Lembrança de infância
Lembranças da infância
Meu caro irmão Assis Silva, faz tempo que não te escrevo, não é verdade? devo confessar que aconteceram tantas coisas em nossas vidas que não sei nem por onde começar.
Desde o dia em que a vida teimou em nos separar do aconchego de nossa casa paterna, o mundo deu tantas voltas que as vezes me vi tonto, atordoado, sem direção e foi até difícil permanecer de pé.
No tocante assunto de vida, queria compartilhar com você algumas lembranças de nossa infância no interior, junto a nossos Pais. Creio que deve lembrar da roça de nosso pai (Antonio), lembra? Onde se plantava de tudo um pouco: quiabo, macaxeira, milho, feijão, arroz, e a melhor dentre todas as iguarias; a melancia.
Bem me lembro de um gosto bem peculiar seu, o de todo fim de tarde quando o sol ia beijando o horizonte com seus útlimos raios de luz, tomava consigo um saco com farinha de mandioca , uma faca e uma colher, era tudo que precisava para ir em direção a plantação de nosso pai. Você amava comer melancia. Aquelas tinham sempre um gosto diferenciado das outras que eram vendidas nos supermercados de nosso interior. Elas tinham um gosto todo especial e você amava o sabor do fruto tirado direto da terra, cercado por todos os lados com a natureza exuberante, a cada “bocada” sentia o sabor de amor com que os frutos eram plantados. E bem sei que não existe nada melhor que isso, o gosto de um trabalho feito com carinho e amor. Pois este era o jeito que nosso pai fazia suas tarefas diárias.
Todas essas lembranças me encheram os olhos de lágrimas, a boca de sabor e o coração de saudade.
Abraço fraterno de seu irmão Renato Silva.
Lhe escreverei em breve!
Igarapé Grande, 19 de julho de 2017.