Cenas do Armagedom desfilaram em sua mente.
‘Viu sete anjos e sete candelabros em volta de suntuoso trono. No meio dos candelabros, alguém semelhante ao Filho do homem, dizia: ‘É chegada a hora!’ Escreve, pois, o que viste, tanto as coisas atuais como as futuras’.
O primeiro anjo apocalíptico  tocou a trombeta. Saraivada de fogo percorreu o interior da nave.  O anjo abriu o sétimo selo e em vez de silêncio, ouviam-se gritos, alaridos e pedido de socorro. Muitos fizeram o que não podia ser feito: levantaram-se, tentaram arrumar a bagagem que caia sobre suas cabeças e foram atirados contra a fuselagem. Fernão viu-se sentado a uma mesa no panteão da memória com o livro da vida aberto no colo. Diante de seus olhos páginas amarrotadas e o rascunho de sua vida que esperava ser reescrito.  Pesava-lhe a dor de ver tantas páginas em branco... Quantas vezes virara o rosto para esposa e maculara pureza dela com infâmias e desdéns!... Quanta vezes ele teve a oportunidade de refazer a própria história... Desejou abraçar Vanini e sentiu-se na pele de Melenau viajando no mesmo barco com Páris. 
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Adalberto Lima, trecho de Estrada sem fim...