A FONTE ato 18

A FONTE ato 18

O vidente olho de dragão

está disfarçado nas luzes que fogem

vagando nas ondas de coisas escuras

que atravessam sua carne

cortam seu espírito

ele não mais está vendo nada

sua "sorte" ficou gravada nas pedras

como ferro fundido pelo caminho

pelo caminho não volta

pelo caminho que foi perdido

não volta pelo destino passado

o passado é uma memória fraca

busca coerentes busca coisas doentes

quer o presente caindo a frente

como coisas doentes que vivem

no passado buscando coisas

do caminho que nunca volta

a ponte os pedaços das velhas

tábuas estão todos soltos

as cordas desafiam o medo

o medo desafia todo embaraço

do precipício abaixo

segura as cordas elas estão lisas

como serpentes agarram seus pulsos

torcem seus dedos ele está fraco

abrem-se olhos que voam

nas brumas crescendo no vácuo

de tudo no vazio de tudo

a um submundo perverso que fala

que conhece o segredo por ele

guardado que mostra o veneno

que ele deveria ter extirpado

no começo de tudo ela era

a flor descoberta a prostitua paga

para ser a ama dos pesadelos

do que foi para sempre

ela era a casa que podia guardar

o novo presente do futuro

que podia permitir voltar

quem ele amava

ela teve um filho

ela o desagrada

no mundo do caos

ela gerou o próprio fim dos seus dias

ele via o fim dos seus dias

crescendo num corpo estranho

parecido o que parece fica

ofendendo o que ofendia era seu filho

quem destruiu meus sonhos

era ela quem deveria sentir

a força guardada na alma

era um calor no sangue

"eram estrelas explodindo

no reinado do sol nada fazia

mais sentido" ela deveria ir ao inferno

o inferno está abaixo pensava ele

devo enterrar este destino

ofereceu a pureza de mãe

ofereceu o milagre da vida

ao demônio quando dela

desfez seu mito de Adão sobre a terra

as serpentes penduram seu corpo

de frente a uma forca

a forca está perto do corpo

há uma tábua entre outras

que tem algo profundo

o mundo todo desde o inicio

tem um nome escondido

diga o nome que está escrito

quem está escondido

quem permitiu a destruição do mito

diga o nome que está escrito

repetia várias vezes o dito

diga o nome que está escrito

ela mal ouvia mal sentia

de olhos quase cegos

do veneno das presas nas veias

dilacerando sua carne

diga o nome que está escrito

ele está mordendo seu lábios

a forca está no dorso

suspende sua cabeça pra cima

ele lembra da morte do pai

depois do fim da familia

da casa inteira entregue aos

ratos famintos

da fuga correndo pela miséria

do mundo que conhecia

foi buscar uma saída

pra inventar o mesmo mundo

dos lençois vertendo sangue

criou a mortalha do regresso

do excesso permitido por ela

nasceu a verdade escondida

diga o nome que está escrito

antes da corda comer sua garganta

de olhos rente a tábua

o medo a vertigem o pesadelo

a imagem das cenas criadas

era o nome que estava escrito

a forca prende seus braços

abre suas últimas forças

num grito horrendo

disse o nome que estava escrito

era o mal dito que ficava

ainda falando depois da morte

ter enterrado o corpo

no começo de tudo

depois do oratório de luto

ainda via Ela de olhos abertos...

...sorrindo.

MÚSICA DE LEITURA: UFOMAMMUT - sulphardew

João Marcelo Pacheco
Enviado por João Marcelo Pacheco em 19/11/2016
Reeditado em 20/11/2016
Código do texto: T5828026
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