SÍNDROME DE WALLACE

A minha casa de veraneio esta situada num condomínio fechado... Um lugar onde convivo com outras pessoas de várias cidades e estados e alguns de outros países... Lá conto as minhas histórias vividas nos meus 73 anos e também ouvindo outras histórias. Porque cada pessoa tem a sua própria historia. E algumas delas são interessantes pelo seu conteúdo principalmente quando essas pessoas têm idades similares a minha e que a vida lhes reservou grandes conteúdos históricos.
Eu como gosto de escrever reservei fatos inéditos e aqui vou citar um conto de um ex. morador, in memoriam que também tinha uma cabana de veraneio. Era uma pessoa, muito gentil e colaborador com os demais moradores e seguidamente fazíamos alguns encontros de almoços e também usávamos a praia onde as conversas eram trocadas. Vou omitir nomes em preservação da sua identidade e da sua família.
Este meu amigo era oficial do exército reformado, era culto e gostava muito de contar as suas histórias de vida, e eu apreciava seus relatos e me portava bem em escutá-las. Numa ocasião ele falou do seu filho! Quando ele era criança antes de completar cinco anos, estava brincando com outros meninos em frente ao seu apartamento... Quando uma daquelas crianças encontrou um revólver escondido, e ao manuseá-lo como se fosse uma parte da brincadeira apontou para a cabeça do seu filho, acionando o gatilho ainda por de brincadeira, mas a arma era de verdade, estava municiada e acabou disparando causando a morte instantânea do seu filho. Assim fiquei sabendo de uma parte lamentável acontecida na vida do nosso amigo militar.
Mas na continuação fiquei ainda mais chocado. A tragédia não tinha terminado... Ele contou-me que a sua esposa não conseguiu absorver a tragédia, entrou em profunda depressão e acabou contraindo um câncer no cérebro que a levou a óbito pouco tempo depois de ter perdido o filho. Como isso não bastasse e por ser militar o meu amigo numa instrução com armas, ainda não totalmente recuperado pela morte precoce do seu filho levou um tiro por acidente na boca e foi hospitalizado mas recuperou tão bem que eu não conseguia notar a cicatriz.
Por estar viúvo teve que assumir a criação das duas filhas, que moravam com ele, que contava histórias delas e de seus namorados. Na sua viuvez iniciou um romance com uma advogada do interior do estado. Eu e minha esposa tínhamos um bom relacionamento com este novo casal e sempre íamos juntos nas festas oferecidas pelo condomínio. Era um casal que posso dizer bem feliz. Mesmo tendo os infortúnios que a vida lhe apresentou como desventuras. Mas teve outras aventuras com bons desfechos e talvez por isso a felicidade o acompanhava.
Mas a sua história de desventuras continuou com a sua própria morte por um fulminante ataque cardíaco quando estava sesteando á tarde na sua casa com a idade aproximada de 68 anos. Uma morte rápida que levou junto as sua história. Mas deixou outras que ficamos sabendo após seu óbito. E estas são as mais misteriosas.
Quando o condomínio tentou avisar as suas filhas da sua morte, pois todos sabiam que elas moravam com ele... Mas quem atendeu ao telefone por incrível que pareça foi seu filho! Mas como se ele morreu com um tiro!... Mas ele estava vivo era adulto e foi o encarregado de buscá-lo no Condomínio. E o mistério foi sendo revelado aos poucos. Sua esposa não tinha o motivo para ter morrido de câncer... Também estava viva... Seus três filhos e sua mulher estavam vivos. Esta é a melhor parte deste conto. O militar não tinha cicatrizes na boca, porque não tinha levado nenhum tiro. E as suas filhas moravam com a sua mãe.
Então pesquisando nos meios médicos descobrimos que ele era um ser que sofria da síndrome de Wallace...Um mitomania que é um transtorno psicológico...Um ser que vivia na fronteira das verdades e das mentiras... E quais seriam as verdades...? Ou eram mentiras. Bem a sua mulher e seus três filhos eram verdades. Quero dizer algumas verdades existiam.
Abril/2017 (correção: Atualmente em 2021 estou com 77 anos)


Sem edição...são assim.
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 13/05/2017
Reeditado em 21/01/2021
Código do texto: T5997815
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