta, já não tinha como sair do rio. Sua mãe desesperada tentava segui-lo pela beira, tentando salvá-lo, mas era inútil, pois se entrasse no rio seria também arrastada, todos gritavam, o pânico era geral.

Era o fim daquele irmão e amigo malvado, pensavam todos, e alguns estavam até gostando, pois iam ver-se livres dele.

Porem Juninho, o marrequinho, que do outro lado à margem assistia a tudo, mesmo tendo-o como inimigo, sentiu dó de sua situação, ele não gostava de Quaquinho, mas não queria vê-lo morto.

Seu coraçãozinho começou a bater mais forte, e quando um galho grosso passava levado pelas águas, não titubeou saltou sobre ele. A essa altura Quaquinho, quase sem forças, encalhara em uma poça que se formara à beira do rio e já ia ser novamente arrastado quando Juninho saltando do galho, segurou-o pelo pescoço com o bico e usando, uma força que não sabia de onde vinha, conseguiu tirá-lo d’água deixando-o sobre a grama. Quaquinho, porém não se mexia nem respirava, sua barriguinha estava inchada, havia bebido tanta água que talvez estivesse morto- pensava o marrequinho - mesmo assim começou a pisar repetidas vezes sobre ele, que aos poucos ia colocando água bico a fora.

Quando sua mãe finalmente os alcançou, ele já abria os olhinhos e a primeira coisa que viu foi Juninho com a patinha sobre sua barriga, então entendeu que ele o havia salvado.

Depois daquele dia passou a ser um patinho bom e amigo de todos e, principalmente de Juninho, que também descobriu de onde viera a força que tivera para salvar aquele que nem era seu amigo.

Ela viera do perdão.

(Registro número 299.511 - livro 544 - folha 171 do Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional

Jogon Santos
Enviado por Jogon Santos em 06/04/2017
Reeditado em 19/11/2020
Código do texto: T5962900
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