O SEDUTOR

Foi um amor inexplicável, Lúcia jamais se imaginaria amando Eduardo, embora gostasse do seu lado intelectual. Admirava os homens intelectuais de meia idade. Era esse o jeito de Eduardo.

Mas por outro lado ele tinha um jeito meio cafajeste, sedutor que nada lhe pareceria sério. Lúcia era uma mulher delicada, mimada, um tanto quanto autoritária e decidida. Pouquíssimos homens conseguiam mexer com seu coração.

Mas Eduardo conseguiu. Fazer daquela razão um sentimento, a ponto de deixar Lúcia desestruturada no seu modo de ser e pensar.

O tempo foi passando e Lúcia foi ficando cada dia mais apaixonada, o que Eduardo talvez não gostasse, pois ele não queria comprometesse. Mulher para ele era para atender seus caprichos encher seu ego. Apesar de Lúcia não pensar em casamento, mas pensava que namorar fosse um comprometimento, uma troca de amor ou paixão sem papeis e sem igreja, apenas um namoro respeitável.

Claro que a sociedade não admite certas coisas, mas ela não estava preocupada com a sociedade era assim que ela pensava. Participar da vida do Eduardo em todos os momentos e vice versa.

Enganou-se, ele a queria apenas para seu prazer e não para a sociedade. Foram três anos de expectativas e de esperanças, quando ela percebeu que a cada semestre existia alguém novo e quando tudo acabava era a ela que ele recorria, endurecia e depois cedia e o aceitava de volta sempre na esperança que ele tivesse se arrependido e mudado o seu jeito.

Foi nestes vai e volta que um dia Lúcia saiu da casa dele com raiva dela, percebeu que mais uma vez ela tinha sido a idiota da história. Não poderia ter sido a sensação pior da sua vida, uma pessoa que sempre se amou tanto, agora sentia raiva do próprio eu, não admitia isso. Ficou com um nó na garganta por muitos dias. Tentou manterem-se distante embora ainda tudo indicasse que ainda gostasse dele, mas não foi dele que ficou com raiva e sim dela.

_A pior raiva que podemos ter é de nós mesmo, disse Lúcia.

Eles mantinham o contato virtual, onde continuavam as insinuações, as delicadezas as cantadas e até convites para saírem durante a semana, já que no final de semana Eduardo estaria com a namorada. Lúcia não se importou mais com nada, sabia que seria mais uma aventura dele com aquela mulher.

Curtia as postagens dela, fez amizade virtual com ela também, a convidou para um lançamento do livro de sua amiga, escrevia poesias insinuantes e foi tocando a vida. Às vezes se divertia com seus poemas indiretos. Perguntava por ela ao Eduardo, fazia chantagem para que ele respondesse as suas perguntas e como ele queria continuar conversando com ela terminava cedendo e respondendo.

Lúcia dizia: _Não te entendo Eduardo, porque você insiste em ficar comigo por aqui, se fica o final de semana todo com sua namorada.

Ele respondia: _Não só lhe quero por aqui, também a quero pessoalmente, só você que não quer.

Ah, mais depois de ter ficado com raiva de mim mesma, não queria sentir outra sensação novamente, preferia evitar. E como sabia que ele só queria encontrasse durante a semana comigo, comecei agir da seguinte forma: _ Eu aceito, mas só se for aos sábados ou domingos.

Sabia que da sexta a domingo a namora estava na casa dele e não seria possível. Era meu jeito de continuar distante e perto ao mesmo tempo.

_Não, o sentimento não estava por fim acabado, mas também não queria senti-me com raiva.

Certo dia, sua namorada ver uma foto da época que Lúcia e Eduardo namoravam e enlouquece. Exclui Lúcia de suas amizades e faz com que ele faça o mesmo.

E ele a excluiu também. Lúcia não havia entendido nada em relação a ele e insiste por telefone várias vezes, para saber o que havia acontecido, ele jamais lhe contou a história direito.

Foi louca, e acompanhou os dois por outro perfil. Divertiu-se!

Também a bloqueou, para que ela não tivesse acesso a nada seu, quando o contou, ele lhe adicionou novamente.

Só quando descobriu que tudo entre eles havia acabado, liberou o acesso dela.

Passaram um ano sem os vessem, mas conversavam todas as noites durante a semana. No domingo quando ela ia embora, a primeira coisa que ele fazia era lhe chamar por mensagem.

Era muito divertido, às vezes ele ligava a câmara e nem sempre ela deixava que a visse, somente ela o via. Um dia quase mandou a foto dele para ela nestes bate papos, para dizer-lhe que mesmo lhe excluindo não havia proibido de continuarem conversando, mesmo sendo virtual.

Passou o tempo e certo dia, Lúcia sai para ver uma exposição, Eduardo já havia convidado para que eles se encontrassem ao sábado, ela não deu resposta, mas também não descartou o possível encontro.

Ela pensou: “_Já que estou tão perto da casa dele não custa nada, vê-lo”.

Liga para Eduardo: _ Oi, onde você está?

Ele responde: _Não estou em casa, estou com meu filho na rua, mas acho que vai dar para nos vermos. Ligo para você.

Passaram-se algumas horas e como não recebe retorno e a proposta era para almoçarem juntos. Ela pensa: _ “Vou almoçar e ver a exposição”.

Quando toca o seu celular, era o Eduardo.

_Oi amor, onde você está?

_ Estou almoçando, ela responde.

_Ah, pensei que fossemos almoçar juntos, então vou comer alguma coisa por aqui mesmo e depois ligo para te pegar.

Lúcia diz: _Mas quero ver a exposição, você não quer vir?

_Não. Quer que eu vá lhe buscar ai?

_Sim.

_Daqui uma hora lhe pego.

_Mas é pouca uma hora. Vim para ver a exposição, disse Lúcia.

Ele responde: _Dar tempo você ver.

Lúcia não era nada paciente, gostava de liberdade e aquela forma dele falar já tinha deixado desconcertada.

Ela começa ver a exposição e o celular toca novamente, já estava irritada só em pensar que ele já queria buscá-la. Era para avisa-lhe que podia ficar a vontade e que ligaria quando estivesse chegando.

Realmente deu tempo ver tudo e já estava no pátio para esperá-lo, o que para ela já havia demorado muito tempo, não gostava de esperar. Quando de repente um carro se aproxima, era ele. Sai rapidamente dali, o local não era propício para estacionamento.

Ela estava fria, não o beijou como sempre fazia. Mas ele a elogiou como sempre. Ao chegar a casa a segurou forte a beijou e abraçou-a. Ela em todos os momentos correspondeu mecanicamente, não parecia mais àquela mulher apaixonada de antes. Não se sentiu bem nem mal, mas percebeu que o amor que sentia por ele havia passado, não foi a culpada, as atitudes dele colaborou para que tudo que sentia antes acabasse.

Ela estava sem paciência com ele, e achou melhor sair dali. Quis deixa-lhe algumas marcas de saudades, mas dele não quis levar nada. O que era saudades antes virou a penas, um capricho da sua parte, que foi se tornando lembranças e um esvaziamento de sentimentos.

Nunca mais sentiu vontade de encontrá-lo nem mesmo de continuar a conversa virtual.

O sentimento que ela sentia por ele era de amiga, embora ele não aceitasse. Foi isso que restou. Ela lhe deu todas as oportunidades, lhe amou como nunca tinha amado alguém.

E pensa: _Acabou, Eduardo!

_ Nunca vou esquecer o seu carinho, mas a loucura de lhe querer já não existe mais e foi você quem quis assim.

_O nosso amor foi uma colcha de retalhos que tantas vezes costurei, emendei cada pedacinho, não liguei para a cor do retalho, não dei importância aos descosidos que você mesmo cometeu.

Talvez fossemos mesmo uma história escrita em rascunho que você rasurou várias vezes e eu apenas passei a borracha, aceitei o rascunho, não me incomodei com os riscos fora do lugar, às palavras mal escritas, histórias inventadas e desculpas mal dadas.

Mas te amei de verdade!

Marlene Rayo de Sol
Enviado por Marlene Rayo de Sol em 18/08/2017
Código do texto: T6088175
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