MONÓLOGO INOCENTE
 
Pai, tudo bem?
Eu?... Vou vivendo por aqui, com minha mãe, meus avós e minha querida tia Ceci... Mas quero dizer que sua falta é a coisa que mais dói, pai. Não sei ate´quando irei suportar.


Pai, eu não sei se vou conseguir falar tudo que sinto agora. Talvez isso seja demais para mim.
Ontem eu acordei tão contente, tão feliz, meu coração parecia que ia explodir de alegria e emoção. Sabe, eu vi quando você vinha, passou na barraca de sorvete, e mesmo sendo um pouco distante acenou para mim. Entendi que você estava me dizendo que nós íamos tomar aquele sorvete delicioso que eu tanto gosto, sabor baunilha com cobertura de chocolate. Notei, Pai, que você trazia uma sacola com um presente para mim. Apesar de ser "Dia dos Pais", lembrei que eu estava aniversariando justo nessa data. Eu acabei de fazer 7 anos e esse é meu primeiro aniversário longe de Você. Pulei de alegria, meu querido, mas o pior estava por vir. Descobri que eu havia sonhado. Logo a ficha caiu, Pai, e minha felicidade acabou em lágrimas. Senti um vazio tão grande, tão grande, que saí correndo para a casa de Vovô e caí nos braços de tia Ceci. Aquela hora, Mamãe já havia saído para o trabalho.

Ah, paizinho querido, as nossas brincadeiras... como eu sinto falta! A Mamãe nem gosta muito de brincar, mas também está sempre ocupada cuidando de atender suas clientes no Salão de Beleza.

Outro dia saí com ela e fui ver o Circo; sim aquele que voltou mais uma vez para nossa cidade. Durante as apresentações do Palhaço Pangaré, eu nem consegui me divertir, lembrando de você me segurando no colo, há um ano atrás, meu Pai querido! Mamãe se chateou um pouco comigo e retornamos antes do fim do espetáculo.

Pai, você sabe que eu amo muito a Mamãe, mas sabe também que Você é mais paciente comigo!
Eu não sei o que houve com Você. Não sei se algum dia irei saber a verdade, mas eu sei também que nunca irei entender essa saudade, essa distância, nem o motivo pelo qual roubaram Você de mim!

O seu presente do "Dia dos Pais", está bem guardado. Tomara que não demore muito, o dia que Você irá chegar, entrar por aquela porta, cantarolando como sempre fazia. Não vejo a hora, Pai, de poder pular no seu pescoço, lhe dar muitos beijos e lhe abraçar fortemente, sentindo sua barba em meu queixo, para juntos darmos boas gargalhadas!
Sabe, de vez em quando eu vejo a Mamãe soluçando baixinho, principalmente nos dias em que ela vai sair para te visitar. Nesses momentos eu sofro, saio em silêncio para ela não perceber e quase sempre choro escondido em meu quarto.
Fica em paz, meu amor. Se cuida por Nós, que te amamos tanto!
Vou terminar, meu querido, já está ficando tarde, é quase hora de dormir.
Sua bênção, meu Pai! 
Muitos beijos! E nunca esqueça que Eu, todas as noites oro por Você e te amo muito!!!!
Seu filho amado:
Gustavo


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Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 17/08/2017
Reeditado em 11/08/2018
Código do texto: T6086204
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