Uma Amizade Sincera

A luz do sol batia em suas madeixas, deixando-as brilhante e sedutora. Enquanto seus olhos se abrem subitamente quando ouve a voz esperada.

O coração, mente e espírito de Lívia se enchem de alegria, ao mesmo instante em que Bruna se aproxima correndo. Ao chegar a três passos uma da outra, Bruna olha para Lívia com os olhos fixos e embargados de água, enquanto Lívia já não se contém mais, e chora entre sorrisos e prantos.

De um lado árvores com folhas ilustres; grama viva e cheirosa, que se misturava com os cheiros de diversas flores que estavam ao redor do vasto jardim; pássaros cantando, borboletas voando e a luz mais resplandecedora que o sol poderia dar para iluminar as lágrimas de Lívia.

Já do outro lado, um lugar barulhento, poluente, onde se encontrava pessoas nervosas a todo instante, menos Bruna, que sempre com sorrisos e sonhos levava a vida.

Embora lugares tão diferentes, tão incomuns, Lívia e Bruna eram tão próximas quanto poderia imaginar.

Bruna olhava para o espelho com a esperança de um dia poder tocar Lívia de verdade, sem ter que correr no meio da noite até o seu estúdio de balé para poder ver unicamente seu rosto, sem ter ao menos o direito de um toque.

Contanto, Lívia já não se preocupava com o fato de querer toca-la, e sim, com o fato de poder conviver com ela para sempre, não precisando aparecer em sonhos, ou tendo que conversar com ela por pensamentos quando lhe era permitido.

Lágrimas, sorrisos, mãos elevadas ao vento por causa da limitação de um toque, suspiros longos e profundos, olhares iluminados e cheios de embargo.

Essa era a amizade de Lívia e Bruna, este era o modo como elas se viam frequentemente, o modo mais apropriado para não quebrar a barreira entre a Terra e o Céu. Uma amizade limitada, mas muito mais verdadeira que qualquer outra.

A vida deu a elas uma escolha, e Bruna resolveu enfrentar o mundo para salvar a vida de Lívia no passado. Mas já antes, elas prometeram uma à outra, que a amizade delas iria durar para sempre, que seria a amizade mais sincera e autêntica já existente em todo o mundo.

Pode-se dizer que a promessa está cumprida, e que Bruna, já tendo cumprido sua missão na Terra, poderia voltar para reencontrar Lívia. Esta foi a notícia que a jovem recebeu, quando ao sair do estúdio de balé, onde passara uma grande parte olhando para Lívia, não prestou atenção no táxi que estava a alguns metros de distancia dela, e ao atravessar a rua com uma interminável alegria de viver, foi atropelada.

O motorista saiu do carro desesperado, pedindo para que o passageiro ligasse para os bombeiros. As únicas palavras do homem foram o porquê da tal garota estar a aquela hora da noite no meio da rua. O próprio não se perdoava, e em prantos pedia desculpa a garota, que ali do lado dizia para ele não se preocupar, pois ela estava melhor do que antes, porém infelizmente o motorista não ouvia suas palavras, continuava chorando horrores e pedindo desculpas a um corpo sem mais vivacidade.

Bruna pôs uma de suas mãos sobre o ombro do motorista, que sem sentir o toque continuou se culpando pelo que houve. Bruna, gradecendo ao homem que a não escutava mais, virou-se e foi juntar suas mãos junto com as de Lívia, que já a esperava três passos a frente.

Anna Lua
Enviado por Anna Lua em 17/01/2017
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