Coisas Que Só Acontecem Comigo - XXXII. Personal dog
Todos os dias, pontualmente às 5h abro o portão para colocar comida aos pássaros. Espalho xerém de milho por minha calçada e logo começam a chegar de todos os lados rolinhas, bem-te-vis, pardais para fazerem uma “boquinha livre” ou biquinho livre. Parece que nossos relógios estão sincronizados com perfeição tal, que nem parecem ser do Paraguai. Às 5h30m é o momento em que passa uma moça de calça leg, ténis, cabelos amarrados tipo rabo de cavalo, blusa clara, conduzindo de cinco a seis correntes finas, no final de cada corrente uma coleira e em cada coleira um cão de raça variada. Ora ela puxa-os, ora é puxada por esses. Não são violentos e pela quantidade acho que se comportam muito bem.
Por essa hora, eu também já sai com meu cachorro Shakespeare (srd) e estou na minha última atividade antes de ir para o trabalho.
Ontem, resolvi puxar conversa, porque no meu senso, ela estava jogando um pouquinho de charme pra cima de mim.
- Bom dia, disse-lhe eu.
- Bom dia! Respondeu arrastando um pouco a voz.
- Você deve gostar muito de cães, essa matilha é sua?
- Não! Eu sou personal dog.
- Annn!? Você é mesmo o quê?
- P e r s o n a l d o g! Respondera.
Eu jamais tinha ouvido falar em tal atividade e quis ocultar minha ignorância. A moça conduzia uma bolsa transversa do lado direito com a alça sobre o ombro esquerdo.
- Você tem outra corrente e coleira na bolsa?
- Tenho, mas é pequena pra você. Disse encerrando o papo.
Moça muito educada essa! Eu só desejava saber se ela ainda aceitaria meu cachorro como cliente.
Aracaju-Sergipe, 10 / 10/ 2017