Aventura do lobo - parte II

       Eu, considerado por todos como "lobo mau", nunca senti o perigo tão perto de mim quanto naquela tarde fria de dezembro. Dia em que eu tentei armar uma grande cilada para a "Menina de chapéu vermelho", dia em que imaginei impedir que muitas outras vezes, a netinha pudesse levar guloseimas para a sua vovozinha, dia decisivo para a minha vida.
       Ao acordar com várias espingardas apontadas para mim, ver a morte à minha frente e tremer de medo... Tudo veio à minha mente como uma retrospectiva de vida. A verdade é que eu não queria morrer daquela forma. Tremia de medo.
        Então, pensei na avozinha, amarrada e amordaçada no frio quintal da casa, pensei na menina que não mais passaria pelo bosque. Mesmo a menina tendo escolhido ir pelo caminho não indicado pela mãe... Pensei na morte!
       O que seria de mim? Eu seria alimentação para hienas, raposas, tigres e outros animais. Esse filme que vi se passou em segundos pela minha mente. Os caçadores assumiram o controle da situação. O primeiro caçador, de espingarda apontada para mim, perguntou:
       - Lobo traiçoeiro, dessa vez não escaparás da morte. Chegou a hora do acerto de contas.
        O segundo caçador, muito zangado, gritou:
       _ Vais pagar caro pela morte da avozinha da Menina do Chapéu Vermelho. Há tempos que espero a chegada desse momento... Matar quem visita o pasto dos pais dessa menina e devora os animais de lá.
       E eu, mudo de medo, pensei: "Eu só como carnes... Não queria ser assim... Também não queria ter esse fim.
       Nisso, o terceiro caçador gritou:
       - Pessoal, eu escutei um gemido vindo do quintal da casa. Era a avozinha da menina que havia conseguido escapar da mordaça e estava pedindo socorro. A Menina do chapéu vermelho foi a primeira a sair em disparada e ao chegar ao quintal, gritou:
       - Socorro! Corram! A minha avó está viva!
Naquele instante, todos se viraram para ouvir os gritos da menina e o caçador que estava perto da porta correu para socorrê-la. 
       - Aproveitei o momento que todos olharam para porta e pulei pela janela que dava para o bosque. Corri, corri, sem olhar para trás. Só parei para degustar um animalzinho que encontrei no caminho. Entrei no bosque e decidi nunca mais chegar perto dos humanos - disse o lobo.
 
Joyce Lima
Enviado por Joyce Lima em 25/02/2017
Reeditado em 19/04/2020
Código do texto: T5923493
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