Irmã Paola decidira dar nova direção à sua linha de trabalhado, afastou-se da assessoria ao Conflito dos Guajajaras e desligou-se da Escola Brasil Grande, para assumir missão evangelizadora em países da África. Ali, curou a ferida alheia e com a alma na mão, guardou as suas dores na gaveta. Por qual espírito estaria sendo movida agora? Por que lhe vinha à mente o projeto de casar e ter muitos filhos? ‘Deixe-se conduzir pelo Espírito’, dizia, tomando para si as palavras do Apóstolo. Mas, também está escrito: ‘O homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher...’ A ideia pareceu absurda: casar com um jogador do Saint-Ettiénne, um brasileiro que conheceu na sala de embarque do aeroporto do Rio — muito mais novo que ela? Não, não poderia sequer pensar nessas coisas, mesmo porque, embora Américo a tenha cortejado com cuidadosa atenção, não lhe fizera nenhum pedido de namoro. Nem poderia! Era consagrada a Deus com votos de pobreza e castidade. ‘Pode um homem tomar para si a esposa de Deus e não ser culpado de morte? Não figurava em seus planos morar na França. Seu projeto para o futuro seria voltar às raízes, fixar residência na Itália e escrever livros, muitos livros.’
Compreendera que a vocação para a vida consagrada é dom de Deus e alcança casados, viúvos, solteiros, velhos e jovens. ‘O próprio Deus convoca-os junto a si por sua Palavra, por seus sinais que manifestam a vontade de Deus. Sabia também que o matrimônio é vocação, e cabe ao batizado seguir o caminho apontado pelo dedo de Deus.
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Adalberto Lima, fragmento de Estrela que o vento soprou