O jogo virou.

Ele vem para, observa cautelosamente cada passo que segue em compasso com a canção. Canção que a faz dançar. Dançar em seu coração, que bate conforme a canção.

É nítido que o seu olhar espantoso e revelador, boquiaberto, parece que o mundo acabara de girar. Deve ser aquele filme, de uma história de amor interrompido por um prazer momentâneo. Um longa retratando um passado intrínseco, e, uma realidade um tanto inesperada. Já prevejo o final de tudo isso. Acaba em casa, na cama, deitado sob efeito da cana, depois de várias doses de arrependimento.

Podia ser diferente para Ele, pois é uma sexta-feira, tempo firme e início de mês. Dia propício para uma noite daquelas. Sempre bem-apessoado, carro brilhando, mantendo o nível “padrão” para uma gandaia, conveniente para o galã do clube o qual costuma frequentar e, onde mantém o seu legado de pegador. Danceteria essa, em que a sua fama e toda distração oferecida, não consegue preencher o vazio que ecoa em seu interior. Foda né?

Voltemos a balada em que Ele se encontra estático, perplexo pelo que acabara de ver.

Lá estava o Don Juan uma cerveja em uma das suas mãos trêmulas, com um semblante indecifrável, e uma postura diferente. A ficha caiu! Viu que o mundo não rodava em sua órbita, pois um dia tinha o que queria, noutro, perdera num piscar de olhos a perfeição. E o pior de tudo, é presenciar a independência de quem Ele o julgava não conseguir mais respirar o fôlego de vida sem o seu amor, atenção, “carinho”.

O jogo virou pelo visto...

Lá estava a rainha da pista, parece até uma prévia de alguma música funk, detentora de uma beleza inigualável, emanando um carisma contagiante, sempre sorridente, esbanjando glamour e sensualidade entre as amigas e os homens que ali a rodeavam, como nunca. Mostrando não só a Ele, mas, a si mesma que o momento de tristeza havia passado e que em seu coração estava decidido seguir em frente. Já não portava mais traços melancólicos em sua face, o humor era altivo, já não era mais aquela que ficava em casa e, que tinha agora um amante. A noitada.

E Ele?

Viu que o pior daquela noite, foi ter a certeza de que por um longo tempo – ou a vida toda – terá que beber umas cervejas e doses de arrependimento. Voltando para casa, repousar em sua cama, sob efeito de cana. Com a certeza de que será impossível reconquistar aquela dama.

Uma lembrança eu guardo na mente, de uma conversa com o meu velho experiente. Quando a mulher está decidida, é certo a vida do homem vir a ruína. Foda né?

Israel dos Santos Lopes
Enviado por Israel dos Santos Lopes em 27/04/2017
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