TEM MAS TÁ FALTANDO

Era domingo pela manhã o sol já ia alto quando Quirino entrou na vila puxando o seu burro carregado com 3 cachos de banana. Ia vender na feirinha. Ao passar em frente a quitanda do seu Cornélio ele ouve alguém gritar.

− Ói... cumpadi Quirino, ocê puraqui siô?

− Vim vendê umas banana cumpadi Frorenço... a crise chegô lá no sítio tamém.

− Pois é siô eu só lhe via puraqui nos tempos de eleição.

− Oia cumpade Frô, nem me fale nesses tar, o qui nós tamos viveno é tudo curpa desses pulítico safado.

− Cumpadi, mas eu vi na televisão, num programa desses aí que passa a boca da noite... um cabra desses grande aí falano, que é pra gente votá pra fazê valê nossos direito. Só num intendo pruquê a gente vai lá e vota nos marditos e nunca tem direito de nada siô!

− Siô isso é miguelagem pra nos inrolar. Agora mermo nessa eleição que acabou de passar. Passou um sujeito lá no sítio pedino voto, dizeno pra nós votar nele que ele quiria ser o nosso representante em brasilha. O povo tudo lá das redondeza votô nele, prumodequê eu saí pedindo voto pra ele. O disgramado se elegeu e nunca vortô lá pra saber o que a gente pricisa, siô!?

− Cumpade Quirino tome ciência siô... que esse políticos tudo junto, são iguar uma bacia de manga podre.

− Ói cumpadi ocê me adiscurpe mas eu num intendi onde ocê qué chegá.

− O que eu quis dizer cumpadi é que se ocê fechar os olho e meter a mão lá em brasilha, o que ocê puxar é ladrão!

− Ué cumpadi mar deve de ter pelo menos um puliticuzinho honesto, pur lá siô.

− De ter tem cumpadi... mas tá fartando...

Os dois caíram na gargalha.

Depois de dar uma cusparada no chão Quirirno falou:

− Deixa eu amarrar meu burro naquele pé de pau ali cumpadi, prumode nós entrar e tumar uma, pruqê do jeito que a coisa vai ou ocê bebe ou ocê chora.

− Intonse cumpadi tira o peso do lombo do bicho, siô. Ele não tem curpa de nós votá errado, nem das burrada que os políticos faz em brasilha.

Francyo Dias