QUATRO SOLTEIRÕES E QUATRO JARGÕES

Lá na encosta do morro das Arrudas, bem no coração do Médio Jequitinhonha, viviam quatro matutos numa casa grande, onde foram criados e tornaram-se adultos.

Com a morte súbita do pai Horácio e com o óbito da mãe Francelina pouco tempo depois, os quatro marmanjos acabaram se adaptando naquele bucólico sertão e de lá nunca mais saíram.

Seu Firmino era um negro forte, inteligente, disponível e irmão de seu Antonino.

Antonino era gordo, cor de jambo, calvo e taludo, corajoso e com muita inciativa.

O terceiro era Umbelino, mulato forte, magro, ignorante e preguiçoso.

Passava os dias empurrando os trabalhos do sítio com a barriga.

E o caçula, Zeferino, esse era barbudo, bonitão e sem juízo.

Trabalhava quando queria e se pegasse no pé dele, partia logo para o ringue.

Seu Firmino tinha o vício de sempre dizer: “Será?”

Seu Antonino não tinha como confundir: “É ou não é?”

Umbelino justificava tudo dizendo: “E eu então!”

E o caçula Zeferino se saía pela tangente: “É um tanto mais uma quantia.”

Num fim de tarde, naquele período do lusco fusco, chegou à residência do quarteto, seu Miguel lá da ponte seca, trazendo a notícia que dona Filomena, mulher influente no povoado, tinha falecido repentinamente.

Eles convidaram seu Miguel para um café, afinal a velha já tinha morrido mesmo!

Para que tanta pressa!

No bate papo ao redor do bule de café esmaltado de cor verde, no fogãozão de lenha, seu Miguel questionou:

- Quantos anos será que dona Filomena tinha não?

Zeferino sem titubear foi dizendo: - Um tanto mais uma quantia.

- tinha que ser você né Zeferino, respondeu seu Miguel. Pois eu penso que ela já tinha uns oitenta anos.

Seu Firmino, pensativo foi se manifestando: - será?

Antonino entrou no meio da conversa: - Ela tinha era uns noventa gente é ou não é?

Eu quero viver uns noventa também, replicou seu Miguel.

E Umbelino: E eu então!

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 27/09/2017
Código do texto: T6126472
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