O SÍMBOLO DA CAVEIRA
NA MINHA DOENÇA
 
 

                 Voltando aos contos antigos. Este aconteceu em 1959 na cidade de Porto Alegre/RS. Meus pais alugaram um porão em baixo de uma na casa na Rua São Francisco, onde tínhamos que descer uns quatro degraus até chegarmos ao habitável porão.  
                Eu estava com 16 anos ainda, era um guri tão fraco que segundo os curandeiros antigos eu não iria me criar. Contrai uma gripe perversa e complicada com febre alta, fiquei tão mal que perdi a noção do tempo e só gemia e parecia que ali naquela cama seria meu fim. Fiquei mais convencido quando olhei uma toalha pendurada na parede, bem na minha frente. Eu fiquei olhando para ela, porque estava na altura dos meus olhas, quando a toalha transformou-se numa caveira e eu olhando para, aquela caveira ameaçadora, pensei: seria uma forma de a morte estar me chamando? Tentei gritar para os meus pais que estavam na cozinha para que eles viessem e tirassem a caveira ou a toalha  da parede, mas a voz não saía, pelo pavor, pela alta febre e pela consciência estar se ausentando. Seria um duelo entre o querer viver e a morte querendo me levar? Continuei tentando gritar e esperneando, senti que a minha voz salvadora e um pouco inaudível apareceu e o pai ouviu e veio correndo ao quarto e viu que eu estava muito mal e eu apontei para a caveira e pedi que ele a tirasse o mais rápido possível. Quando ele pegou a toalha eu dei um grito com o corpo tremendo, não sei se foi por medo ou tinha vencido a morte que se fazia presente. Deram-me um chá e veio a minha mãe  me abraçando e perguntou ao meu pai o que tinha acontecido? E ele respondeu:  o Neri só pediu para retirar a toalha da parede e quando eu fiz isso ele deu um grito, mas parece que esta mais calmo.
                Naquele dia eu comecei a melhorar, e posteriormente iniciei a praticar esportes. A caveira tem como simbologia uma mudança, transformação e início de um novo ciclo e isso aconteceu comigo com uma mudança para o melhor através do esporte. Estou com 75 anos, fazendo judô e corridas de rua.  Os curandeiros se enganaram, e a caveira, era apenas uma toalha. A minha doença e a minha mente é que transformaram essa toalha, por algum motivo.  Este conto foi revisado quando completei 78 anos em 2022.   

 

Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 14/06/2017
Reeditado em 26/01/2022
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