À morte.

Bom dia, Senhora.

Como vai?

A senhora sabe quantas lágrimas me fez derramar?

A senhora tem medido quanto sofrimento já me fez passar?

Será que a senhora tem medo de algo ou alguém?

Por que a senhora não escolhe idade, classe social?

Por que a senhora sempre arruma um espaço?

Sabe, de todo coração, lhe odeio, sim, lhe odeio.

A senhora tomou algo de mim e nem ao menos ficou, só transportou.

Tenho que lhe confessar que a senhora não tem como vencer, a vida ainda consegue ser mais duradoura, para alguns anos, meses, horas ou talvez minutos, mesmo assim a senhora não passa de uma chave na porta, a senhora só abre passagem.

Me desculpe, não lhe conheço, mas, conheço seu poder avassalador. O que vem depois, talvez, seja até bom, mas, os que ficam no antes, lhe odeiam e desprezam.

Nem seu nome citam, na verdade dizem, falece, Deus guardou... e etc.

Em resumo vai chegar o dia de sua partida e a senhora não será mais nada.

Pode até ser seu papel, mas, nessa hora, vai ter o mesmo destino, por que afinal, a vida ainda será bem mais pujante, forte e única.

Sinto em lhe decretar a mesma pena.